BIDI - Parte 2 - 07 de Abril de 2018


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Pois bem, Bidi está convosco e vamos continuar. Há  alguma coisa a exprimir, a testemunhar,  a perguntar? Que isso tenha a ver com o que disse anteriormente ou com qualquer outra coisa, tanto dá.

...Silêncio...

Não é uma questão. Namaskar! (Nota: Saudação indiana de conotação espiritual). É uma piscar de olhos de Amor, só uma brincadeira, em expansão.
Trazidos por um piloto de linha indiano até Paris, enviados para a Bretanha por um amigo mauriciano e, depois, chegados até aqui através deste vosso servidor, tal como prometido em Julho, aqui estão os bidis (risos)! Pelo sim pelo não, trouxe também um isqueiro; disse-me em Julho que não sabia se o corpo de que agora dispunha os aguentaria. Recordo-vos que ele fuma e que o Comendador lhe chamou “O indestrutível” (risos).

Devo assinalar que “indestrutível “ é a nível espiritual, não na matéria (risos). E que, pela vossa parte, todos são destrutíveis (risos), até prova em contrário. Bom, agradeço pelos bidis, mas aqui onde eu estou já não há nada para fumar (risos).

Mais uma razão para aproveitar!

Aliás, não há qualquer orifício para fazer entrar o que quer que seja (risos). A noção de orifício - e não estou a brincar - é específica da 3D. É escusado ficar à espera de orifícios noutras dimensões. Lembro-vos, aliás, de que naquilo a que se chama a 3ª dimensão unificada, os orifícios não têm grande coisa a fazer com as suas funções. Tudo se passa por ondas, por frequências, e não há  contacto físico de forma alguma, da forma como é por vós concebido.

...Deixou de haver tubos.

Exactamente (risos)! Insistiu-se ao longo de todos estes anos numa espécie de aclimatação à forma de Eternidade cujo funcionamento, como é bem sabido, claro, nada tem a ver com o funcionamento dos órgãos tal como os possuímos todos quando estamos encarnados nesse mundo. Um orifício é o quê? É uma comunicação entre o interior e o exterior. É uma porta de entrada. Para os alimentos ou para qualquer outra coisa. Ou de saída, toda a gente sabe. Nas dimensões unificadas tudo está presente e, portanto, nada há a entrar, nada a sair. Há apenas a percepção pura. Tudo aí é transparente. Não há nada a reter, nada a eliminar, em todos os sentidos do termo. Só nas dimensões chamadas mais densas é que este processo existe. A partir do momento em que os sentidos espirituais, como se adivinha aqui mesmo na Terra, estão activos, os sentidos físicos são por eles substituídos.

Aquilo a que foi dado o nome de Estrelas, as doze Estrelas de Maria, mais não são do que potenciais espirituais ligados ao vosso corpo de Eternidade e ao Amor. Todas essas percepções passam por ressonância e não por penetração ao nível daquilo a que aqui mesmo se chama Estrelas. Alguns nomes foram-vos dados nessa época, seja na linguagem originária e original seja na vossa própria língua. É nesse sentido que a aclimatação, sobretudo para aqueles que tiveram encarnações extensivas neste mundo, desde há muito tempo, necessita  - diria - de uma forma de re-aclimatação. Não se passa dum “Tata” a um carro de desporto. Para o caso de se desconhecer o que é um “Tata”, é uma marca de carros básicos.

A gente sabe, sim.

Não se passa de qualquer maneira dum a outro. As regras de funcionamento, a fluidez, os reflexos não são os mesmos. As funções também não são as mesmas. O que tem de ser feito é uma aclimatação. Por isso é que vos disse que podia passar horas e horas a descrever o corpo de Eternidade sem que isso vos servisse de nada. Do mesmo modo que, neste mundo, no Ocidente ou no mundo moderno, vamos dizer, foi perdida a Maestria, quer dizer que fomos obrigados a abrir, a ir cada vez mais longe na análise, à espera de compreender, mas as coisas mantêm-se a  um nível sumário, a um nível inalterado. Nos outros planos não há nada a regulamentar, nada a controlar, nada a prever. E aí é que está a grande diferença de funcionamento do corpo carbonado que, efectivamente, necessita dum certo número de entradas e saídas.

Nas dimensões ditas para lá dos mundos carbonados, quando a consciência opera, para já, ela não deixa de ser o que é. A lembrança e o potencial vibrante da Eternidade e do Absoluto estão consciencializados e presentes e as trocas não se fazem por penetração ou excreção; fazem-se apenas por ressonância e transparência. É por demais evidente que, pelo hábito de estar numa forma - física ou astral – nada muda, pois que se sabe que, quando se morria, no passado, se ficava preso a nível do astral, logo, num corpo astral e que, cada vez que se encarnava, se recuperava a bagagem, mesmo sem falar de karma.

Isso não pode existir nos jogos da consciência livre uma vez que sois todas as  formas, sem nenhuma excepção. E mesmo jogando o jogo da dimensão em que estais - que é livre -, não sois afectados nem transformados. Brincais como uma criança brinca, ponto final. Ora, neste mundo, quem é que me pode dizer que brinca, tendo em conta as carências, as exigências do saco de carne, a necessidade de ar, de alimentos, de afectos, de relações? Nada disso pode existir noutro lugar a não ser no carbono. E é bom lembrar que, na hora actual – e repeti-o nestas novas conversas -, o hábito é uma coisa terrível. E aliás, já vos falámos, uns e outros, sobre os hábitos comportamentais. Esses hábitos comportamentais provêm directamente  do aprisionamento e dos mecanismos de  acção-reacção deste mundo. A acção-reacção não tem qualquer significado a não ser aqui. Tudo se faz naturalmente, do mesmo modo que, hoje, pela graça do Cubo Metatrónico e da Ressurreição, se começa a conceber e a viver o desaparecimento - ou o desaparecimento completo - dos hábitos anteriores, dos comportamentos anteriores. Tornou-se-vos natural, digamos, a Eternidade, a Consciência Nua e o vosso Corpo de Eternidade que, por si, nunca morreu, que não morrerá nunca, e que estava preso no Sol, recordo-vos.

Quem quer continuar?

Também é possível, naturalmente, como na última vez, testemunhar o que se vive, não por mim mas por aqueles que vos vão ouvir.

Pergunta: Falou-se a certa altura do corpo  de Existência preso no Sol e, numa outra ocasião, de reconstituição do corpo de Existência.

É a mesma coisa. A vossa perspectiva não vos permite compreender que há um corpo, que este corpo foi libertado e que ele se re-sintetiza aqui. Mas recordo que, independentemente das especificidades da dimensão na qual desempenhais o vosso papel, excepto neste mundo, claro, a vossa forma é móvel. Ela também é desmultiplicável ao infinito. O facto de terem sido libertados os corpos de Eternidade através da libertação do Sol, há muito tempo, quer dizer, em 2009, não permitiu, como vos disse o Comendador, recuperar a totalidade dos corpos de Eternidade, mas a Matriz Crística foi libertada também; daí a re-síntese, de forma idêntica, ou a descida do corpo de Eternidade. O resultado é exactamente o mesmo.

Mas não se pode raciocinar de maneira linear como se faz neste mundo, quando se diz que não se compreende porque é que o corpo de Eternidade que está presente, que foi libertado, desce, e porque é que, noutros casos, não está presente e se re-sintetiza.

Mas dado ser uma matriz, o corpo de Eternidade está inscrito na nova Matriz Crística. E, da mesma forma que existe uma só consciência, existe, em definitivo, um só corpo de Eternidade, uma só Fonte; e tudo o que é visto nos outros mundos não passa de jogos da consciência. Mas não há indivíduos no sentido que se imagina, presos num corpo, uma vez que vos falo hoje, sem parar, da Consciência Nua; e foi a a abertura do Coração, a abertura do Canal Mariano, das Coroas que permitiu esta re-síntese. Mas não é preciso ter o mesmo, o que vos foi tirado ou o que foi deixado no Sol.

Que isso seja uma re-síntese ou uma descida do corpo de Eternidade não faz qualquer diferença porque não se está localizado nas outras dimensões. Cabe-vos um enquadramento de jogo e é tudo. E tendo o hábito de encarnações, compreender ou sequer imaginar o próprio sentido das minhas palavras enquanto isso não  tiver sido vivido, está fora de causa. Isso é apanágio da Consciência Nua porque, nesse momento, mesmo conservando a forma, é possível acolher qualquer forma na sua própria forma e vivê-la através do que é sentido, através da consciência, através da percepção do corpo do outro. Mas não se trata nem da alma nem do Espírito, é o corpo de Eternidade que acolhes em ti que revela o outro.

Logo, quanto ao corpo de Eternidade, de acordo com vosso ponto de vista, há um número infinito, correspondendo, no mínimo, no que respeita a este mundo, ao número de humanos-almas presentes na Terra; são biliões. Mas tendo todos saído do mesmo molde, todos são idênticos. E pode-se ter a impressão, na dimensão em que estais, de ver uma multidão. Mas, por detrás desta aparência, só há um, da mesma forma que há uma única consciência. Uma consciência individual própria não existe, como se poderia acreditar. É uma concepção que está ligada a uma vivência no seio do aprisionamento. Mas quando se é livre, e depois de a ilusão estar totalmente terminada, nada vos limitará. Sendo  o Absoluto ou habitando um veículo de Eternidade, o vosso veículo de Eternidade não vos pertence. É vosso para vos veicular. De forma semelhante, o saco de carne não é o vosso Eu. O vosso Corpo de Eternidade é um veículo no seio dos Mundos Livres para quando se quer jogar com a consciência. Mas não vale a pena tentar reflectir sobre o assunto  porque não existe, qualquer que seja a tradição, nenhuma palavra, nenhuma expressão que possa explicá-lo, uma vez que, devido às actuais circunstâncias na Terra, se entrou  num processo em que as duas realidades por um lado se sobrepõem e em que, por outro lado, a Eternidade ocupa todo o espaço e todos os tempos. O Reconhecimento não se faz reconhecendo o vosso corpo de Eternidade mas reconhecendo-vos aqui, no centro do peito, antes de qualquer jogo da consciência. Estais, repito, na origem da consciência da Vida e do  Amor.

Aqui neste mundo poder-se-ia falar dum pesadelo de individualidade mas nos outros mundos a noção de indivíduos isolados, desconectados e separados não pode existir. Comungais logo à partida para lá do tempo - portanto, no próprio instante, qualquer que seja o lugar do espaço - com todas as dimensões, com o Absoluto que sois,  com a Matriz Crística original. Mas para nós, neste mundo, quando estamos encarnados, é  evidente que o Outro e eu não somos a mesma coisa, uma vez que não há maneira de ver o Coração do Outro.

Em contrapartida, no estado actual da ressurreição, como já expliquei anteriormente e disse outra vez há dois minutos, o que vive a Consciência Nua é capaz de ser qualquer um algures, ou mesmo aqui, neste mundo  e, real e concretamente, é-o. Não é uma visão do espírito, um conceito ou uma ideia, é uma vivência directa da consciência. Evidentemente, a consciência da pessoa não pode sequer conceber tal coisa, nem em sonhos. Ia basear-se em quê, se isso não foi vivido? Por aqui se vê a quantidade de projecções que se fazem, que todos fazemos, quando estamos encarnados.

Aí não se pode projectar nada, não se pode imaginar nada. Apenas se pode experimentar vivendo-o. Depois,  quando a Consciência Nua  estiver instalada, real e definitivamente, haverá essa Respiração do Coração, a Evidência,  a Alegria, a Leveza, o Amor.

Mas sabe-se com pertinência, mesmo conservando este corpo aqui mesmo, nas circunstâncias precisas actuais, que se é, verdadeiramente, o Outro. Não se trata dum conceito filosófico ou duma religião; é uma vivência e essa vivência liberta-vos de qualquer identificação com um corpo ou uma forma, sejam quais forem, até com o vosso corpo de Eternidade. Mas uma vez mais, não há qualquer meio de o compreender ou imaginar.

Em contrapartida, se isso é vivido, então  torna-se evidente por ter sido vivido, mesmo sem se saber como tal se produz . Nas outras dimensões vê-se de imediato porque tudo é visto. Isto foi repetido em múltiplas ocasiões, por mim, por outros: enquanto se acreditar que se é este corpo, esta história, não se é livre, porque se fica voluntariamente sob a influência deste mundo que é, volto a dizer, acção-reacção.

Enquanto que na Ressurreição, evidentemente, a acção-reacção não tem qualquer peso. É substituída pela Evidência da Alegria, do silêncio, da imobilidade, vivendo esta Consciência Nua, havendo, espontaneamente ou de forma activa, em função das ocupações, a capacidade de o viver.

Experienciando isto, já não se pode duvidar de modo algum da Verdade absoluta, porque foi vivido. E é in-de-lé-vel, mesmo que não fique instalado em permanência. Por vezes há um vaivém, flutuações, irregularidades, mas, cada vez mais, a Eternidade passa a ocupar todo o lugar. 

A consciência, aqui mesmo, neste mundo, está de tal modo ligada, formalmente, a este corpo  - como se sabe - que, para a maior parte da humanidade, dos humanos- almas, qualquer que seja o meio, qualquer que seja a religião ou a via dita espiritual, é-se sempre afectado por esses mesmos limites e pela não-vivência da Verdade.

Hoje a verdade não tem de ser procurada, ela veio até vós, está aí. E quando vos dissemos, uns e outros – e o Comendador insistiu muito nisso - a partir do momento em que vos voltais para o Coração, todas as ilusões deste mundo desaparecem. Não propriamente por um passe de mágica mas rapidamente, porque são as circunstâncias colectivas que o permitem no seio dos ciclos cósmicos.

Esta questão, então,  não te serve de nada porque, a partir do momento em que experiencias - não em mediunidade ou em intuição, mas realmente - que o Outro está em ti e que tu estás no Outro, em totalidade, então que concepção ou que ideia pode traduzir isto neste mundo? Mas quando isso é vivido, é in-de-lé-vel e ultrapassa todas as explicações. É a única Verdade.

É claro que há numerosos movimentos espirituais ou mesmo religiões, movimentos que vos vão falar sem parar de Unidade, de Amor... mas que, nas palavras, nos comportamentos, nos gestos, traduzem exactamente o inverso. São pessoas que vivem na cabeça, não no coração, mesmo que reivindiquem o Coração. O Coração não tem de ser reivindicado, é um estado natural. Portanto, enquanto isso tiver de ser reivindicado, quer dizer que não vos encontrais nele. Fora isso nada há a reivindicar, é uma coisa natural, tal como acontece com a vossa radiância de Eternidade que aparece neste mundo e que é detectável, queira-se ou não.

Assim como foi mais ou menos fácil, relativamente fácil, durante todos estes anos, diria nos quatro ou cinco últimos anos, ver as feridas, constatar o efeito da vibração do Amor ou das terapias sobre as memórias, também hoje o que vos resta, para os que não estão nesta última linha temporal definitiva, são apenas os hábitos de funcionamentos, de ideias, de experiências que vos fazem crer que... Mas no que é vivido, não pode haver crenças de qualquer espécie. A vivência da Consciência Nua ou Uma, a vivência do amor incondicional não deixa pairar qualquer dúvida e não deixa, com toda a certeza, colocar  nenhuma questão em relação ao que és.

Podes colocar-te as questões que quiseres neste mundo mas não mistures nisso aquilo que és; de outro modo, colocas logo uma distância. É preciso não esquecer que tanto uns como outros falámos longamente da co-criação consciente e dissemos que nesta etapa do de si para si e do face a face ou de super-posição do efémero e da Eternidade, a consciência seguia o pensamento. Portanto, se o teu pensamento está demasiado condicionado a este mundo, não podes sair do teu campo de coerência do pensamento da pessoa. E aí vais fazer colar as minhas palavras ou certas experiências aos teus  conceitos. É ineluctável e as coisas passam-se assim em todas as áreas deste mundo, mas não no que diz respeito ao Espírito.

Sem contar que, neste mundo, como é sabido, entre o Espírito e o corpo há a alma que, através do aprisionamento, foi atraída pela matéria. Ocorreu depois a reversão da alma, a transmutação da alma e a sua libertação a nível do corpo causal e o aparecimento, ou antes, o reaparecimento do que sois, por intermédio da Matriz Crística, por intermédio do vosso próprio Coração, intimamente e não de forma visível exterior (uma vez mais não serve de nada a pessoa fechar-se); mas trata-se duma renúncia interior à ilusão deste mundo. Existindo atracção por este mundo, existindo a crença numa evolução através da encarnação, nunca seríeis livres sem a ocorrência do Evento colectivo; e sem a Inseminação da Terra, há mais duma geração, por intermédio da radiação de Sirius e da Fonte do Sol, depois (excepto no que diz respeito a um punhado de seres humanos).

Hoje, em relação a esse fenómeno, mesmo que não tenha tocado, até ao momento, a totalidade da humanidade, é fácil verificar o que se desenrola de forma bem visível à vossa volta, tal como em vós próprios. Seria  realmente preciso estar em negação para recusar ver a Evidência. E diria, de algum modo, seguindo a lógica deste mundo, que as estruturas  colectivas nas quais se apoia a humanidade – não falo daquilo a  que o Comendador deu o nome de sistema de controle da mente humana, mas dos hábitos colectivos  - são um factor de aprisionamento que não depende de vós, individualmente, mas que configura a prática colectiva da Terra.

Tal como houve sistemas de predação através das linhas de predação que foram dissolvidas de diferentes maneiras, assim ocorrem convosco os mesmos acontecimentos. Vê-se isso, por exemplo, através das manifestações do humor, do corpo, que surgem brutalmente e que, de igual forma, brutalmente desaparecem. Na realidade, há no processo que se vive na Terra há mais de 30 anos uma aproximação progressiva, regular, com picos de Luz, uma vez que foi preciso, se se pode dizer, imperativamente, que almas em número suficiente  fossem descondicionadas dos hábitos da matéria. Isso está feito há muito tempo. Nesse momento, a efusão do Espírito Santo, o Impessoal, o Coro dos Anjos, a Matriz Crística puderam encarnar-se cada vez mais profundamente na Terra assim como em cada um de vós, mas era a vós que a resposta pertencia.

Então, na fase de vibração, de descoberta, todos estes processos foram por vós vividos, mas agora resta, se quisermos, deixar que se dissolvam, de alguma forma, e que desapareçam, os hábitos colectivos deste mundo. Os hábitos começam a ser vistos a nível individual mas também a nível colectivo. Se se olhar para o que se passa em todos os países do planeta, constata-se que há sectores inteiros da sociedade que despertam, sem mesmo conhecer o desfecho, apenas porque vêem com um pouco mais de clareza. Essa espécie de sonambulismo ou hipnotismo da pessoa está a desaparecer.

Não há nada pior do que uma consciência fechada numa forma. Recorde-se que, para lá dos mundos carbonados, não há almas. O Espírito é consciente e permanente, qualquer que seja  a forma em que cada um representa o seu papel. E isso faz uma grande diferença. Não é possível ganhar hábitos, limitar o que quer que seja, nem ficar confinado seja ao que for. 

Repare-se que a maioria dos irmãos e irmãs humanos condicionam a sua vida, naturalmente,  em função do seu potencial, mas também, indubitavelmente, através do meio em que nascem e crescem. E que a educação consiste em fazer encaixar cada um no mesmo molde de funcionamento: a ter alegrias, ter desgostos, ganhar a vida, fazer filhos, ter ou não responsabilidades, qualquer que seja a sua natureza, no seio do grupo social.

Quando se está em  Alegria e se vive a Verdade em totalidade, isso parece-vos, de facto, completamente absurdo e estéril.

Todos os desejos, sejam desejos de dinheiro, de filhos, de marido ou mulher ou dum tecto, decorrem em definitivo do hábito e da evolução no seio do aprisionamento, mas não da Liberdade porque precisamente quando a Liberdade se vive através da Ressurreição, da Evidência, do silêncio, da imobilidade, o que é que se produz então? A transmutação. Já não é apenas uma vibração, já não são apenas experiências vibrais ou de contactos  de consciência, é completamente diferente e isso conduz a uma outra coisa, quer dizer, ao fim da história, ao fim do sofrimento, ao fim de todas as ilusões, do acreditar estar submetido a um Deus, a uma autoridade, a uma hierarquia. Como é que se pode querer ser autónomo e livre pensando que há uma autoridade, seja qual for  a sua natureza, que nos é exterior? E, todavia, neste mundo encarnado, passamos o tempo a ser confrontados com autoridades: a dos nossos superiores - os pais-, a da sociedade. Tudo é dominação, sem já falar de predação, de ascendência, sem mesmo falar de  manipulação porque o ser humano não pode conhecer em encarnação, e privado do que é, mais do que medo, entrecortado de momentos de alegria que dependem das circunstâncias e não da Verdade.

A flexibilidade que a partir de agora vos assistirá, quaisquer que sejam as vossas dores ou idade, é uma flexibilidade da consciência. Ela permite ver, precisamente, os condicionamentos, os hábitos, as regras da dualidade e perceber que, real e concretamente, isso não tem nada a ver com o que sois em Verdade. Como é que se pode evitar sufocar, como é que pode deixar persistir e ser a Alegria e o Amor que sois se, duma forma ou doutra, este mundo vos  afecta? Isso não significa ser indiferente ou evitar este mundo mas ver através deste mundo, através das formas, através das aparências. Não o que é iluminado pelo Sol  - não vou voltar aos fundamentos de Advaïta Védanta . Este é o exemplo mais característico e o mais elucidativo, a que recorreram todos os mestres de Advaïta Védanta: É de noite, alguém entra num compartimento desconhecido, vê uma coisa enrolada e pensa instantaneamente que é uma cobra. Depois de acender a luz, vê que é uma corda. Trata-se do mesmo objecto, apenas falta a percepção. Não falo do que é sentido, hem? Falo da percepção. Como é que se pode alcançar, viver a Verdade, quando se acredita em qualquer coisa deste mundo? Acredite-se no amor da esposa, do marido, acredite-se em tudo o que diz respeito a este mundo mas não se misture o Espírito ou a alma com esta ilusão.

E hoje, qualquer que seja a vossa linha temporal, qualquer que seja o estrato da vossa ressurreição, ou não, necessariamente tudo isso se vê, se vive, cada um ao seu ritmo, afim de que o peso das hábitos individuais, mas também colectivos, não constitua de modo algum um travão. E à medida que os dias passarem, menos isso será um travão, apesar das aparências e contrariamente às aparências que, como é sabido, se tornarão cada vez mais terríveis para a pessoa, mas não para o Coração.

É preciso estar pronto, como foi dito,  para acolher o desconhecido, o inesperado, a fim de acolher esse inesperado e de não tentar compará-lo a qualquer coisa conhecida. Isso já eu exprimi longamente. A grande vantagem hoje é que há esta Consciência Nua, esta Evidência do Amor absoluto que aí está, presente na Terra, à vossa disposição. Mas, como dizia o Comendador, é preciso largar o frasco dos amendoins para viver o que há a viver. Não se pode, daqui em diante, transigir ou contemporizar. Quanto mais os dias passarem, mais será um ou outro, definitivamente. O que quer dizer que o face a face, o de si para si, se realizou e que, daqui para a frente, a alquimia em que o efémero desaparece ou se afasta, como for melhor, se torna cada vez mais evidente.

Para um número cada vez mais importante de  irmãs e irmãos, trata-se duma ruptura dos hábitos, da própria sociedade, do colectivo humano. Deixou de ser o sistema de controle da mente humana. A maioria das  linhas de predação, como é sabido, há muitos anos que foi limpa.

Nunca se apresentarão condições mais propícias do que as de hoje. Quando digo hoje, falo do Momento presente, porque a Luz aí se encontra, o vosso corpo de Eternidade também e, como a consciência segue o pensamento, ocorrerá aquilo para o qual foram direccionados os pensamentos.  Se eles forem unicamente para o dinheiro, é escusado falar de Liberdade. Se não vão para outra coisa que não seja problemas, sombra, ninguém se poderá dizer Livre. Todos serão libertados, como se sabe, mas continuarão ainda condicionados pela matéria.

Senão, teria sido muito simples, não teria havido que esperar, como vos disseram os Anciãos, um certo número de ciclos, para chegar a romper esta prisão. Teria bastado fornecer o máximo de Luz. Ora, oferecer Luz a alguém que não sabe o que isso é, ou fazer viver o Absoluto a alguém que não o quer, mesmo que isso seja o que ele é, retrai-o ainda mais e fá-lo descer mais ainda nas vibrações da matéria.

Daí  toda esta pedagogia e estratégia, todos esses jogos que se produziram na Terra de há muito tempo para cá para conduzir à Verdadeira Liberdade. A Verdadeira Liberdade é, antes de mais, a Liberdade de consciência. Ora, como é que esta consciência, que não se reconheceu na Luz, pode aceitar desaparecer? Poderá ela aceitar que o que vive nesta forma e neste corpo não é verdadeiro?

Hoje as circunstâncias são muito mais serenas para muitos de vós, seja qual for a vida que  permite a vossa descoberta, apesar da aparência, mais uma vez, de caos que, como sempre dissemos, uns e outros, e sobretudo os Anciãos, iria crescer, de alguma forma, independentemente das contribuições da Luz, das vagas de Luz que se foram derramando e difundindo na Terra há mais de 30 anos para cá.

Sempre vos dissemos que o último passo não podia ser feito senão por vós próprios voltando-vos para o Coração. Mas hoje há também um balanceamento a esse nível. Se a vossa consciência passa a maior parte do tempo voltada para o exterior, para as obrigações deste mundo, em detrimento da Eternidade que vos chama, o que acontece é que isso vai  fazer mal à cabeça, ao humor, às emoções, à vida, ao corpo. A única maneira de não voltar  a sentir dor – falo da dor em geral – passa pelo acto de reconhecimento. E a partir do momento em que o vosso reconhecimento é vivido, tudo o resto se faz por si só porque os hábitos são vistos, porque a testemunha é magnificada.

Já não podeis identificar-vos com a mente mas permanece ainda a identificação  com os hábitos, com a consciência corporal, uma vez que até mesmo o que é sentido energética e vibratoriamente se repercute no corpo, não? Não se pode dizer que isso seja feito na consciência porque, se o impacto de Luz tocasse directamente a consciência, se ficaria imediatamente livre. Ora a liberdade não se impõe, não se decreta no que toca à consciência. É ela própria que deve aceitá-la.

Em contrapartida, tendo em conta a intensidade da Luz, a intensidade de irmãos e irmãs em ressurreição, isso torna-se cada vez mais fácil, quanto mais não seja pelo acto de voltar a consciência, o pensamento, para o Desconhecido, para o Coração, para o Amor. Mas não convém trazer para aí conceitos da vossa vivência, do Amor dito desconhecido, inatingível. Nesse momento a vossa consciência é desviada das preocupações corporais da pessoa ou da sociedade, porque o pensamento está centrado no Inefável, no Desconhecido, na Beatitude. Ora como o pensamento traz consigo a consciência,  a vossa consciência efémera vai ser drenada, canalizada para o Coração; sozinha.

Se se compreender este problema de simples tubagem e de equilíbrio, não são precisas palavras espirituais ou conceitos, mesmo que eu ainda utilize alguns. Se se perceber e viver, realmente, o que significa entrar no Coração, levando o pensamento ou o punho - tanto faz - ao peito, a consciência vai atrás e aí aparece o equilíbrio. Quanto mais tempo se passar no silêncio e na imobilidade, no Acolhimento ou com pensamentos voltados para o Coração, que não conheceis, tanto mais hipóteses há de o viver.

Mas mesmo que se viva a vibração do Coração com a Coroa ascensional passando o tempo a tentar construir alguma coisa no seio deste mundo, é a si próprio que se está a mentir, sobretudo agora, e isso vai tornar-se cada vez mais flagrante a cada dia ou a cada semana, se houver tempo para tal.

Cabe-vos decidir, mas, como disse,  não se pode continuar a pactuar com os dois. Foram dois pela fusão e pelo mecanismo do face a face; isso hoje acabou ou vai acabar para os que se encontram noutras linhas temporais.

É tempo agora, como eu disse, de deixar que a Eternidade preencha todo o espaço. Mas não se pode dizer “Está bem, mas tenho umas coisas para fazer”. Até ao presente, as injunções da Luz mostraram-vos, de há três meses para cá, que podiam literalmente impedir-vos de fazer o que havia a fazer segundo as leis da pessoa ou do social. Dantes faziam-se. E cada vez mais se constatará que nada nas vossas actividades ou afazeres no seio deste mundo, a qualquer nível que seja, se for contrário à Eternidade, poderá ser levado a cabo. Isso quererá dizer, simplesmente, que, na realidade, também nesse caso a Luz foi aceite sem condições, que foi aceite o Sacrifício da vossa pessoa e a Ressurreição, mesmo que ainda não experienciada.

É apenas uma questão de prazo, de enquadramento temporal, como expliquei. Mas cada vez menos se pode continuar a pretender ser o que sois em Verdade e ser, ao mesmo tempo, o que aparentais ser neste mundo. Acabou-se.

Cabe-vos escolher. Não se trata de “ou o medo ou o Amor”, é  a  Alegria e a Leveza Eterna ou o sofrimento deste mundo. Nem mais nem menos. Seja qual for a Alegria experimentada na natureza, com os povos da natureza, ou aqui entre vós ou em família. Mais uma vez, não é uma questão de abandonar mas sim de voltar a consciência e o pensamento para aquilo que se é, mesmo que  não conhecido, mais do que se alimentar agora de Luz, uma vez que os corpos de Eternidade estão presentes.

A partir do momento em que se opera neste mundo, que se é portador da Luz e que, em maior ou menor grau, se está ressuscitado, se constatará que isso já não funciona, porque tal significa também que a Luz não funciona da mesma maneira que este mundo, é sabido. Este mundo é acção-reacção. A Luz é Graça, acção da Graça e estado de Graça. E aquele que está imerso na beatitude do Coração, como explicaram umas certas Estrelas, nada tem a fazer neste mundo. Isso não significa que elas tenham recusado a Vida ou que tenham recusado este mundo mas aperceberam-se da sua ilusão, da sua clausura, viram as suas limitações e deram conta de que, com toda a evidência, quando se vive a Liberdade, é muito fácil escolher, sobretudo nas circunstâncias colectivas actuais. Assim, em breve não haverá para nenhum de vós álibi algum no que toca a qualquer tipo de tarefa ou acção a desenvolver neste mundo a que se dê prioridade em relação à Luz.

Mas será que a vossa prioridade é a Luz e aquilo que sois? Esta prioridade deve tornar-se uma exclusividade, mas não através do esforço, do aumento da vibração, não pela resolução dum qualquer problema ou hábito. Basta que o assunto seja iluminado, que se suba mais e mais nesta Luz, na Verdade e no Amor, na Consciência Nua, e ver-se-á que cada dia se tornará um milagre.

E, nesse momento, apesar da presença do corpo, sereis livres interiormente mas também livres deste mundo, totalmente, mesmo se, algures, a pessoa, por reflexo, possa dizer de si para si: “Mas se eu não tiver um tecto não estou em segurança; se não tiver dinheiro não posso comer”. Mas recordo-vos o que disse Cristo: “Inquieta-se o pássaro com o que comerá amanhã?”, enquanto que nesta sociedade - não apenas no Ocidente mas duma maneira global, salvo para alguns povos - sois obrigados a prever, a ganhar a vida. Atente-se na expressão: ganhar a vida! Mas o que sois já é a Vida. Tudo é falso, sem excepção.

A única Verdade vista de forma individual neste mundo é aquilo que foi vivido na natureza, com os povos da natureza, entre vós. Mas quem pode dizer que vai sentir esse Amor indizível entrando em relação com um chefe de governo ou de estado?

...Silêncio...

Isso ver-se-é com cada vez maior acuidade, de modo a que ninguém possa voltar a dizer, aquando do Apelo de Maria  ou do Evento, caso este sobrevenha antes, que não sabia. Mesmo os que hoje se desviaram da Luz, por serem descrentes, porque não vivenciam nada ou porque apenas acreditam na matéria, esses também hão-de viver, é sabido, no momento do Apelo ou do Evento, o que é a Liberdade do Juramento e da Promessa, tal como hoje se vive. Nesse momento ninguém poderá dizer que não sabia.

A vossa Autonomia e a vossa Liberdade serão, claro, profundamente diferentes de acordo, se assim posso dizer, com o posicionamento da consciência em que a Luz vos encontrará no momento do Evento. E, pelo que vos diz respeito, ainda é tempo de soltar, hem? Não falo do Outro. Não será possível ajudar ninguém no que se refere ao Absoluto, à Verdade absoluta,  à Ressurreição.

Mas uma vez abertas as portas da Ressurreição, podereis por vós próprios acelerar o processo, se assim posso dizer. É uma balança. Quanto tempo é passado na Leveza, na Liberdade e quanto tempo é passado na pessoa? Isto, claro, para lá dos usos e costumes de cada um: lavar-se, comer... Há ainda nos vossos pensamentos algo que não seja Luz? É normal! Mas isso ocupa o espaço todo, compromete o raiar da Luz da Verdade ou não? É que é uma grande diferença!

Claro que a ninguém é pedido que faça como certas Estrelas. Mas, apesar disso, a balança da consciência efémera e da Consciência Eterna mantém a sua validade: ora pende para um lado ora para o outro. E, quanto mais pender para a Eternidade, menos sereis afectados porque, também nesse caso, e uma vez mais, a  Alegria sem objecto e sem sujeito ocupará todo espaço da vossa consciência.

...Silêncio...

Quem quer continuar?


Pergunta: Neste Inverno e nesta Primavera fui fazer ski, mas tive de me esforçar para manter a consciência no que trazia calçado, o que até é desejável. Ou seja, o que é que tinha dificuldade em habitar nas minhas botas? Era o meu corpo de Existência, a minha consciência...

E tu achas que podes fazer ski com o teu corpo de Eternidade, é? (risos).

Tu estás no fazer, no desporto, no lazer... Não há Eternidade nenhuma  nesse momento, pelo contrário. O facto de ela não habitar nos teus pés, como dizes, não é a prova de que envelheceste ou de que tens alguma deficiência, mas de que te afastaste, simplesmente, da tua Eternidade. Isso não quer dizer que não tenhas direito de ir fazer ski, mas faz ski alinhado, depois de ter vivido o que realmente aí se passa. Quer dizer que podes fazer ski mas não  para a pessoa e sua satisfação, mas para permitir, mesmo nesta actividade desportiva ou de lazer - lembra-te disso-,  a Eternidade, a sua persistência, o seu aspecto  indelével que se instala. E, aliás, dás conta disso.

A partir do momento em que te colocas imóvel, em silêncio, sem desejo, a Luz pode surgir. Mas também podes ver chegar a Luz a fazer ski, mas o que é que pões em primeiro lugar: a tua satisfação pessoal ou a satisfação da tua Eternidade? Isso quer dizer que podes muito bem ir fazer ski; não há razões objectivas, desde que a injunção da Luz não to exija, para parar com o que quer que seja. Refiro-me aos pensamentos, seja o que for que esteja a ser feito. Já se sabe há muito tempo que os pensamentos não podem ser parados, apenas se pode deixá-los passar. Mas durante quanto tempo num dia é o vosso pensamento consagrado à Eternidade?

É um balanceamento. Para estares no que trazes calçado, podes muito bem fazer ski dez horas por dia, na condição de que nessas dez horas estejas alinhado, sobretudo nesta fase de Ressurreição. Não é como nos anos anteriores; e isto é válido para tudo: trabalho, relação no casal, relação com os filhos, tudo se transforma. Isto vê-se à vossa volta. Esta transformação aparentemente não vai sempre no bom sentido, mas não pode deixar de ser constatada, de forma cada vez mais abrupta, nas crianças, nos grupos sociais, nas famílias, entre países.

...É verdade, mas eu estava em fusão com a natureza e, ao fazer ski, vivi momentos transcendentes. A verdade é que, apesar de tudo, era preciso estar atento ao calçado...

Bom, tu é que tens de tirar as conclusões. Talvez até seja precisamente o inverso do que acabo de dizer, isto é, que a injunção da Luz já não te permita fazer isso. Mas só tu podes tirar essa conclusão. Lembra-te, contudo, de que a noção de  imobilidade do corpo e o silêncio – não digo 24 sobre 24 horas - é extremamente importante porque, quando o corpo está realmente em repouso (mesmo que haja pensamentos, isso não tem importância, não se trata duma meditação), o que fica em repouso é a  consciência corporal que permite à consciência efémera ceder lugar à consciência de Eternidade. Assim, se estás em movimento, como é que queres alcançar o silêncio e a imobilidade, ao menos do corpo?

Parece-me que, no ski, não há propriamente Imobilidade. Precisas da tua consciência corporal e aquilo que dizes é, possivelmente, a ilustração disso. Não podes estar ao mesmo tempo no calçado, isto é, a fazer esta actividade e a viver a Eternidade, e hoje isso cria, efectivamente, um mal-estar, o que não era o caso nos anos anteriores.

Estou enganado?

...não, mas foi mais difícil este ano...

E não nos anos anteriores...

...menos...

Isso vai verificar-se num número cada vez maior de actividades.

… na natureza é preciso ficar deitado, então...

A natureza é para a gente passear; para captar, para fazer trocas. Na cama, deitado, é para ficar imóvel. Não te pedi para ficares imóvel na natureza!

...não, mas em cima dos skis, sim... (risos).

A natureza participa da aproximação da vossa Eternidade. Aqui e ali, inúmeros encontros na natureza, com os povos da natureza, foram vividos para afinar a vossa relação com o Amor, com a Eternidade, com a vossa Eternidade.

Porque é que, na tua opinião, está prevista uma estase de três dias ? Porque, não havendo Imobilidade total do corpo, a consciência corporal estará, de certeza, presente. Ora já não é a consciência do efémero, tirando os hábitos, que perturba. É a consciência corporal, quer dizer, de uma certa maneira, é o  hábito a um corpo que vos faz sentir atarraxados a esse corpo, identificados com esse corpo. Já disse isto quando estava encarnado. Não há pior obstáculo à Liberdade do que estar identificado com o seu saco de carne. Isso não impede, porém, que ele seja o teu veículo, mas, por vezes, avaria e precisa duma revisão. Hoje, o teu veículo, submetido à Inteligência e à liberdade da Luz – e não se trata duma questão de idade – não pode continuar a  funcionar como dantes.

É tão simples como isso. Isto retoma a tua pergunta ou interrogação, exactamente como eu disse antes. Não é possível de aqui em diante – há uma separação – privilegiar o que é efémero. Não estou a falar de encontros na natureza (penso que no alto das montanhas, onde fazes ski, haverá muitos gnomos, elfos ou outros).

Então, quando dizes « estou na natureza », isso funciona como um álibi. Na realidade, o que procuras é o prazer. A natureza, como já dissemos, é o campo, os cumes, mas não para fazer ski, : é pelas alturas. Mas a partir do momento em que o teu corpo está ocupado com uma actividade de lazer deste género, a consciência de Eternidade não pode estar presente e é esse balanceamento que  vai estar presente na vossa vida, não é possível evitar. Será a mesma coisa tanto nas relações com o cônjuge como com os filhos, com o trabalho, com a família.

É por isso que nestes últimos tempos os Anciãos disseram que se guardasse para si o que se vive. Porque esta transformação e esta ressurreição são vistas do exterior. Mesmo quando as pessoas não são capazes de as ver com os seus próprios olhos, elas sentem-nas. Mas quando se está inscrito na pessoa, e que se olha, para além disso, para um familiar, um filho, um superior hierárquico, um amigo que esteja neste estado de Liberdade, isso é visto, é sentido, mesmo que as energias não sejam perceptíveis ; e é muito desestabilizador. E não estou aqui a falar de aparências, de vestuário ou de discurso; é uma emanação da aura de Eternidade que ocorre espontaneamente.

É lógico, pois, que a Vida vos peça reajustamentos. Na maior parte das vezes ela não vos pede para deixar quem quer que seja ou o que quer que seja, mas antes que se esteja bem lúcido quanto ao que se faz. Isto porque há um processo dinâmico em curso e não podes estar a comparar, por exemplo, com os anos anteriores em que te podias interrogar e dizer « bom, eu envelheci, perdi o equilíbrio, o interesse... ». Não, não se trata de nada disso. Trata-se da conjuntura actual colectiva e individual.

Se houver oportunidade de ficar imóvel, e mais, silencioso, logo se verão os progressos. Mas, ainda outra vez, para lá das injunções da Luz, é da vossa responsabilidade, daqui em diante, gerir, se é que posso dizer, a ocupação do tempo em função daquilo que a Vida vos permite. Estar na reforma é o ideal. Estar em plena actividade também é o ideal. Se há queixas quanto a tratar dos filhos ou a ganhar a vida, é ideal também... para encontrar tempos de imobilidade e de silêncio. Não estou a falar de meditação ou de oração mas de i-mo-bi-li-da-de real e concreta do corpo. No espaço de  meia hora, se não se adormecer, qualquer pessoa, de qualquer idade, é capaz, mesmo sem querer, pela imobilidade e pelo silêncio, de fazer desaparecer a consciência corporal.

Quer isso dizer o quê ? Não quer dizer que se partiu para algures. Quer dizer que, por exemplo, já não se sabe onde  estão as extremidades, ou porque estão dormentes ou porque deixou de haver sinal ligado àquilo a que se chamou propriocepção, ou seja, percepção de si próprio, o que significa percepção e identificação com o corpo. A imobilidade, o silêncio vão gerar, naturalmente, uma modificação da fisiologia, das ondas cerebrais e, sobretudo, do funcionamento do vosso coração enquanto órgão. Ora eu disse precisamente que era por detrás do coração órgão que se vinha instalar o Espírito e que isso desencadeava a Respiração do Coração. Mas no caso de não se ficar imóvel  alguns minutos ou algumas horas por dia, conforme o caso, então... Sobretudo quando não se experiencia nada, quando não se vive a  Ressurreição, quando não se vive a Evidência da Alegria, da Paz....

De outro modo, se houver essa vivência... penso que não há nenhum problema com o ski, salvo se as injunções da Luz provarem que não é possível. E, como disse, esse sentimento de impossibilidade perante certas situações, certos seres, certas relações vão tornar-se cada vez mais fortes. E isso compreenderá injunções da Luz que se traduzem por injunções comportamentais da Luz a passar pelo vosso cérebro obrigando-vos, em alguma ocasião, a fazer escolhas, a tomar decisões, a cortar com o que tem de ser cortado e a instalar o que tem de ser instalado.

Se sois a Vida, já não podeis ser a vossa vida;  cada vez menos.

Mas, quanto a isso, trata-se também de escolhas vossas.

As circunstâncias que vigoraram desde meados de Dezembro até hoje e que se vão amplificar, claro, não deixam qualquer dúvida. Vês isso muito bem. O que é impossível fazer não deve ser feito. É também aí que mostras à Luz, ao Amor que és, se aceitaste ou não reencontrar-te. Mas não podes levar contigo nada de efémero : nem corpo, nem história, nem karma, nem ski...nada. Apenas a Alegria pura que vale todas as satisfações deste mundo, que as ultrapassa sem qualquer dificuldade.

Mas enquanto não tiveres vivido isto, lucidamente, como podes saber ?

O que fazes mais uma vez é voltar a colar hábitos passados ao instante presente. Mas isso já não funciona, a to-dos-os-ní-veis. És obrigado a adaptar-te à Luz e à Eternidade, a adaptar-te às injunções da Luz.

... Silêncio...

Trata-se de bem mais do que um encontro, agora. É mais o face a face e o de si para si, caso alguns não tenham ainda começado a vivê-lo. Mas para aqueles que estiverem mais à frente na linha temporal mais Livre, as coisas são evidentes. Já não se pode mentir. Já não se pode fazer batota. Já não se pode encontrar um álibi, senão isso vai fazer doer, nomeadamente para aqueles que viveram as vibrações, as energias. Isso resume-se a uma frase : a consciência e a energia seguem o pensamento.

De que se ocupam os teus pensamentos durante um dia ? Podes muito bem pegar numa folha de papel e passar o teu dia em revista e ver, em concreto, quanto tempo passaste na Eternidade. Definitivamente, qual é o balanço do tempo passado no efémero e na Eternidade, durante um dia ?

Com Ma Ananda eram 24 horas sobre 24 durante anos. Agora, basta-vos de meia hora a uma hora por dia para integrar o que sois, deixá-lo emergir e permitir que o efémero se afaste sozinho, a fim de revestir em totalidade o corpo de Eternidade e, em totalidade também, a consciência da Eternidade, quer dizer, tanto a infinita Presença quanto o testemunho magnificado, o Absoluto, o Amor. E ficará bem claro, ao fazer este balanço, se se está a mentir a si próprio.

Aí não está em causa uma espiritualidade do bem-estar ou uma espiritualidade de melhoramentos ou duma moda.  É melhor esquecer; isso não é possível.

...atingimos o tempo disponível...

Já !?

(risos).

Bom, Bidi vai saudar-vos e há-de voltar logo à  noite. Para alguns será uma Fusão na Eternidade e para outros terão início os mecanismos ligados à Consciência Nua e à Fusão na Consciência Nua.

Por isso vos digo : Até já!


***


Tradução do Francês: Maria Teresa Santos  


4 comentários:

  1. Mas, por detrás desta aparência, só há um, da mesma forma que há uma única consciência. Uma consciência individual própria não existe, como se poderia acreditar. É uma concepção que está ligada a uma vivência no seio do aprisionamento.
    .........
    Aqui neste mundo poder-se-ia falar dum pesadelo de individualidade mas nos outros mundos a noção de indivíduos isolados, desconectados e separados não pode existir.
    .........
    É claro que há numerosos movimentos espirituais ou mesmo religiões, movimentos que vos vão falar sem parar de Unidade, de Amor... mas que, nas palavras, nos comportamentos, nos gestos, traduzem exactamente o inverso. São pessoas que vivem na cabeça, não no coração, mesmo que reivindiquem o Coração.
    .........
    Existindo atracção por este mundo, existindo a crença numa evolução através da encarnação, nunca seríeis livres sem a ocorrência do Evento colectivo; e sem a Inseminação da Terra, há mais duma geração, por intermédio da radiação de Sirius e da Fonte do Sol...
    .........
    Como é que se pode alcançar, viver a Verdade, quando se acredita em qualquer coisa deste mundo? Acredite-se no amor da esposa, do marido, acredite-se em tudo o que diz respeito a este mundo mas não se misture o Espírito ou a alma com esta ilusão.
    .........
    Se se perceber e viver, realmente, o que significa entrar no Coração, levando o pensamento ou o punho - tanto faz - ao peito, a consciência vai atrás e aí aparece o equilíbrio.
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    A vossa Autonomia e a vossa Liberdade serão, claro, profundamente diferentes de acordo, se assim posso dizer, com o posicionamento da consciência em que a Luz vos encontrará no momento do Evento.
    .........
    No espaço de meia hora, se não se adormecer, qualquer pessoa, de qualquer idade, é capaz, mesmo sem querer, pela imobilidade e pelo silêncio, de fazer desaparecer a consciência corporal.
    .........
    Se sois a Vida, já não podeis ser a vossa vida; cada vez menos.
    .........
    Mas não podes levar contigo nada de efémero : nem corpo, nem história, nem karma, nem ski...nada. Apenas a Alegria pura que vale todas as satisfações deste mundo, que as ultrapassa sem qualquer dificuldade.

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  2. A Verdadeira Liberdade é, antes de mais, a Liberdade de consciência.


    É tempo agora, como eu disse, de deixar que a Eternidade preencha todo o espaço.


    Mas durante quanto tempo num dia é o vosso pensamento consagrado à Eternidade?


    A natureza participa da aproximação da vossa Eternidade.


    No espaço de meia hora, se não se adormecer, qualquer pessoa, de qualquer idade, é capaz, mesmo sem querer, pela imobilidade e pelo silêncio, de fazer desaparecer a consciência corporal.


    Definitivamente, qual é o balanço do tempo passado no efémero e na Eternidade, durante um dia ?


    Bem só existe, ETERNIDADE! ETER-NIDADE! E-TER-NI-DA-DE!

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  3. SE SOIS A VIDA, JÁ NÃO PODEIS SER A VOSSA VIDA; CADA VEZ MENOS.

    Nada mais a dizer.

    GRATA MARIA TEREZA, EGÍDIO E AMIGOS COLABORADORES, Sara.

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  4. Refiro-me aos pensamentos, seja o que for que esteja a ser feito. Já se sabe há muito tempo que os pensamentos não podem ser parados, apenas se pode deixá-los passar. Mas durante quanto tempo num dia é o vosso pensamento consagrado à Eternidade?
    Se sois a Vida, já não podeis ser a vossa vida; cada vez menos.
    Grato Maria Tereza
    Rendo Graças

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