BIDI - Parte 6 - Q/R - 18 de Outubro de
2017
Mensagem de 18 de outubro de 2017 (publicada em 03 de novembro)Origem francesa – recebida do site Les Transformations
Áudio da Leitura da Mensagem em Português - por Noemia
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Bem, Bidi está convosco.
Instalemos o silêncio alguns minutos.
… Silêncio…
Bem, nós vamos poder
retomar as nossas trocas. Quem tem a palavra?
Questão: Bom dia Bidi. Não
há nenhuma questão em particular mas é com reconhecimento que eu acolho, se
tiver alguma coisa a dizer-me.
Bem, eu constato que tu te
rendeste à evidência do que tu és. Assim, portanto, a testemunha que tu és vê,
com cada vez mais acuidade, o que pode ainda restar ver nos fragmentos de
histórias recentes, e tu constatas, além disso, que existem cada vez menos
elementos e acontecimentos dessa história, presente ou passada, que ainda podem
perturbar o que quer que seja desse testemunho. Há portanto uma forma de
estabilidade que te conduz naturalmente, e de forma cada vez mais espontânea,
sem esforço, sem vontade e sem desejo, a não mais ser afetado por aquilo que
ainda te podia afetar, vindo do teu corpo ou da história, até há pouco tempo.
Tu esperavas, talvez, qualquer coisa mais espetacular ou mais decorada mas não,
é a vacuidade, o Silêncio, onde não há necessidade de mais nada. Não fiques
desapontada por seres passada por aquele ou aquela que procuram ver,
compreender, viver as experiências, por esse ou essa que se deixam viver pela
vida.
Precisas, a partir de
agora, de simplesmente te colocares nessa postura de acolhimento, quaisquer que
sejam as circunstâncias, e não unicamente no momento em que estás tranquilo e
vazio e só. A testemunha está presente a cada instante. É uma atitude do teu mental,
do teu personagem, que se retifica profundamente e que te permite descobrir o
que está além de toda a experiência, mesmo de todo o contacto, eu diria, com
outra coisa além do essencial. Não tens mesmo necessidade de construir
histórias intermediárias, nem mesmo de receber outras compreensões ou outras
explicações; para cada um, como para ti, é essencial.
Eu diria que a Paz, e em
breve a Alegria, é o elemento mais importante, porque cada vez que isso é
vivido, e é cada vez mais frequente, tu constatas que ele deriva ainda mais do
apaziguamento, da tranquilidade. Mesmo o corpo, através da sua medida normal,
não te afeta mais. Assim, as virtudes
do Silêncio, não somente das palavras mas sobretudo da própria consciência, é
verificada como sendo mais rentável para a tua vida. Tu ilustras na perfeição
que a passagem de um para o outro se pode fazer independentemente das
experiências, das energias ou das vibrações.
Resumindo, eu diria que
tudo é mais leve, sereno e pacífico. Não esperes nada de preciso relativamente
à Alegria, ou seja, não coloques distancia entre um desejo, entre o que já foi
vivido e que está, eu lembro-te, no outro lado da sala - a Paz, e do outro lado
a Alegria - , mas não projetes nada sobre o que poderá ser essa Alegria porque
ela não corresponde a nada de conhecido. Contenta-te em te repousares na
testemunha e na Paz, ou no apaziguamento que daí resulta. Tudo o resto, a
partir de agora, acontece ao seu ritmo e é natural. E como tu constatas, isso não depende
unicamente de um estado prévio, de uma curiosidade ou de uma interrogação. Como para cada um é a Evidência que substitui
a explicação, são os resultados que substituem a compreensão. Assim, o
apaziguamento te conduzirá também, naturalmente, à simplicidade, onde não há
lugar para o mental nem para qualquer referência conhecida.
Eu não tenho mais nada para
te dizer a não ser constatar isto. Eu
não tenho mais nada para te especificar, porque tu o constatas por ti mesma, na
tua experiência.
Quem quer falar ?
Questão: Eu não tenho
pergunta e eu agradeço por aquilo que me quiser dizer.
Depois do silêncio, que é
muito mais, falando no teu caso, que as minhas palavras, eu te direi isto: é preciso ousares, sempre mais, ousar deixar
todo o conhecido. Deixa a espontaneidade que se manifesta muitas vezes na tua
vida efémera, ser a mesma no teu interior.
Assim, portanto, reconhecido e vivido o princípio da espontaneidade,
resta-te apenas aceitar essa espontaneidade em todos os teus estados e
experiências. Deixa correr o que acontece, não pares nada. Da mesma maneira
que, a partir de agora, tu começas a ter mais confiança na Vida, nos
inumeráveis setores do teu efémero, é preciso, é necessário, que essa confiança
existe também no seio do invisível.
Com efeito, permanece uma
necessidade de catalogar, não na tua vida efémera mas no que acontece no estado
de testemunha. Não há necessidade de saber ou de definir, quando acontece o que
quer que seja no interior, de se deixar expressar uma qualquer perspicácia, não
uma qualquer interpretação mas
descriminação, entre verdadeiro e falso, bem e mal, mas acolher sem hesitar
tudo o que chega. Tu não arriscas nada.
É da qualidade da tua imutabilidade que acontece a impecabilidade
interior.
No seio da tua Eternidade,
nada do que pode acontecer, pode ser qualificado dessa maneira. Mesmo um
elemento interior que pode parecer não ser da ordem da verdadeira Luz, tem
sempre a sua razão de ser, e é precisamente mantendo essa imutabilidade que não
há mais necessidade de descriminar, de ter uma opinião, mas simplesmente de
deixar atravessar o que a Vida te dá ou te mostras. Nesse momento tu constatarás uma adequação,
um encaixe perfeito, e tu não farás mais diferença no que se vive na tela do
teu mundo e na tela da Verdade. Esta combinação, em sintonia se tu preferires,
te permitirá, desta vez, constatar a implantação da Graça. Tu constatarás também, depois, que a Evidência,
não é uma palavra vã e que a melhor localização só pode ser a do acolhimento
incondicionado e incondicional.
Isto está a caminho. Resta-te apenas perder o hábito que tu tens,
ao nível íntimo, de reproduzir o que tu fazes no exterior, ou seja, a
necessidade de armazenar e classificar. A
classificação faz-se sozinha. O que deve
ser jogado, é jogado sozinho. O que deve
ser guardado, é guardado e mantido sozinho. Tenta, e tu conseguirás sem nenhum
dificuldade, nada arrumar, nada
relacionar com o que a Eternidade e a tua localização te propõem. A limpeza
faz-se por si mesma, não é como na tua casa, a organização faz-se pela
inteligência da Luz. O que não for compreendido no instante presente, ou
suficientemente esclarecido, sê-lo-á no instante presente seguinte.
E não esqueças, além disso
tu constatas, que quando tu estás no lugar da testemunha ou do observador, por
vezes há essa necessidade de explicar, de compreender, que surge, que é natural
também até um certo ponto, mas que te dá a ver que isso é um entrave ao que se
vive. Tu já o compreendeste. Então, deixa as coisas acontecerem, tu não tens
necessidade de as notar para te lembrares.
Portanto, deixa a vida fluir, não a congeles em caixas ou em
escritos. O que se elimina, elimina-se,
o que deve permanecer, permanecerá. Não é um problema de memória, como com as
coisas vulgares, a triagem faz-se sozinha.
O que deve permanecer, permanecerá, o que deve aparecer e desaparecer,
qualquer que seja a sua importância no momento, desaparecerá.
Resumindo, não serve para
nada amontoar, classificar, organizar, mas estar sempre vazio, novo e pronto
para o instante presente. É
precisamente, eu diria, um hábito do efémero que se transpôs para a testemunha,
mas que não tem nenhum interesse e nenhuma vantagem. Sobretudo neste estado de testemunha, guarda
na tua mente que quanto mais preguiçoso fores mais verdadeiro és, exatamente o
inverso no efémero. Aqui é a Evidência é
a facilidade. Se tu estás ocupado no Acolhimento enquanto testemunha, tu não te
podes servir do que tu utilizas no teu quotidiano. Deixa as coisas ordenarem-se, resolverem-se, articularem-se
por si mesmas. O que tu não vês, de
momento, enquanto testemunha, está inscrito na testemunha. Revelar-se-á, mostrar-se-á, se for
necessário. Não te sobrecarregues com
nada de supérfluo. Tu já o fazes muitas vezes.
Eu peço-te simplesmente
para veres que nos casos em que este reflexo surge, de classificar, de triar,
de organizar, o que resulta daí faz com que a tranquilidade, ao retornar ao
seio do efémero mais quotidiano, não seja tão tranquila como nos momentos em
que tu te deixas viver sem querer dirigir, triar, organizar, emprega as
palavras que quiseres.
Quem quer falar?
Questão: Eu não tenho
questões mas eu escuto, eu acolho na Alegria, no meu coração, o que tu tens
para me dizer.
No teu caso, eu quero
apresentar-te as coisas assim. No momento há uma espécie de balança. Imagina
uma balança com os seus dois pratos; se um desce o outro sobe. No que vocês nomearam este último face a
face, na tua posição foi-te dado a ver isso.
Nos seus movimentos, parece-te que os teus pratos não podem estar
equilibrados. É evidente. Há um que subirá sempre mais e outro que, quando ele
tiver parado de descer, não existirá mais. Qualquer que seja a tua experiência,
que é real, tanto interior como exterior, será desejável que tu não te
interrogues sobre estes movimentos. Eles
participam, tanto um como o outro, no equilíbrio final e definitivo.
É exatamente para ti que é
útil, esta espécie de oscilação que contribui, portanto, para a Paz e para a
imutabilidade. É uma regulação que se
faz e não um desequilíbrio. Este ajustamento extremamente fino que a vida te
joga, mesmo que seja menos frequente, mas por vezes mais amplo, não deixa
dúvida nenhuma quanto à finalidade. Contenta-te, não em acolher, tu já o fazes, mas em aquiescer a este
movimento. Ele é para ti a Vida que te
conduz à imobilidade.
Isto quer dizer que na tua
experiência não é a imobilidade que é descoberta mas é a experiência do
movimento desse balanço, de qualquer modo, que cria o equilíbrio, que não é
vivido sempre como um equilíbrio - no momento. Especialmente porque, como tu o
constatas, desde há muitos meses, isso te perturba cada vez menos. O que possa dizer ou interrogar-se, por
vezes, o teu personagem, ele faz emergir, assim que tu o vives, um sentimento
de maior disponibilidade e portanto de escuta, não de histórias, mas de escuta
da Vida. A iluminação, mesmo que te pareça inconstante ou insuficiente, pelas
suas oscilações, contribuiu para tornar os acontecimentos a viver, qualquer que
seja a sua importância ao nível da tua vida, não apenas com retrospetiva mas
sobretudo com mais leveza, quaisquer que sejam, por vezes, alguns elementos
salientes que poderiam fazer-te pensar o
inverso. Não é nada. Tu o constatas
facilmente nos instantes que se seguem a este género de interrogação.
No teu caso, também, a
localização da testemunha, quaisquer que sejam esses famosos movimentos,
preenche-te, à tua maneira, de uma certeza inabalável, da tua eternidade e da
tua natureza. Não te ocupes com aquilo
que, por vezes, te pode dar a impressão de estar encalhado ou resistente, o
simples facto de observar este movimento livra-te e permite-te evitar
permanecer congelada no que te parece preso. Observa, simplesmente, e deixa
passar. Eu falo, aqui, de mecanismos íntimos para viver ao nível da testemunha
ou do observador. Tu sabes bem que na vida ordinária, de todos os dias, há
momentos em que isso não pode ser possível, quando uma ação te é pedida, mas
isso é, de facto, possível mesmo ao ler, mesmo ao olhar uma tela, mesmo ao
discutir.
Quem quer falar ?
Questão: Eu não tenho
nenhuma questão particular para lhe colocar mas acolho com Alegria o que tiver
para me dizer.
Então, permite-me, antes de
responder, colocar-te também uma simples questão, e sê espontânea na resposta:
quem és tu?
Questão: Eu não sei.
E tu estás contente com a
tua resposta.
Questão: Não, mas eu não
vejo outra coisa para responder.
Então, aqui está o que eu
tenho para te dizer. De uma maneira
geral, e aqui eu não vejo aqui diferença entre o efémero e o Eterno, existe no
ator, mas também no espetador ou na testemunha, uma necessidade, que de
qualquer maneira, tu também não explicas, que poderá corresponder ao que eu
nomearia a necessidade de se ver no outro, ou seja, que inconscientemente, mas
por vezes conscientemente, existe uma necessidade de aprovação. Entende bem que isto não é uma crítica, nem
um erro, mas desde que haja procura de um sentimento, de aprovação, no olhar ou
nas palavras do outro, tu crias em algum lugar uma dependência. Pouco importa
onde ele se situa, é o principio da dependência.
Ser autónomo é, em qualquer
circunstância que seja, o aviso mais importante, a opinião mais importante, não
será nunca definido em relação ao olhar do outro, nem mesmo em relação ao que
pode ser lido. É isso que é a resistência, não no que tu és, nem no efémero nem
no Eterno, mas antes uma estratégia de comunicação, de relação, onde
definitivamente o que está escondido dentro disso, é isso, quer dizer que tu dás
mais créditos, de maneira geral, ao que é aceite, confirmado pelo outro, no
sentido amplo. Há uma necessidade, não
compulsiva mas mesmo assim presente, de verificar, de comparar. É o único
elemento que te faz responder “eu não sei”.
É simplesmente uma forma,
se eu posso dizer, de abordar a relação, a comunicação, onde há uma forma de
vigilância à vida, aos olhares, à opinião, em detrimento de ti. Isto remonta a muito longe mas não vale a
pena ir procurar, a necessidade de aprovação está ainda mais intimamente ligada
à educação, certamente, mas também silenciosamente escondida, com medo de se
enganar, mas também tem, em qualquer lugar, uma relutância ao olhar do outro e,
portanto, isso priva-te em certas ocasiões, não sistematicamente, da Liberdade
e da Autonomia.
Sempre vos foi dito que
neste momento, neste face a face último, nenhum comentário, nenhuma opinião
deve interferir. É preciso ousar estar
sozinho, no Coração do Coração. Mais uma
vez, não interpretes isto como uma necessidade de te fazer ver ou de mostrar,
mas simplesmente uma necessidade que não tem nada a ver mas que tu não
controlas. Aqui, também é um
hábito. Não há nada para comparar, e
nada do que é para viver, enquanto testemunha, pode ou deve ser contrariado ou
pesado pelo olhar ou pela opinião do
outro. É cada um consigo.
E lembra-te que não há nem
competição, nem superioridade, nem inferioridade, e que tudo isso só depende
definitivamente da localização do teu ponto de vista. É, se tu preferires, é como se o espetador, a
testemunha, que olha o ator procurasse através das reações dos outros atores
modificar o estado da testemunha ou do espetador. Deixa desenrolar-se, sem à priori e sem
procurar nem olhar nem opinião. O que
não impede de mudar o olhar ou as opiniões, mas não faças disso uma ferramenta
que permita calibrar, medir, comparar. Permanece neutra, tanto para ti como
para todos, como para cada experiência e tu sentirás os últimos pesos
evacuarem-se.
No teu caso específico eu
direi que não serve de nada, no momento, que o espetador se afaste muito do
ator, mas no teu caso haveria interesse em que o espetador e o ator, a
testemunha e a personagem, se reunissem em algum lugar. Então, por isso, é muito simples. Aceita que
tudo o que vais jogar no personagem é realmente um jogo. O que eu quero dizer
com isto é que, mesmo quando há uma gravidade, qualquer que seja o
acontecimento, não seja tão ingénuo como a testemunha próxima do ator, ou o
ator próximo da testemunha, entenda isso antes de ver e de viver que não há
mais teatro, nem há mais ator nem observador.
No teu caso, devido a esse
pequeno mecanismo que é uma forma de subjugação ao olhar ou à opinião do outro,
que não é constante, felizmente, tu privas-te a ti mesma da tua liberdade. Isto não quer dizer indiferença ao outro, bem
pelo contrário, já que o outro és tu, isto quer dizer também que todos os
comentários, todas as opiniões não têm nenhum interesse. O instante presente nunca será uma opinião ou
um comentário, é uma visão, dura, clara, precisa, profunda, que não pode ser
acompanhada de opiniões de comentários.
Então, não procures, mesmo
se eu te dei certos elementos ligados à educação, não procures resolver o passado,
porque tu tens, hoje, todas as capacidades para deixares evacuar isso. Não serve de nada, e aqui eu não falo do teu
caso específico mas de uma forma geral, não serve de nada sentir-se dependente
de um comentário ou de um olhar, mesmo iluminado. Vem um momento em que é preciso aceitar essa
solidão, assumi-la plenamente. É um mecanismo da consciência, da Luz. O que foi
nomeado “deixar a Vida viver-te”, é exatamente isto.
Então, não vejam através
das minhas palavras uma montanha para resolver mas simplesmente uma iluminação
que vos deve permitir colocarem-se mais facilmente na porta de saída da
ilusão. Dito de outra forma, no teu
caso: tudo o que tu olhas, olha-te, e
isso pode ser incómodo. Então, o
Acolhimento é um pouco diferente do olhar, é por isso que existem estas
palavras como «ver», «clareza». Não
olhes, sente. Aqui trata-se
verdadeiramente da orientação, se o posso dizer, do olhar ou do ponto de vista.
Quer quem falar, evitando a
frase estereotipada que todos vocês me repetem, hoje, desde o início? Falta
originalidade.
Questão: Obrigado por estar
entre nós, mas eu não tenho questões e eu acolho com grande Alegria o que tem
para me dizer.
Não são as mesmas palavras,
há a palavra «Alegria» a mais. Não se copiem, sejam originais nas vossas
palavras.
Eu faço-te uma pergunta:
Quando tu estás na Alegria, sem sujeito e sem objeto, o que sentes tu, na
energia, no vibral e no corpo?
Questão: Bem, eu estou bem.
O que é que tu chamas estar
bem?
Questão: Eu estou em Paz.
O que é que é entendido,
para além do que resulta disso, quem é a Paz?
Mas na Alegria, no facto de estar em paz, sentes uma necessidade,
qualquer que seja, ou, por contrário, tudo parece óbvio?
Questão: Não, eu não tenho necessidade.
Então, o que eu te posso dizer é cada vez mais, o
facto de estar bem, na Alegria, em Paz, não poderá mais ser alterado. Desde que
haja um acontecimento na tela da tua vida que possa parecer não ser agradável,
qualquer que seja o conteúdo, será que deixas a mesma Paz, o mesmo sentimento
de bem estar implantar-se, ou será que então te pode parecer perder, realmente ou não, essa Paz?
Questão: Não,
eu não perco a Paz.
Então, não tenho mais nada
a dizer-te.
Quem quer falar?
Questão: Eu
vou tentar modificar um pouco. Eu estou
feliz por partilhar este momento com todos mas, apesar de tudo, eu não tenho
questões e eu escuto-o se me quiser falar de mim ou ...
Falar-te de quê?
Questão: Eu
acolho as suas palavras. Obrigado.
Quem disse
«falar de mim» ?
Questão :
Eu.
Então quem
é ?
Questão: Eu estou aqui…
Mas quem disse «eu»?
Questão: Eu. Foi a pessoa
que disse «eu».
De acordo. Tu, tu
conheces-te.
Questão: Talvez sim. Não muito bem.
Tu conheces a tua pessoa.
Questão: Sim, ela é um
pouco invasiva.
Então, eu não vou falar de
ti. Como queres tu desaparecer,
assim? Para além de ti, da tua forma,
aqui ou algures, de toda a história, tu sabes, e tu já o viveste, que é precisamente
quando o que é invasivo já não tem o direito de falar que tu sabes quem és, mas
isso não és tu. O que tu és não és
tu. Eu direi mesmo que não tem nada a
ver contigo.
Através das poucas palavras
que tu me disseste, mas isto diz respeito a cada um, há um reflexo que é
constante, o facto da ilusão deste mundo criar, de maneira por vezes brilhante,
outras vezes insidiosa, a impressão de que tudo deve ser devolvido à
pessoa. Aqui nós não estamos no olhar
exterior como anteriormente, mas há um reflexo auto-punitivo. Não é uma questão de ter tal tipo de pessoa,
invasiva ou não, é uma questão de aceitar que quando nós te batemos com o
Absoluto, o Último, o Desconhecido que não pode ser conhecido, tu deves aceitar
que, da mesma maneira, agora, o olhar do outro não tem importância nenhuma, que
o teu próprio olhar, sobre ti mesma, não serve para nada. Há uma forma de auto-culpabilização que coloca ainda mais
distância com aquilo que é, no entanto, vivido.
Resumindo, não escutes
nada, não do exterior de ti, de qualquer forma tu só fazes a tua cabeça, mas
não escutes o que te diz a tua cabeça.
Mergulha, e tu sabes fazê-lo, tu viveste-o, no vazio, onde não há mais
nada. Não escutes o que a personagem te
pode sussurrar porque na Eternidade instalada, mesmo a criança interior não tem
mais nada a dizer. Como eu disse, a
testemunha, o observador, está à disposição de cada um. A testemunha ou observador, o espetador, não
tem necessidade de conversar com o ator. O espetador não vai dizer ao ator isto ou aquilo, ele olha. Ele ama ou não ama mas ele olha. Tu és o que olha. Há precisamente um défice de escuta, não da
personagem ou do outro, isso tu fazes muito bem, mas da escuta do Silêncio, ou
da criança interior, aquele que nunca pode trazer o mínimo julgamento sobre
qualquer aspeto da tua vida, do teu personagem.
O que quer dizer que aquele que julga a sua pessoa não é mais espetador,
ele é um intruso na cena de teatro, que dificulta o jogo, o espetáculo. A testemunha, o observador está obrigado a
estar no Silêncio para observar, para entender o ator.
Mas isso já se viveu muitas
vezes, não há volta atrás possível. São precisamente estratégias de evitar que
não estão ligadas ao medo nem à falta de amor, mas eu diria que nem sequer são
um hábito. Como chamar isso? É uma forma de formatação, não da educação
mas que é muito mais observada em certas
atividades profissionais, que cria isso.
Então, o que é preciso como solução? Bem, no teu caso, é muito simples. Colocar não só a leveza mas mais, bem mais, a preguiça. Porque é preciso fazer o que tu decidiste
fazer, mas com o «eu não me importo», não há nada de sério. O «eu não me importo» não te impede de fazer
o que tu queres fazer mas torna-o mais maleável, mais óbvio, e aqui não haverá
mais nenhuma invasão da cena de teatro pelo observador.
Eu uso voluntariamente
imagens muito simples para não vos levar mais ao que podia parecer importante
há cinco anos atrás. Mas não estamos
mais nos conceitos, ou na imagem, na metáfora, como fazia o Cristo, é bem mais
importante e impactante para o Espírito.
Isso permite desviar, atravessar o que está na frente do palco, o que
também evita que vocês agarrem conceitos e que guardem a imagem. Então, esta imagem não é uma imagem e não é
um conceito, não é qualquer coisa que tenha sido vista, eu diria que é qualquer
coisa que fala, talvez não à pessoa, e esse não é o meu objetivo, nem o vosso,
mas que fala ao santo dos santos. É isso
que cria o reencontro, que o recria, que o instala.
Quem fala?
Questão: Eu realmente não tenho questões mas eu tenho
uma curiosidade a adicionar. Eu sou,
pelo menos este corpo é “synesthète”...
Como?
Questão: “synesthète”
Isso quer dizer ser
estético de uma forma particular ?
Questão: Não.
As minhas perceções passam pelas cores, pelas sensações, pelos
gostos. É, por vezes, um pouco
invasivo. O que me pode dizer sobre isto
e obrigado pelo esclarecimento geral.
Então, primeiro, eu
gostaria de compreender. Quando tu
pensas, quando tu queres alguma coisa, quando tu escutas música, há cores?
Questão: Sim.
Mas então, felizes os
simples de espírito, isso quer dizer que não existem mais conceitos.
Questão: Isso pode sobrecarregar um pouco a tela
mental.
Mas o mental não é uma
cor. Ou então não compreendi nada. Mas se, quando tu falas de cores, aparecem…
Questão: Sim.
Portanto, se não existem
mais conceitos e são as cores que aparecem e que são vistas, o que te incomoda
é o quê?
Questão: Que isso possa impedir-me de refletir ou de
participar na vida quotidiana.
Portanto, eu resumo. Alguém te fala e tu vês isso em cores.
Questão: Sim.
Se tu respondes tu vês
outras cores.
Questão: Sim.
E o que é que te
incomoda? Há muitas cores?
Questão: Se for muito complicado as cores assumem todo
o sentido.
Mas as cores são o sentido
(significado). Classifica apenas as tuas
cores, como quando há conceitos e ideias, eles são montados, arrumados,
ordenados. No que tu expressas, se eu
entendi bem, o mecanismo do pensamento não é feito de conceitos, de ideias, mas
faz-se através das cores.
Questão: Sim.
Portanto, o que perturba
não são as cores mas a sobreposição ou o excesso de cores. É isso?
Questão: Sim.
Tu tens a possibilidade de
agir sobre o que é visto, ou não?
Questão: Acho que não.
Uma cor que aparece de
acordo com uma palavra que tu dás ou que tu recebes, tu podes organizá-la, ou
não? Parece-te poder estar ativa no que
é visto, sobre essas cores, essas transparências que se encaixam e que se colocam
em lugares diferentes? Porque é espacial?
Questão: Sim.
Bem, o que é que te impede
de repartir o espaço?
Questão: Eu não o sei fazer.
Mas tu só pensaste em
fazê-lo? Olha, as cores claras
transparentes estão em cima, as cores escuras estão em baixo. As diferenças de tom vão do mais claro para o
mais escuro, entre a esquerda e a direita.
Está resolvido.
Questão: Isso parece-me ainda mais complexo.
Em quê é que é mais
complexo, é em 3D?
Questão: Sim, também.
Bem, então, há um à frente
e um atrás. As cores que estão ligadas
portanto, se eu compreendi, à tua perceção e ao teu funcionamento, quer isso
seja para uma música, qualquer coisa que tu emitas ou qualquer coisa que tu
recebas, e tu tens a impressão que está desordenado, que está sobrecarregado. O que cria isso? O que é que te impede de decidir arrumar
essas cores? Tu já tentaste,
apenas? Porque o que tu vives é anterior
ao pensamento, é, eu diria, o mundo dos arquétipos.
Essas cores não são
projeções como nas visões, astrais ou outras, são o mesmo o fundamento do
pensamento. Falta simplesmente uma
arrumação. E não me digas que é
complicado uma vez que nunca o fizeste.
Eu vou dar um exemplo muito simples.
Se, por exemplo, tu pegares nos números de 1 a 10. Eu imagino que o 1
tem uma cor e o dez tem outra cor. Ou o
3, se tu quiseres. Bem, quando tu dizes
3+3=6, o que é que acontece em ti?
Questão: É complicado resumir.
Mas não é resumível porque
isso acontece no espírito e na verdade.
O único problema, em relação a isso, que é um dom, porque vem de ti, tu
não estás poluída pelos conceitos, pelas crenças, tu estás livre em relação a
isso porque são cores. Mas precisas de
arrumar essas cores, mesmo que existam sobreposições, o que deve ser o caso, ou
seja, uma cor vista à transparência através de outra cor. Isso parece-te complicado porque tu nunca
arrumaste. A arrumação é uma convenção,
és tu que decides fazer grupos, conjuntos.
Por exemplo, os dias da semana estão em cima à direita, os números estão
em baixo à esquerda. À frente dos números está a máquina de calcular que vão
pegar nas cores e passá-las por um filtro de cor que corresponde a outra, cujo
resultado é uma outra cor.
Isto quer dizer, isto que
eu te digo, quer isso seja para as notas de música, as matemáticas, para não
importa o quê, o que parece incomodar-te é um privilégio, simplesmente tu não
entendeste que isso deve ser arrumado.
Os conceitos encaixam-se a si mesmos na cabeça através da química, da
eletricidade, antes de estarem presentes na consciência. Os encaixes nos conceitos fazem-se por si
próprios. A sorte que tu tens é que te
basta encontrar um meio de classificar, e tu tens a inteira liberdade para
classificar isso como tu quiseres.
Então, tu vais perceber que não uma cor mas um conjunto de cores, de
localização e de transparência, correspondem sempre à mesma coisa, tu podes
confirmar isso? Quando tu pronuncias o
nome de alguém, são sempre as mesmas cores?
Questão: Sim.
Estamos de acordo. Bem, é a mesma coisa, nunca há excesso de
cores, simplesmente elas não estão arrumadas e organizadas, e isso és tu que
decides, não são os teus neurónios.
Questão: Não me quer ajudar?
Mas classifica por ti
mesma. Quando tu organizas os teus
medicamentos, tu podes fazê-lo por ordem alfabética, por cor, por conteúdo ou
pelo que tu quiseres. O importante, é
encontrares-te. Tu não te podes
encontrar com a impressão da saturação, porque tu não sabes tratar essas cores,
tu deixa-las aparecer e desaparecer segundo o que é dito, entendido, cantado,
memorizado, sem sistema de classificação, portanto, efetivamente isso pode ser
incómodo. Não é complicado. A partir do momento em que existe uma
representação de conceitos, de ideias, de palavras, de notas, dessa forma, é
extremamente fácil organizar isso. Tu
não tens que passar por isso, tu tens que o usar. É como se, como na escola, tu tivesses uma
pequena calculadora, e aqui deram-te uma super calculadora e tu procuras
servir-te da calculadora.
Arruma as tuas cores, não
te posso dizer melhor. Deixa os
arranjos, não ao improviso de acordo com as palavras que fluem, mas a partir do
instante em que uma cor chega, ou uma transparência de cor chega,
arruma-a. Ela não pode desaparecer, tu
sabes, uma vez que o mesmo nome te dá todos os dias a mesma cor, a mesma peça
de música te dará sempre o mesmo conjunto de cores.
Este funcionamento do
pensamento ou dos sentidos são uma vantagem.
De momento tu só tens os inconvenientes, ou seja, a impressão de ser
ultrapassado por uma sobrecarga. Cabe a ti
definir o espaço e o tempo, que também são percebidos desta forma, decidir que
tal grupo de cores está aqui, ou à frente ou atrás, se tu falas em 3D, e tu
constatarás então que tu não terás necessidade de esperar ou de ver as cores,
mas que tu própria criarás. Tu irás
procurar naturalmente, sem procurar, tal grupo ou tal outro grupo, tal conjunto
ou tal outro conjunto.
Entende que, quando alguém
fala de conceitos ou de ideias é incapaz de as localizar, por cores, na sua
cabeça. O processamento dos dados, o processamento da informação, passam por uma
programação no sentido informático, mas se tu deixares as coisas fazerem-se por
si mesmas, efetivamente fica saturado muito rapidamente. Os conceitos arrumam-se por si mesmos. O que tu vês na vez dos conceitos, dá um
processamento de informação, é o exemplo que eu dei, o pensamento é uma
calculadora, as cores são uma super calculadora. Não é um defeito mas isso precisa de uma
organização temporária, espacial e de transparência. Prepara-te para isso e tu não poderás mais
ser incomodada. Tu saberás mesmo juntar
as ideias, os pensamentos, as músicas ou o que quer que seja, em função da
harmonia, e tu saberás onde estão as diferentes transparências, as diferentes
cores e, eventualmente, as diferentes formas.
Porque tu tiveste que entender que as formas podem ser como manchas
quase redondas, mas nem sempre.
Eu compreendo completamente
o que tu queres dizer, porque eu fui confrontado com isso, e é precisamente uma
liberdade, não um obstáculo. A partir do
instante, se tu puderes arrumar até mesmo os números, tu serás um grande
matemático, se tu souberes arrumar as notas, tu serás um grande músico.
Questão: Eu não sei se terei tempo de arrumar tudo
antes do fim.
Mas a arrumação faz-se
sozinha a partir do instante em que tiveres dado a injunção do tipo de
arrumação. É instantânea. Tu não tens que te ocupar com a colocação das
cores em tal ou tal lugar, as formas ou a transparência de tal maneira ou de
uma outra. Tu decides, como quando tu
tens as gavetas de farmácia. Tu decides
que ali tu colocas as compressas, que ali tu colocas os medicamentos, que ali
tu colocas os líquidos. É exatamente a
mesma coisa, depois disso faz-se sozinho, ou seja, a arrumação vai fazer-se
sozinha desde que tu tenhas dado um quadro de arrumação.
Questão: Eu vou tentar. Obrigado.
Também estou admirado por
tu não teres pensado nisto sozinha.
Quando há confusão em casa, tu arrumas.
Quando tu encontras mais objetos, porque há muitos, é preciso colocar as
coisas em ordem. Aqui, por em ordem não
é dirigir cada pensamento, cada palavra, cada número, é propor uma referência,
e eles vão arrumar-se sozinhos. E assim
que tu pensares em resolver uma equação ou em fazer uma peça de música, tu
decides uma tonalidade de cor e uma certa ordem de transparência e as cores chegam
sozinhas. Tu invertes o sentido da
perceção e nesse momento a peça de música é criada. Como achas que funcionaram os maiores
compositores, os maiores matemáticos, os maiores pensadores?
O que te incomoda, tu
descreves perfeitamente, é a impressão de
estar sobrecarregada, que é um pouco caótico. Este modo de perceção é o mais adequado
quando não há mais cérebro nas outras dimensões. É exatamente o que acontece não no
cérebro mas na impressão. Simplesmente a arrumação, a ordem, tu própria
deves determiná-lo, sem isso as coisas chegam-te, tu saturas muito rapidamente,
quer isso seja ao nível dos conceitos, das ideias e dos sons, e tu perdes as
coisas porque elas não estão classificadas.
Mas não há esforço para classificar de cada vez; tu deves dar as regras
de organização da classificação, a classificação faz-se depois, sozinha, mas
não como ela quer, de acordo com as regras.
Tenta isso.
Questão: Eu vou tentar, mas mesmo assim eu duvido de
mim mesma.
Mas enquanto isso for uma
bagunça e não for arrumado, tu só poderás duvidar. Põe ordem nessas cores, nessas
transparências, nessas formas, sem as mover mas dando uma regra de
organização. Tu decides de uma vez por
todas, e as caixas são infinitas. A
repartição espacial quando ela é vista, dá-te inumeráveis possibilidades, elas
são ilimitadas e nunca estão saturadas e nunca estão condicionadas, mas és tu
quem deve determinar a classificação. Eu
especifico sem saber o nome que tu usaste, esthéte não sei quê.
Questão: Sinestete.
Sinestesia.
Bom, pouco importa, é
suficiente arrumar e és tu que decides.
Tu deixaste as cores colocarem-se como elas queriam, estamos de acordo.
Questão: Sim.
Então, arruma a tua cabeça,
isso será muito melhor.
Questão: Obrigado, mais uma vez.
Eu penso que aqueles que
escutam não compreenderam nada. Para a
maior parte de nós, quando nós temos uma ideia, um pensamento, um conceito, de
onde vêm eles? Certamente nós pensamos
em primeiro lugar que eles são secretados pelo cérebro, mas isso são só arranjos
que se situam no que é nomeado o corpo mental ou a aura mental, os dois, que
quando se destacam, aparecem sob a forma de conceitos. Para esta pessoa tudo está colorido com
formas, com espaços particulares. É
preciso arrumar, mais do que arrumar o exterior. Tu não tens que arrumar uma vez que tu
determinaste a ordem da arrumação. Tu
constatarás imediatamente que se tu decidires que em cima, no primeiro plano a
esquerda, está o vermelho, que o violeta, quaisquer que sejam as tonalidades,
tudo o que for da ordem do violeta vai estar em último plano à direita. Mas depois quando as pessoas forem falar e as
cores chegarem, ou se tu escutares a música, elas vão arrumar-se sozinhas, as
tuas cores, mas não ficam à solta. Não
há outra maneira.
É como se tu deixasses,
para aquele que tem ideias e pensamentos, como se tu aceitasses todos os
pensamentos que passam e que hajam cinquenta de cada vez. É incompreensível. Então, aquilo que de momento te parece incómodo vem somente da não classificação, da
não arrumação. Mas a arrumação, tu não a
vais fazer de cada vez, tu sabes muito bem, há milhares de cores que passam
numa frase, dezenas digamos, centenas por vezes, na música; mas assim que tu
tiveres criado a primeira arrumação, o primeiro arranjo, tudo o resto vai
arrumar-se de acordo com o mesmo referencial temporal, espacial e de
transparência. Não pode ser de outra
forma porque isso funciona realmente assim.
É um processo que é o
processo do pensamento ou da perceção, mas a chance que tu tens é que, desde
que haja arrumação, as capacidades memoriais, intelectuais, de criatividade
aumentam dez vezes (decuplicam). E além
disso, eu suponho, e tu vais responder-me, nas experiências ou estados
interiores, quer seja multidimensional, encontrar um povo da natureza ou um
habitante de um dado sistema, é também qualquer coisa que é vista na tua tela interior, mas aqui não há
cor. Podes responder?
Questão: Sim, visto que não há cérebro.
Exatamente. Portanto, o ser que tu vais perceber ou a
forma invisível para os olhos da carne, quando tu a vês, ela não está
acompanhada de cores. O que te prova que
este conjunto de cores não é uma quimera, mesmo que seja próprio de cada um,
mas ele traduz o vibral, ele traduz o que se traduz no seio da Luz vibral autêntica. Falta apenas este elemento. Mas eu não sei qual é a tua idade, mas eu
estou surpreendido que tu não tenhas pensado nisso quando eras jovem.
Questão: Só me dei conta disso há pouco tempo.
De quê?
Questão: Que eu funcionava assim.
Tu queres dizer o quê com
isso? Que apareceu recentemente?
Questão: Não, digamos que era inconsciente.
Ou seja, de alguma maneira
tu não o querias ver porque isso te incomodava no teu funcionamento normal.
Questão: Sim.
Estamos de acordo, então,
arruma-me isso tudo, organiza-o como tu desejares, pouco importa, o que te
parecer o mais adequado, e tu verás os resultados muito, muito rapidamente.
Questão: Obrigado.
Eu também tenho uma questão mais geral.
Bem, isto que eu respondi é
bastante geral, isto vai mudar a tua vida.
Entende que, aquele que não
tem estas cores, espontaneamente, aqui eu não falo de visão ou de terceiro
olho, quando ele vai ver as dimensões, quando ele encontra outros seres, ele
será muito menos preciso que tu. Por
exemplo uma entidade vai ser vista numa forma mutável com contornos, enquanto
tu a vês precisamente. Tu podes analisar
os detalhes, não?
Questão: Sim.
Ai está. Portanto, o que se passa no teu cérebro, na
tua consciência, é um cérebro que não está falsificado, ele é livre dos
condicionamentos, mas é preciso arrumar.
E mais uma vez, a arrumação é totalmente livre, tu organizas como tu
queres, mas é preciso criar. O que eu
quero dizer com isto, e está efetivamente inadaptado a este mundo, é que o teu
cérebro funciona como se ele já estivesse ausente mas como se a tua consciência
estivesse multidimensional, o que explicado o que tu dizias, que o que é visão,
perceção, experiência, do que não é visível neste mundo, é muito mais fino e
preciso, e tu confirmas-te-o. Por
contrário, Isso torna-se confuso aqui.
Quem quer falar?
Questão: Eu quero
testemunhar que tudo o que disse a cada um ressoou em mim, nesta história
terrestre e no que pode chegar no quotidiano. Dito isto, na Alegria e na
Liberdade, na leveza do quotidiano, eu deixo a Vida viver-se e eu não tenho a
perguntar relativamente a isso, somente estar aqui, neste instante, no
Acolhimento do que está aqui.
A última vez que eu vim, eu
terminei com uma frase humorística:
«todos por um, um por todos». Evidentemente que cada um de vós, mesmo que
não seja a sua história, e esse foi o caso no que foi transcrito do que eu
disse quando eu estava incarnado, toda a gente encontra sapato para o seu pé,
mesmo o que pode parecer não te corresponder é esclarecedor. E isso tu testemunhas. É nesse sentido que, de maneira muito lógica,
eu sempre disse que as minhas palavras não podiam falhar porque elas não se
inscreviam em nenhum quadro de referência, em nenhum dogma, em nenhuma cultura,
em nenhuma tradição, é uma palavra libertada de todo o conceito.
Mas eu agradeço-te, é
efetivamente assim que isso funciona.
Mesmo o que eu acabo de dizer sobre o esteta não sei quê, vai encontrar
um espaço em cada um de vós, mesmo que vocês não tenham este modo de perceção. Eu cortei-te?
Questão: Não, eu acolhia-o mesmo no nosso Coração Um,
no que aqui está.
Outros dizeres, outros
testemunhos, outras perguntas?
Questão: Eu coloquei-lhe uma questão ontem, dizendo
que eu queria juntar-me a si.
Eu não estive cá ontem.
Questão: Antes de ontem. Eu não tive a impressão de ter tido a
totalidade da minha resposta, mesmo sabendo muito bem que é a pessoa que a
coloca.
E?
Questão: E eu queria ter um
complemento de informação.
Eu ia dizer que tu não
terás um complemento. Não é informação o
que eu entrego. As minhas palavras não
podem falhar. Se não for no instante,
será no instante seguinte. E como foi
expressado pouco antes, cada um pode encontrar-se em todas as respostas, mesmo
que não vos digam respeito, porque eu não me dirijo a uma diversidade de
pessoas, eu dirijo-me à testemunha, e a testemunha é UM. Há um único espetador, uma única testemunha,
mesmo que a sala esteja cheia de espetadores.
Portanto, Não há
necessidade de complemento. Agora é
preciso, como tu disseste, que o que eu te disse antes de ontem façam o seu
trabalho, a sua alquimia. Não é o
mental, não são os conceitos, é qualquer coisa que toca, não a aparência. Então, eu não me importo que tenhas
compreendido ou não. Deixa trabalhar,
como nos disse a irmã antes. A partir do
instante em que vos parecer não ter compreendido, não ter apreendido, isso quer
dizer que vocês pararam, vocês não deixaram penetrar. As palavras que eu pronunciei há quarenta
anos tem um impacto hoje e, no entanto, aqueles a que eu me dirigia já não
estão aqui, eu não mais. Não estejam com
pressa, deixem o tempo, a ilusão do tempo, fazer o seu trabalho.
Estamos todos tão
habituados a isso, quer seja pelas palavras, quer seja pela energia, a sentir
de imediato, a fazer um comentário de imediato. Como querem vocês que o que eu vos disse através da pessoa e através do
tempo, eu disse-vos, faça o seu trabalho se vocês se agarram a isso. O importante não é compreender, a compreensão
vem depois, o mais importante é o que é vivido no momento. Nós tivemos diversos testemunhos. A compreensão não deve ser anterior à
experiência mas consecutiva à experiência.
Vivam o que vos digo, não se preocupem em compreendê-lo. Porque quando vocês estão no ato de
compreender isso quer dizer que vocês refletem, que vocês vão relacionar as
minhas palavras, ou quaisquer palavras, de qualquer maneira, com a vossa
lógica, a vossa história, a vossa necessidade de juntar as ideias.
Aqui também, deixem as
coisas fazerem-se. O que não compreendem
hoje, será compreendido, não se preocupem com isso. Se vocês soubessem, quando eu estava
incarnado, e mesmo quando eu vim pela primeira vez, o número de irmãos e de irmãs que se salvaram. É semelhante na minha incarnação, todos os
que estavam na certeza da sua espiritualidade, partiram. As minhas palavras não necessitam de uma
compreensão mas de um acolhimento incondicional, como eu vos acolho
incondicionalmente. O resto segue, e geralmente,
agora, muito depressa, mas se vocês se apontarem, de imediato serão obrigados a
fazer meia volta.
Eu não me dirijo aos vossos
conceitos, os vossos conceitos não me interessam, só a vossa experiência é
significativa. E para viver alguma coisa
não há necessidade de conceitos, isso tem necessidade de ser vivido no acolhimento
total. Se vocês colocam, e é igual para
qualquer discussão entre dois seres humanos, vocês estão e nós estamos todos
constantemente a tentar saber o que
vamos responder em vez de acolher a totalidade do que o outro diz, não nas palavras pronunciadas
mas neste mesmo princípio do Acolhimento. Não coloquem o mental à frente, a compreensão à frente, esse é o
divisor, é o diabo. O diabo não está em
lugar nenhum senão na cabeça. Se vocês
quiserem compreender, vocês não o podem viver, é simples.
É o mesmo nas vossas
experiências ou nos vossos estados místicos. Vocês sabem bem que se o mental interfere, de uma forma ou de outra,
isso cessa imediatamente a experiência.
Da mesma forma que nos sonhos vocês têm medos que vos acordam, ou
quedas, ou acontecimentos que vos acordam, isso para o sonho. Vocês não podem viver e compreender ao mesmo
tempo, sobretudo no que diz respeito ao que vocês são.
A compreensão, no sentido
que nós o entendemos, é posterior, ela não está antes. Acolher não é compreender, não é agarrar-se,
não é apropriar-se, é estar numa disposição que nós nomeámos o Acolhimento, que
permite não só encontrar-se mas também compreender o outro para além das
palavras, para além dos conceitos, a fim de ver que é o mesmo coração, que não
há pessoa. Servem-se do compreender para
conduzir um automóvel, do compreender para saber fazer um trabalho. Aqui é preciso compreender mas não para
aquilo que vocês são. É o diabo que
compreende e, além disso, ele manipula a compreensão, muda-a, vira-a.
Estejam disponíveis, não
para compreender mas para entender.
Mesmo se vocês não escutam, mesmo se vocês não compreendem nada,
qualquer coisa que está aqui, no Coração do Coração, no santo dos santos, ele
ouve e compreende. Dê-lhe tempo de se
manifestar, não interfira com a necessidade de compreender, a necessidade de
explicar. A experiência não tem
necessidade de ser compreendida, a prática deste mundo, sim. Tudo deve ser calculado, pesado, organizado,
e é lógico, mas não para o que vocês são, não no Coração do Coração.
Outras coisas para dizer?
Uma última questão antes do
fim do tempo estipulado.
Questão: Há dois dias
disse-me que estava em mim e que eu estava em si. Mas esta manhã, ao passear na natureza,
subitamente todos os irmãos e irmãs aqui presentes se encontraram no meu
coração. O meu coração é todo ouvidos para si, se tiver alguma coisa para me
responder.
Isso são tudo palavras, a
Verdade não precisa de palavras. Nós
estamos efetivamente uns nos outros, mesmo no que vós nomeiam as espécies de
coisas verdes, aqui, os Arcontes. É a
mesma coisa, eles também estão em cada um de nós. Quando nós vos dizemos que vocês são o Todo e
que vocês são tudo, é a pura verdade. Eu
não vos peço que acreditem nisso como um conceito, nem mesmo que o aceitem como
qualquer coisa, mas que o vivam. Foi
isto que aconteceu.
O problema, quando nós
estamos nesse saco de carne, aos três anos, quatro anos, nós somos nomeados,
atribuem-nos um nome, uma identidade, aos olhos dos outros e especialmente dos
pais. Em seguida comparamos, fazemos
estudos, vamos à escola. Mas percebam, a
formação, a educação, são apenas uma formatação na Ilusão. Se disséssemos a uma criança de três anos que
ela é Amor antes de ser uma pessoa, que ela tanto é o seu pai como a sua mãe
mas que ela não é um indivíduo que nós apreciamos por fora, bem, simplesmente
não haveria mais confinamento. Quer seja Hercobulus ou as naves de lata, eles
não poderiam ter criado isso. Mais o
peso dos hábitos. Não acreditem no que
eu vos digo, vivam-no e provem-no, não em conceito. Foi o que aconteceu no que tu experimentaste.
Mas por isso é preciso
esvaziarem-se, não se suprimirem mas esvaziarem-se das ideias de serem uma
pessoa, uma história, um corpo, que eu ainda sei. Vocês identificam o veículo com a Verdade e,
no entanto, hoje, cada vez mais se colocam espontaneamente no observador. Então, claro, vocês podem estar tão cativados
do jogo, pela cena do teatro, mas vocês sabem muito bem que vocês não são o
ator que representa quando vocês saem do teatro. É, portanto, o ponto de vista incutido pelos
pais e a educação que impedem a Verdade.
E isto, isto repete-se o tempo todo, independentemente do elemento
causal. O problema é a identificação com
o corpo, passei a minha vida a dizer isto.
Vocês não são este corpo, vocês estão dentro, presos, mas vocês não vão
levar este corpo ou qualquer história.
Eu acho que respondi à
última questão. Haverá outras?
Questão: Sim.
Então, eu deixo-vos
«pausar» e Bidi diz-vos até muito em breve.
* * *
Tradução: Cristina Marques
Não projetes nada sobre o que poderá ser essa Alegria porque ela não corresponde a nada de conhecido.
ResponderExcluir.........
Deixa correr o que acontece, não pares nada.
.........
Resumindo, não serve para nada amontoar, classificar, organizar, mas estar sempre vazio, novo e pronto para o instante presente.
.........
O que tu és não és tu. Eu direi mesmo que não tem nada a ver contigo.
.........
Não coloquem o mental à frente, a compreensão à frente, esse é o divisor, é o diabo. O diabo não está em lugar nenhum senão na cabeça. Se vocês quiserem compreender, vocês não o podem viver, é simples.
.........
Vocês não podem viver e compreender ao mesmo tempo, sobretudo no que diz respeito ao que vocês são.
.........
Mas por isso é preciso esvaziarem-se, não se suprimirem mas esvaziarem-se das ideias de serem uma pessoa, uma história, um corpo, que eu ainda sei.
Estejam disponíveis, não para compreender mas para entender. Mesmo se vocês não escutam, mesmo se vocês não compreendem nada, qualquer coisa que está aqui, no Coração do Coração, no santo dos santos, ele ouve e compreende. Dê-lhe tempo de se manifestar, não interfira com a necessidade de compreender, a necessidade de explicar. A experiência não tem necessidade de ser compreendida, a prática deste mundo, sim.
ResponderExcluirO problema é a identificação com o corpo
Vocês não são este corpo, vocês estão dentro, presos, mas vocês não vão levar este corpo ou qualquer história.
Grato Cristina
Do meu coração ao coração de todos