Áudio Original
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Pois bem, Bidi está convosco e vamos
continuar. Há alguma coisa a exprimir, a
testemunhar, a perguntar? Que isso tenha
a ver com o que disse anteriormente ou com qualquer outra coisa, tanto dá.
...Silêncio...
Não é uma questão.
Namaskar! (Nota: Saudação indiana de conotação espiritual). É uma
piscar de olhos de Amor, só uma brincadeira, em expansão.
Trazidos por um piloto
de linha indiano até Paris, enviados para a Bretanha por um amigo mauriciano e,
depois, chegados até aqui através deste vosso servidor, tal como prometido em
Julho, aqui estão os bidis (risos)! Pelo sim pelo não, trouxe também um
isqueiro; disse-me em Julho que não sabia se o corpo de que agora dispunha os
aguentaria. Recordo-vos que ele fuma e que o Comendador lhe chamou “O
indestrutível” (risos).
Devo assinalar que “indestrutível “ é a
nível espiritual, não na matéria (risos). E que, pela vossa parte, todos são
destrutíveis (risos), até prova em contrário. Bom, agradeço pelos bidis, mas
aqui onde eu estou já não há nada para fumar (risos).
Mais uma razão para
aproveitar!
Aliás, não há qualquer orifício para
fazer entrar o que quer que seja (risos). A noção de orifício - e não estou a
brincar - é específica da 3D. É escusado ficar à espera de orifícios noutras
dimensões. Lembro-vos, aliás, de que naquilo a que se chama a 3ª dimensão
unificada, os orifícios não têm grande coisa a fazer com as suas funções. Tudo
se passa por ondas, por frequências, e não há
contacto físico de forma alguma, da forma como é por vós concebido.
...Deixou de haver
tubos.
Exactamente (risos)! Insistiu-se ao longo
de todos estes anos numa espécie de aclimatação à forma de Eternidade cujo
funcionamento, como é bem sabido, claro, nada tem a ver com o funcionamento dos
órgãos tal como os possuímos todos quando estamos encarnados nesse mundo. Um
orifício é o quê? É uma comunicação entre o interior e o exterior. É uma porta
de entrada. Para os alimentos ou para qualquer outra coisa. Ou de saída, toda a
gente sabe. Nas dimensões unificadas tudo está presente e, portanto, nada há a
entrar, nada a sair. Há apenas a percepção pura. Tudo aí é transparente. Não há
nada a reter, nada a eliminar, em todos os sentidos do termo. Só nas dimensões
chamadas mais densas é que este processo existe. A partir do momento em que os
sentidos espirituais, como se adivinha aqui mesmo na Terra, estão activos, os
sentidos físicos são por eles substituídos.
Aquilo a que foi dado o nome de
Estrelas, as doze Estrelas de Maria, mais não são do que potenciais espirituais
ligados ao vosso corpo de Eternidade e ao Amor. Todas essas percepções passam
por ressonância e não por penetração ao nível daquilo a que aqui mesmo se chama
Estrelas. Alguns nomes foram-vos dados nessa época, seja na linguagem
originária e original seja na vossa própria língua. É nesse sentido que a
aclimatação, sobretudo para aqueles que tiveram encarnações extensivas neste
mundo, desde há muito tempo, necessita -
diria - de uma forma de re-aclimatação. Não se passa dum “Tata” a um carro de
desporto. Para o caso de se desconhecer o que é um “Tata”, é uma marca de
carros básicos.
A gente sabe, sim.
Não se passa de qualquer maneira dum a
outro. As regras de funcionamento, a fluidez, os reflexos não são os mesmos. As
funções também não são as mesmas. O que tem de ser feito é uma aclimatação. Por
isso é que vos disse que podia passar horas e horas a descrever o corpo de
Eternidade sem que isso vos servisse de nada. Do mesmo modo que, neste mundo,
no Ocidente ou no mundo moderno, vamos dizer, foi perdida a Maestria, quer
dizer que fomos obrigados a abrir, a ir cada vez mais longe na análise, à
espera de compreender, mas as coisas mantêm-se a um nível sumário, a um nível inalterado. Nos
outros planos não há nada a regulamentar, nada a controlar, nada a prever. E aí
é que está a grande diferença de funcionamento do corpo carbonado que,
efectivamente, necessita dum certo número de entradas e saídas.
Nas dimensões ditas para lá dos mundos
carbonados, quando a consciência opera, para já, ela não deixa de ser o que é.
A lembrança e o potencial vibrante da Eternidade e do Absoluto estão
consciencializados e presentes e as trocas não se fazem por penetração ou
excreção; fazem-se apenas por ressonância e transparência. É por demais
evidente que, pelo hábito de estar numa forma - física ou astral – nada muda,
pois que se sabe que, quando se morria, no passado, se ficava preso a nível do
astral, logo, num corpo astral e que, cada vez que se encarnava, se recuperava
a bagagem, mesmo sem falar de karma.
Isso não pode existir nos jogos da
consciência livre uma vez que sois todas as
formas, sem nenhuma excepção. E mesmo jogando o jogo da dimensão em que
estais - que é livre -, não sois afectados nem transformados. Brincais como uma
criança brinca, ponto final. Ora, neste mundo, quem é que me pode dizer que
brinca, tendo em conta as carências, as exigências do saco de carne, a
necessidade de ar, de alimentos, de afectos, de relações? Nada disso pode
existir noutro lugar a não ser no carbono. E é bom lembrar que, na hora actual
– e repeti-o nestas novas conversas -, o hábito é uma coisa terrível. E aliás,
já vos falámos, uns e outros, sobre os hábitos comportamentais. Esses hábitos
comportamentais provêm directamente do
aprisionamento e dos mecanismos de
acção-reacção deste mundo. A acção-reacção não tem qualquer significado
a não ser aqui. Tudo se faz naturalmente, do mesmo modo que, hoje, pela graça
do Cubo Metatrónico e da Ressurreição, se começa a conceber e a viver o
desaparecimento - ou o desaparecimento completo - dos hábitos anteriores, dos
comportamentos anteriores. Tornou-se-vos natural, digamos, a Eternidade, a
Consciência Nua e o vosso Corpo de Eternidade que, por si, nunca morreu, que
não morrerá nunca, e que estava preso no Sol, recordo-vos.
Quem quer continuar?
Também é possível, naturalmente, como na
última vez, testemunhar o que se vive, não por mim mas por aqueles que vos vão
ouvir.
Pergunta: Falou-se a
certa altura do corpo de Existência
preso no Sol e, numa outra ocasião, de reconstituição do corpo de Existência.
É a mesma coisa. A vossa perspectiva não
vos permite compreender que há um corpo, que este corpo foi libertado e que ele
se re-sintetiza aqui. Mas recordo que, independentemente das especificidades da
dimensão na qual desempenhais o vosso papel, excepto neste mundo, claro, a
vossa forma é móvel. Ela também é desmultiplicável ao infinito. O facto de
terem sido libertados os corpos de Eternidade através da libertação do Sol, há
muito tempo, quer dizer, em 2009, não permitiu, como vos disse o Comendador,
recuperar a totalidade dos corpos de Eternidade, mas a Matriz Crística foi
libertada também; daí a re-síntese, de forma idêntica, ou a descida do corpo de
Eternidade. O resultado é exactamente o mesmo.
Mas não se pode raciocinar de maneira
linear como se faz neste mundo, quando se diz que não se compreende porque é
que o corpo de Eternidade que está presente, que foi libertado, desce, e porque
é que, noutros casos, não está presente e se re-sintetiza.
Mas dado ser uma matriz, o corpo de Eternidade
está inscrito na nova Matriz Crística. E, da mesma forma que existe uma só
consciência, existe, em definitivo, um só corpo de Eternidade, uma só Fonte; e
tudo o que é visto nos outros mundos não passa de jogos da consciência. Mas não
há indivíduos no sentido que se imagina, presos num corpo, uma vez que vos falo
hoje, sem parar, da Consciência Nua; e foi a a abertura do Coração, a abertura
do Canal Mariano, das Coroas que permitiu esta re-síntese. Mas não é preciso
ter o mesmo, o que vos foi tirado ou o que foi deixado no Sol.
Que isso seja uma re-síntese ou uma
descida do corpo de Eternidade não faz qualquer diferença porque não se está
localizado nas outras dimensões. Cabe-vos um enquadramento de jogo e é tudo. E
tendo o hábito de encarnações, compreender ou sequer imaginar o próprio sentido
das minhas palavras enquanto isso não
tiver sido vivido, está fora de causa. Isso é apanágio da Consciência
Nua porque, nesse momento, mesmo conservando a forma, é possível acolher
qualquer forma na sua própria forma e vivê-la através do que é sentido, através
da consciência, através da percepção do corpo do outro. Mas não se trata nem da
alma nem do Espírito, é o corpo de Eternidade que acolhes em ti que revela o
outro.
Logo, quanto ao corpo de Eternidade, de
acordo com vosso ponto de vista, há um número infinito, correspondendo, no
mínimo, no que respeita a este mundo, ao número de humanos-almas presentes na
Terra; são biliões. Mas tendo todos saído do mesmo molde, todos são idênticos.
E pode-se ter a impressão, na dimensão em que estais, de ver uma multidão. Mas,
por detrás desta aparência, só há um, da mesma forma que há uma única
consciência. Uma consciência individual própria não existe, como se poderia
acreditar. É uma concepção que está ligada a uma vivência no seio do
aprisionamento. Mas quando se é livre, e depois de a ilusão estar totalmente
terminada, nada vos limitará. Sendo o
Absoluto ou habitando um veículo de Eternidade, o vosso veículo de Eternidade
não vos pertence. É vosso para vos veicular. De forma semelhante, o saco de
carne não é o vosso Eu. O vosso Corpo de Eternidade é um veículo no seio dos
Mundos Livres para quando se quer jogar com a consciência. Mas não vale a pena
tentar reflectir sobre o assunto porque
não existe, qualquer que seja a tradição, nenhuma palavra, nenhuma expressão
que possa explicá-lo, uma vez que, devido às actuais circunstâncias na Terra,
se entrou num processo em que as duas
realidades por um lado se sobrepõem e em que, por outro lado, a Eternidade
ocupa todo o espaço e todos os tempos. O Reconhecimento não se faz reconhecendo
o vosso corpo de Eternidade mas reconhecendo-vos aqui, no centro do peito,
antes de qualquer jogo da consciência. Estais, repito, na origem da consciência
da Vida e do Amor.
Aqui neste mundo poder-se-ia falar dum
pesadelo de individualidade mas nos outros mundos a noção de indivíduos
isolados, desconectados e separados não pode existir. Comungais logo à partida
para lá do tempo - portanto, no próprio instante, qualquer que seja o lugar do espaço
- com todas as dimensões, com o Absoluto que sois, com a Matriz Crística original. Mas para nós,
neste mundo, quando estamos encarnados, é
evidente que o Outro e eu não somos a mesma coisa, uma vez que não há
maneira de ver o Coração do Outro.
Em contrapartida, no estado actual da
ressurreição, como já expliquei anteriormente e disse outra vez há dois
minutos, o que vive a Consciência Nua é capaz de ser qualquer um algures, ou
mesmo aqui, neste mundo e, real e
concretamente, é-o. Não é uma visão do espírito, um conceito ou uma ideia, é
uma vivência directa da consciência. Evidentemente, a consciência da pessoa não
pode sequer conceber tal coisa, nem em sonhos. Ia basear-se em quê, se isso não
foi vivido? Por aqui se vê a quantidade de projecções que se fazem, que todos
fazemos, quando estamos encarnados.
Aí não se pode projectar nada, não se
pode imaginar nada. Apenas se pode experimentar vivendo-o. Depois, quando a Consciência Nua estiver instalada, real e definitivamente,
haverá essa Respiração do Coração, a Evidência,
a Alegria, a Leveza, o Amor.
Mas sabe-se com pertinência, mesmo
conservando este corpo aqui mesmo, nas circunstâncias precisas actuais, que se
é, verdadeiramente, o Outro. Não se trata dum conceito filosófico ou duma
religião; é uma vivência e essa vivência liberta-vos de qualquer identificação
com um corpo ou uma forma, sejam quais forem, até com o vosso corpo de
Eternidade. Mas uma vez mais, não há qualquer meio de o compreender ou
imaginar.
Em contrapartida, se isso é vivido,
então torna-se evidente por ter sido
vivido, mesmo sem se saber como tal se produz . Nas outras dimensões vê-se de
imediato porque tudo é visto. Isto foi repetido em múltiplas ocasiões, por mim,
por outros: enquanto se acreditar que se é este corpo, esta história, não se é
livre, porque se fica voluntariamente sob a influência deste mundo que é, volto
a dizer, acção-reacção.
Enquanto que na Ressurreição,
evidentemente, a acção-reacção não tem qualquer peso. É substituída pela
Evidência da Alegria, do silêncio, da imobilidade, vivendo esta Consciência
Nua, havendo, espontaneamente ou de forma activa, em função das ocupações, a
capacidade de o viver.
Experienciando isto, já não se pode
duvidar de modo algum da Verdade absoluta, porque foi vivido. E é in-de-lé-vel,
mesmo que não fique instalado em permanência. Por vezes há um vaivém,
flutuações, irregularidades, mas, cada vez mais, a Eternidade passa a ocupar
todo o lugar.
A consciência, aqui mesmo, neste mundo,
está de tal modo ligada, formalmente, a este corpo - como se sabe - que, para a maior parte da
humanidade, dos humanos- almas, qualquer que seja o meio, qualquer que seja a
religião ou a via dita espiritual, é-se sempre afectado por esses mesmos
limites e pela não-vivência da Verdade.
Hoje a verdade não tem de ser procurada,
ela veio até vós, está aí. E quando vos dissemos, uns e outros – e o Comendador
insistiu muito nisso - a partir do momento em que vos voltais para o Coração,
todas as ilusões deste mundo desaparecem. Não propriamente por um passe de
mágica mas rapidamente, porque são as circunstâncias colectivas que o permitem
no seio dos ciclos cósmicos.
Esta questão, então, não te serve de nada porque, a partir do
momento em que experiencias - não em mediunidade ou em intuição, mas realmente
- que o Outro está em ti e que tu estás no Outro, em totalidade, então que
concepção ou que ideia pode traduzir isto neste mundo? Mas quando isso é
vivido, é in-de-lé-vel e ultrapassa todas as explicações. É a única Verdade.
É claro que há numerosos movimentos
espirituais ou mesmo religiões, movimentos que vos vão falar sem parar de
Unidade, de Amor... mas que, nas palavras, nos comportamentos, nos gestos,
traduzem exactamente o inverso. São pessoas que vivem na cabeça, não no
coração, mesmo que reivindiquem o Coração. O Coração não tem de ser
reivindicado, é um estado natural. Portanto, enquanto isso tiver de ser
reivindicado, quer dizer que não vos encontrais nele. Fora isso nada há a
reivindicar, é uma coisa natural, tal como acontece com a vossa radiância de
Eternidade que aparece neste mundo e que é detectável, queira-se ou não.
Assim como foi mais ou menos fácil,
relativamente fácil, durante todos estes anos, diria nos quatro ou cinco
últimos anos, ver as feridas, constatar o efeito da vibração do Amor ou das
terapias sobre as memórias, também hoje o que vos resta, para os que não estão
nesta última linha temporal definitiva, são apenas os hábitos de
funcionamentos, de ideias, de experiências que vos fazem crer que... Mas no que
é vivido, não pode haver crenças de qualquer espécie. A vivência da Consciência
Nua ou Uma, a vivência do amor incondicional não deixa pairar qualquer dúvida e
não deixa, com toda a certeza, colocar
nenhuma questão em relação ao que és.
Podes colocar-te as
questões que quiseres neste mundo mas não mistures nisso aquilo que és; de outro
modo, colocas logo uma distância. É preciso não esquecer que tanto uns como
outros falámos longamente da co-criação consciente e dissemos que nesta etapa
do de si para si e do face a face ou de super-posição do efémero e da
Eternidade, a consciência seguia o pensamento. Portanto, se o teu pensamento
está demasiado condicionado a este mundo, não podes sair do teu campo de
coerência do pensamento da pessoa. E aí vais fazer colar as minhas palavras ou
certas experiências aos teus conceitos.
É ineluctável e as coisas passam-se assim em todas as áreas deste mundo, mas
não no que diz respeito ao Espírito.
Sem contar que, neste mundo, como é
sabido, entre o Espírito e o corpo há a alma que, através do aprisionamento,
foi atraída pela matéria. Ocorreu depois a reversão da alma, a transmutação da
alma e a sua libertação a nível do corpo causal e o aparecimento, ou antes, o
reaparecimento do que sois, por intermédio da Matriz Crística, por intermédio
do vosso próprio Coração, intimamente e não de forma visível exterior (uma vez
mais não serve de nada a pessoa fechar-se); mas trata-se duma renúncia
interior à ilusão deste mundo. Existindo atracção por este mundo, existindo a
crença numa evolução através da encarnação, nunca seríeis livres sem a
ocorrência do Evento colectivo; e sem a Inseminação da Terra, há mais duma
geração, por intermédio da radiação de Sirius e da Fonte do Sol, depois
(excepto no que diz respeito a um punhado de seres humanos).
Hoje, em relação a esse fenómeno, mesmo
que não tenha tocado, até ao momento, a totalidade da humanidade, é fácil
verificar o que se desenrola de forma bem visível à vossa volta, tal como em
vós próprios. Seria realmente preciso
estar em negação para recusar ver a Evidência. E diria, de algum modo, seguindo
a lógica deste mundo, que as estruturas
colectivas nas quais se apoia a humanidade – não falo daquilo a que o Comendador deu o nome de sistema de
controle da mente humana, mas dos hábitos colectivos - são um factor de aprisionamento que não
depende de vós, individualmente, mas que configura a prática colectiva da
Terra.
Tal como houve sistemas de predação
através das linhas de predação que foram dissolvidas de diferentes maneiras,
assim ocorrem convosco os mesmos acontecimentos. Vê-se isso, por exemplo,
através das manifestações do humor, do corpo, que surgem brutalmente e que, de
igual forma, brutalmente desaparecem. Na realidade, há no processo que se vive
na Terra há mais de 30 anos uma aproximação progressiva, regular, com picos de
Luz, uma vez que foi preciso, se se pode dizer, imperativamente, que almas em
número suficiente fossem
descondicionadas dos hábitos da matéria. Isso está feito há muito tempo. Nesse
momento, a efusão do Espírito Santo, o Impessoal, o Coro dos Anjos, a Matriz
Crística puderam encarnar-se cada vez mais profundamente na Terra assim como em
cada um de vós, mas era a vós que a resposta pertencia.
Então, na fase de vibração, de
descoberta, todos estes processos foram por vós vividos, mas agora resta, se
quisermos, deixar que se dissolvam, de alguma forma, e que desapareçam, os
hábitos colectivos deste mundo. Os hábitos começam a ser vistos a nível
individual mas também a nível colectivo. Se se olhar para o que se passa em
todos os países do planeta, constata-se que há sectores inteiros da sociedade
que despertam, sem mesmo conhecer o desfecho, apenas porque vêem com um pouco
mais de clareza. Essa espécie de sonambulismo ou hipnotismo da pessoa está a
desaparecer.
Não há nada pior do que uma consciência
fechada numa forma. Recorde-se que, para lá dos mundos carbonados, não há
almas. O Espírito é consciente e permanente, qualquer que seja a forma em que cada um representa o seu papel.
E isso faz uma grande diferença. Não é possível ganhar hábitos, limitar o que
quer que seja, nem ficar confinado seja ao que for.
Repare-se que a maioria dos irmãos e
irmãs humanos condicionam a sua vida, naturalmente, em função do seu potencial, mas também,
indubitavelmente, através do meio em que nascem e crescem. E que a educação
consiste em fazer encaixar cada um no mesmo molde de funcionamento: a ter
alegrias, ter desgostos, ganhar a vida, fazer filhos, ter ou não
responsabilidades, qualquer que seja a sua natureza, no seio do grupo social.
Quando se está em Alegria e se vive a Verdade em totalidade,
isso parece-vos, de facto, completamente absurdo e estéril.
Todos os desejos, sejam desejos de
dinheiro, de filhos, de marido ou mulher ou dum tecto, decorrem em definitivo
do hábito e da evolução no seio do aprisionamento, mas não da Liberdade porque
precisamente quando a Liberdade se vive através da Ressurreição, da Evidência,
do silêncio, da imobilidade, o que é que se produz então? A transmutação. Já
não é apenas uma vibração, já não são apenas experiências vibrais ou de
contactos de consciência, é
completamente diferente e isso conduz a uma outra coisa, quer dizer, ao fim da
história, ao fim do sofrimento, ao fim de todas as ilusões, do acreditar estar
submetido a um Deus, a uma autoridade, a uma hierarquia. Como é que se pode
querer ser autónomo e livre pensando que há uma autoridade, seja qual for a sua natureza, que nos é exterior? E,
todavia, neste mundo encarnado, passamos o tempo a ser confrontados com
autoridades: a dos nossos superiores - os pais-, a da sociedade. Tudo é
dominação, sem já falar de predação, de ascendência, sem mesmo falar de manipulação porque o ser humano não pode
conhecer em encarnação, e privado do que é, mais do que medo, entrecortado de
momentos de alegria que dependem das circunstâncias e não da Verdade.
A flexibilidade que a partir de agora vos
assistirá, quaisquer que sejam as vossas dores ou idade, é uma flexibilidade da
consciência. Ela permite ver, precisamente, os condicionamentos, os hábitos, as
regras da dualidade e perceber que, real e concretamente, isso não tem nada a
ver com o que sois em Verdade. Como é que se pode evitar sufocar, como é que
pode deixar persistir e ser a Alegria e o Amor que sois se, duma forma ou
doutra, este mundo vos afecta? Isso não
significa ser indiferente ou evitar este mundo mas ver através deste mundo,
através das formas, através das aparências. Não o que é iluminado pelo Sol - não vou voltar aos fundamentos de Advaïta
Védanta
. Este é o exemplo mais característico e o mais elucidativo, a que recorreram
todos os mestres de Advaïta Védanta: É de noite,
alguém entra num compartimento desconhecido, vê uma coisa enrolada e pensa
instantaneamente que é uma cobra. Depois de acender a luz, vê que é uma corda.
Trata-se do mesmo objecto, apenas falta a percepção. Não falo do que é sentido,
hem? Falo da percepção. Como é que se pode alcançar, viver a Verdade, quando se
acredita em qualquer coisa deste mundo? Acredite-se no amor da esposa, do
marido, acredite-se em tudo o que diz respeito a este mundo mas não se misture
o Espírito ou a alma com esta ilusão.
E hoje, qualquer que seja a vossa linha
temporal, qualquer que seja o estrato da vossa ressurreição, ou não,
necessariamente tudo isso se vê, se vive, cada um ao seu ritmo, afim de que o
peso das hábitos individuais, mas também colectivos, não constitua de modo
algum um travão. E à medida que os dias passarem, menos isso será um travão,
apesar das aparências e contrariamente às aparências que, como é sabido, se
tornarão cada vez mais terríveis para a pessoa, mas não para o Coração.
É preciso estar pronto, como foi
dito, para acolher o desconhecido, o
inesperado, a fim de acolher esse inesperado e de não tentar compará-lo a
qualquer coisa conhecida. Isso já eu exprimi longamente. A grande vantagem hoje
é que há esta Consciência Nua, esta Evidência do Amor absoluto que aí está,
presente na Terra, à vossa disposição. Mas, como dizia o Comendador, é preciso
largar o frasco dos amendoins para viver o que há a viver. Não se pode, daqui
em diante, transigir ou contemporizar. Quanto mais os dias passarem, mais será
um ou outro, definitivamente. O que quer dizer que o face a face, o de si para
si, se realizou e que, daqui para a frente, a alquimia em que o efémero
desaparece ou se afasta, como for melhor, se torna cada vez mais evidente.
Para um número cada vez mais importante
de irmãs e irmãos, trata-se duma ruptura
dos hábitos, da própria sociedade, do colectivo humano. Deixou de ser o sistema
de controle da mente humana. A maioria das
linhas de predação, como é sabido, há muitos anos que foi limpa.
Nunca se apresentarão condições mais
propícias do que as de hoje. Quando digo hoje, falo do Momento presente, porque
a Luz aí se encontra, o vosso corpo de Eternidade também e, como a consciência
segue o pensamento, ocorrerá aquilo para o qual foram direccionados os
pensamentos. Se eles forem unicamente
para o dinheiro, é escusado falar de Liberdade. Se não vão para outra coisa que
não seja problemas, sombra, ninguém se poderá dizer Livre. Todos serão
libertados, como se sabe, mas continuarão ainda condicionados pela matéria.
Senão, teria sido muito simples, não
teria havido que esperar, como vos disseram os Anciãos, um certo número de
ciclos, para chegar a romper esta prisão. Teria bastado fornecer o máximo de
Luz. Ora, oferecer Luz a alguém que não sabe o que isso é, ou fazer viver o
Absoluto a alguém que não o quer, mesmo que isso seja o que ele é, retrai-o
ainda mais e fá-lo descer mais ainda nas vibrações da matéria.
Daí
toda esta pedagogia e estratégia, todos esses jogos que se produziram na
Terra de há muito tempo para cá para conduzir à Verdadeira Liberdade. A
Verdadeira Liberdade é, antes de mais, a Liberdade de consciência. Ora, como é
que esta consciência, que não se reconheceu na Luz, pode aceitar desaparecer?
Poderá ela aceitar que o que vive nesta forma e neste corpo não é verdadeiro?
Hoje as circunstâncias são muito mais
serenas para muitos de vós, seja qual for a vida que permite a vossa descoberta, apesar da aparência,
mais uma vez, de caos que, como sempre dissemos, uns e outros, e sobretudo os
Anciãos, iria crescer, de alguma forma, independentemente das contribuições da
Luz, das vagas de Luz que se foram derramando e difundindo na Terra há mais de
30 anos para cá.
Sempre vos dissemos que o último passo
não podia ser feito senão por vós próprios voltando-vos para o Coração. Mas
hoje há também um balanceamento a esse nível. Se a vossa consciência passa a
maior parte do tempo voltada para o exterior, para as obrigações deste mundo,
em detrimento da Eternidade que vos chama, o que acontece é que isso vai fazer mal à cabeça, ao humor, às emoções, à
vida, ao corpo. A única maneira de não voltar
a sentir dor – falo da dor em geral – passa pelo acto de reconhecimento.
E a partir do momento em que o vosso reconhecimento é vivido, tudo o resto se
faz por si só porque os hábitos são vistos, porque a testemunha é magnificada.
Já não podeis identificar-vos com a mente
mas permanece ainda a identificação com
os hábitos, com a consciência corporal, uma vez que até mesmo o que é sentido
energética e vibratoriamente se repercute no corpo, não? Não se pode dizer que
isso seja feito na consciência porque, se o impacto de Luz tocasse directamente
a consciência, se ficaria imediatamente livre. Ora a liberdade não se impõe,
não se decreta no que toca à consciência. É ela própria que deve aceitá-la.
Em contrapartida, tendo em conta a
intensidade da Luz, a intensidade de irmãos e irmãs em ressurreição, isso
torna-se cada vez mais fácil, quanto mais não seja pelo acto de voltar a
consciência, o pensamento, para o Desconhecido, para o Coração, para o Amor.
Mas não convém trazer para aí conceitos da vossa vivência, do Amor dito
desconhecido, inatingível. Nesse momento a vossa consciência é desviada das
preocupações corporais da pessoa ou da sociedade, porque o pensamento está
centrado no Inefável, no Desconhecido, na Beatitude. Ora como o pensamento traz
consigo a consciência, a vossa consciência
efémera vai ser drenada, canalizada para o Coração; sozinha.
Se se compreender este problema de
simples tubagem e de equilíbrio, não são precisas palavras espirituais ou
conceitos, mesmo que eu ainda utilize alguns. Se se perceber e viver,
realmente, o que significa entrar no Coração, levando o pensamento ou o punho -
tanto faz - ao peito, a consciência vai atrás e aí aparece o equilíbrio. Quanto
mais tempo se passar no silêncio e na imobilidade, no Acolhimento ou com
pensamentos voltados para o Coração, que não conheceis, tanto mais hipóteses há
de o viver.
Mas mesmo que se viva a vibração do
Coração com a Coroa ascensional passando o tempo a tentar construir alguma
coisa no seio deste mundo, é a si próprio que se está a mentir, sobretudo
agora, e isso vai tornar-se cada vez mais flagrante a cada dia ou a cada
semana, se houver tempo para tal.
Cabe-vos decidir, mas, como disse, não se pode continuar a pactuar com os dois.
Foram dois pela fusão e pelo mecanismo do face a face; isso hoje acabou ou vai
acabar para os que se encontram noutras linhas temporais.
É tempo agora, como eu disse,
de deixar que a Eternidade preencha todo o espaço. Mas não se pode dizer “Está
bem, mas tenho umas coisas para fazer”. Até ao presente, as injunções da Luz
mostraram-vos, de há três meses para cá, que podiam literalmente impedir-vos de
fazer o que havia a fazer segundo as leis da pessoa ou do social. Dantes
faziam-se. E cada vez mais se constatará que nada nas vossas actividades ou
afazeres no seio deste mundo, a qualquer nível que seja, se for contrário à Eternidade,
poderá ser levado a cabo. Isso quererá dizer, simplesmente, que, na realidade,
também nesse caso a Luz foi aceite sem condições, que foi aceite o Sacrifício
da vossa pessoa e a Ressurreição, mesmo que ainda não experienciada.
É apenas uma questão de prazo, de
enquadramento temporal, como expliquei. Mas cada vez menos se pode continuar a
pretender ser o que sois em Verdade e ser, ao mesmo tempo, o que
aparentais ser neste mundo. Acabou-se.
Cabe-vos escolher. Não se trata de “ou o
medo ou o Amor”, é a Alegria e a Leveza Eterna ou o sofrimento
deste mundo. Nem mais nem menos. Seja qual for a Alegria experimentada na
natureza, com os povos da natureza, ou aqui entre vós ou em família. Mais uma
vez, não é uma questão de abandonar mas sim de voltar a consciência e o
pensamento para aquilo que se é, mesmo que
não conhecido, mais do que se alimentar agora de Luz, uma vez que os
corpos de Eternidade estão presentes.
A partir do momento em que se opera neste
mundo, que se é portador da Luz e que, em maior ou menor grau, se está
ressuscitado, se constatará que isso já não funciona, porque tal significa
também que a Luz não funciona da mesma maneira que este mundo, é sabido. Este
mundo é acção-reacção. A Luz é Graça, acção da Graça e estado de Graça. E aquele
que está imerso na beatitude do Coração, como explicaram umas certas Estrelas,
nada tem a fazer neste mundo. Isso não significa que elas tenham recusado a
Vida ou que tenham recusado este mundo mas aperceberam-se da sua ilusão, da sua
clausura, viram as suas limitações e deram conta de que, com toda a evidência,
quando se vive a Liberdade, é muito fácil escolher, sobretudo nas
circunstâncias colectivas actuais. Assim, em breve não haverá para nenhum de
vós álibi algum no que toca a qualquer tipo de tarefa ou acção a desenvolver
neste mundo a que se dê prioridade em relação à Luz.
Mas será que a vossa prioridade é a Luz e
aquilo que sois? Esta prioridade deve tornar-se uma exclusividade, mas não
através do esforço, do aumento da vibração, não pela resolução dum qualquer
problema ou hábito. Basta que o assunto seja iluminado, que se suba mais e mais
nesta Luz, na Verdade e no Amor, na Consciência Nua, e ver-se-á que cada dia se
tornará um milagre.
E, nesse momento, apesar da presença do
corpo, sereis livres interiormente mas também livres deste mundo, totalmente,
mesmo se, algures, a pessoa, por reflexo, possa dizer de si para si: “Mas se eu
não tiver um tecto não estou em segurança; se não tiver dinheiro não posso
comer”. Mas recordo-vos o que disse Cristo: “Inquieta-se o pássaro com o que
comerá amanhã?”, enquanto que nesta sociedade - não apenas no Ocidente mas duma
maneira global, salvo para alguns povos - sois obrigados a prever, a ganhar a
vida. Atente-se na expressão: ganhar a vida! Mas o que sois já é a Vida. Tudo é
falso, sem excepção.
A única Verdade vista de forma individual
neste mundo é aquilo que foi vivido na natureza, com os povos da natureza,
entre vós. Mas quem pode dizer que vai sentir esse Amor indizível entrando em
relação com um chefe de governo ou de estado?
...Silêncio...
Isso ver-se-é com cada vez maior
acuidade, de modo a que ninguém possa voltar a dizer, aquando do Apelo de
Maria ou do Evento, caso este sobrevenha
antes, que não sabia. Mesmo os que hoje se desviaram da Luz, por serem
descrentes, porque não vivenciam nada ou porque apenas acreditam na matéria,
esses também hão-de viver, é sabido, no momento do Apelo ou do Evento, o que é
a Liberdade do Juramento e da Promessa, tal como hoje se vive. Nesse momento
ninguém poderá dizer que não sabia.
A vossa Autonomia e a vossa Liberdade
serão, claro, profundamente diferentes de acordo, se assim posso dizer, com o
posicionamento da consciência em que a Luz vos encontrará no momento do Evento.
E, pelo que vos diz respeito, ainda é tempo de soltar, hem? Não falo do Outro.
Não será possível ajudar ninguém no que se refere ao Absoluto, à Verdade
absoluta, à Ressurreição.
Mas uma vez abertas as portas da
Ressurreição, podereis por vós próprios acelerar o processo, se assim posso dizer.
É uma balança. Quanto tempo é passado na Leveza, na Liberdade e quanto tempo é
passado na pessoa? Isto, claro, para lá dos usos e costumes de cada um:
lavar-se, comer... Há ainda nos vossos pensamentos algo que não seja Luz? É
normal! Mas isso ocupa o espaço todo, compromete o raiar da Luz da Verdade ou
não? É que é uma grande diferença!
Claro que a ninguém é pedido que faça
como certas Estrelas. Mas, apesar disso, a balança da consciência efémera e da
Consciência Eterna mantém a sua validade: ora pende para um lado ora para o
outro. E, quanto mais pender para a Eternidade, menos sereis afectados porque,
também nesse caso, e uma vez mais, a
Alegria sem objecto e sem sujeito ocupará todo espaço da vossa
consciência.
...Silêncio...
Quem quer continuar?
Pergunta: Neste Inverno
e nesta Primavera fui fazer ski, mas tive de me esforçar para manter a
consciência no que trazia calçado, o que até é desejável. Ou seja, o que é que
tinha dificuldade em habitar nas minhas botas? Era o meu corpo de Existência, a
minha consciência...
E tu achas que podes fazer ski com o teu
corpo de Eternidade, é? (risos).
Tu estás no fazer, no desporto, no
lazer... Não há Eternidade nenhuma nesse
momento, pelo contrário. O facto de ela não habitar nos teus pés, como dizes,
não é a prova de que envelheceste ou de que tens alguma deficiência, mas de que
te afastaste, simplesmente, da tua Eternidade. Isso não quer dizer que não
tenhas direito de ir fazer ski, mas faz ski alinhado, depois de ter vivido o
que realmente aí se passa. Quer dizer que podes fazer ski mas não para a pessoa e sua satisfação, mas para
permitir, mesmo nesta actividade desportiva ou de lazer - lembra-te
disso-, a Eternidade, a sua persistência,
o seu aspecto indelével que se instala.
E, aliás, dás conta disso.
A partir do momento
em que te colocas
imóvel, em silêncio, sem desejo, a Luz pode surgir. Mas também podes ver chegar
a Luz a fazer ski, mas o que é que pões em primeiro lugar: a tua satisfação
pessoal ou a satisfação da tua Eternidade? Isso quer dizer que podes muito bem
ir fazer ski; não há razões objectivas, desde que a injunção da Luz não to
exija, para parar com o que quer que seja. Refiro-me aos pensamentos, seja o
que for que esteja a ser feito. Já se sabe há muito tempo que os pensamentos
não podem ser parados, apenas se pode deixá-los passar. Mas durante quanto
tempo num dia é o vosso pensamento consagrado à Eternidade?
É um balanceamento. Para estares no que
trazes calçado, podes muito bem fazer ski dez horas por dia, na condição de que
nessas dez horas estejas alinhado, sobretudo nesta fase de Ressurreição. Não é
como nos anos anteriores; e isto é válido para tudo: trabalho, relação no
casal, relação com os filhos, tudo se transforma. Isto vê-se à vossa volta.
Esta transformação aparentemente não vai sempre no bom sentido, mas não pode
deixar de ser constatada, de forma cada vez mais abrupta, nas crianças, nos
grupos sociais, nas famílias, entre países.
...É
verdade, mas eu estava em fusão com a natureza e, ao fazer
ski, vivi momentos transcendentes. A verdade é que, apesar de tudo, era preciso
estar atento ao calçado...
Bom, tu é que tens de tirar as
conclusões. Talvez até seja precisamente o inverso do que acabo de dizer, isto
é, que a injunção da Luz já não te permita fazer isso. Mas só tu podes tirar
essa conclusão. Lembra-te, contudo, de que a noção de imobilidade do corpo e o silêncio – não digo
24 sobre 24 horas - é extremamente importante porque, quando o corpo está
realmente em repouso (mesmo que haja pensamentos, isso não tem importância, não
se trata duma meditação), o que fica em repouso é a consciência corporal que permite à
consciência efémera ceder lugar à consciência de Eternidade. Assim, se estás em
movimento, como é que queres alcançar o silêncio e a imobilidade, ao menos do
corpo?
Parece-me que, no ski, não há
propriamente Imobilidade. Precisas da tua consciência corporal e aquilo que
dizes é, possivelmente, a ilustração disso. Não podes estar ao mesmo tempo no
calçado, isto é, a fazer esta actividade e a viver a Eternidade, e hoje isso
cria, efectivamente, um mal-estar, o que não era o caso nos anos anteriores.
Estou enganado?
...não, mas foi mais
difícil este ano...
E não nos anos anteriores...
...menos...
Isso vai verificar-se num número cada vez
maior de actividades.
… na natureza é preciso
ficar deitado, então...
A natureza é para a gente passear; para
captar, para fazer trocas. Na cama, deitado, é para ficar imóvel. Não te pedi
para ficares imóvel na natureza!
...não, mas em cima dos
skis, sim... (risos).
A natureza participa
da aproximação da vossa Eternidade. Aqui e ali, inúmeros encontros na
natureza, com os povos da natureza, foram vividos para afinar a vossa relação
com o Amor, com a Eternidade, com a vossa Eternidade.
Porque é que, na tua
opinião, está prevista uma estase de três dias ? Porque, não havendo
Imobilidade total do corpo, a consciência corporal estará, de certeza,
presente. Ora já não é a consciência do efémero, tirando os hábitos, que
perturba. É a consciência corporal, quer dizer, de uma certa maneira, é o hábito a um corpo que vos faz sentir
atarraxados a esse corpo, identificados com esse corpo. Já disse isto quando
estava encarnado. Não há pior obstáculo à Liberdade do que estar identificado
com o seu saco de carne. Isso não impede, porém, que ele seja o teu veículo,
mas, por vezes, avaria e precisa duma revisão. Hoje, o teu veículo, submetido à
Inteligência e à liberdade da Luz – e não se trata duma questão de idade – não
pode continuar a funcionar como dantes.
É tão simples como
isso. Isto retoma a tua pergunta ou interrogação, exactamente como eu disse
antes. Não é possível de aqui em diante – há uma separação – privilegiar o que
é efémero. Não estou a falar de encontros na natureza (penso que no alto das
montanhas, onde fazes ski, haverá muitos gnomos, elfos ou outros).
Então, quando dizes
« estou na natureza », isso funciona como um álibi. Na realidade, o
que procuras é o prazer. A natureza, como já dissemos, é o campo, os cumes, mas
não para fazer ski, : é pelas alturas. Mas a partir do momento em que o
teu corpo está ocupado com uma actividade de lazer deste género, a consciência
de Eternidade não pode estar presente e é esse balanceamento que vai estar presente na vossa vida, não é
possível evitar. Será a mesma coisa tanto nas relações com o cônjuge como com
os filhos, com o trabalho, com a família.
É por isso que
nestes últimos tempos os Anciãos disseram que se guardasse para si o que se
vive. Porque esta transformação e esta ressurreição são vistas do exterior.
Mesmo quando as pessoas não são capazes de as ver com os seus próprios olhos,
elas sentem-nas. Mas quando se está inscrito na pessoa, e que se olha, para
além disso, para um familiar, um filho, um superior hierárquico, um amigo que
esteja neste estado de Liberdade, isso é visto, é sentido, mesmo que as
energias não sejam perceptíveis ; e é muito desestabilizador. E não estou
aqui a falar de aparências, de vestuário ou de discurso; é uma emanação da aura
de Eternidade que ocorre espontaneamente.
É lógico, pois, que
a Vida vos peça reajustamentos. Na maior parte das vezes ela não vos pede para
deixar quem quer que seja ou o que quer que seja, mas antes que se esteja bem
lúcido quanto ao que se faz. Isto porque há um processo dinâmico em curso e não
podes estar a comparar, por exemplo, com os anos anteriores em que te podias
interrogar e dizer « bom, eu envelheci, perdi o equilíbrio, o
interesse... ». Não, não se trata de nada disso. Trata-se da conjuntura
actual colectiva e individual.
Se houver
oportunidade de ficar imóvel, e mais, silencioso, logo se verão os progressos.
Mas, ainda outra vez, para lá das injunções da Luz, é da vossa
responsabilidade, daqui em diante, gerir, se é que posso dizer, a ocupação do
tempo em função daquilo que a Vida vos permite. Estar na reforma é o ideal.
Estar em plena actividade também é o ideal. Se há queixas quanto a tratar dos
filhos ou a ganhar a vida, é ideal também... para encontrar tempos de
imobilidade e de silêncio. Não estou a falar de meditação ou de oração mas de
i-mo-bi-li-da-de real e concreta do corpo. No espaço de meia hora, se não se adormecer, qualquer
pessoa, de qualquer idade, é capaz, mesmo sem querer, pela imobilidade e pelo
silêncio, de fazer desaparecer a consciência corporal.
Quer isso dizer o
quê ? Não quer dizer que se partiu para algures. Quer dizer que, por
exemplo, já não se sabe onde estão as
extremidades, ou porque estão dormentes ou porque deixou de haver sinal
ligado àquilo a que se chamou propriocepção, ou seja, percepção de si próprio,
o que significa percepção e identificação com o corpo. A imobilidade, o
silêncio vão gerar, naturalmente, uma modificação da fisiologia, das ondas
cerebrais e, sobretudo, do funcionamento do vosso coração enquanto órgão. Ora
eu disse precisamente que era por detrás do coração órgão que se vinha instalar
o Espírito e que isso desencadeava a Respiração do Coração. Mas no caso de
não se ficar imóvel alguns minutos ou
algumas horas por dia, conforme o caso, então... Sobretudo quando não se
experiencia nada, quando não se vive a Ressurreição, quando não se vive a Evidência
da Alegria, da Paz....
De outro modo, se
houver essa vivência... penso que não há nenhum problema com o ski, salvo se
as injunções da Luz provarem que não é possível. E, como disse, esse sentimento
de impossibilidade perante certas situações, certos seres, certas relações vão tornar-se cada vez mais fortes. E isso
compreenderá injunções da Luz que se traduzem por injunções comportamentais da
Luz a passar pelo vosso cérebro obrigando-vos, em alguma ocasião, a fazer
escolhas, a tomar decisões, a cortar com o que tem de ser cortado e a instalar
o que tem de ser instalado.
Se sois a Vida, já
não podeis ser a vossa vida; cada vez
menos.
Mas, quanto a isso,
trata-se também de escolhas vossas.
As circunstâncias que
vigoraram desde meados de Dezembro até hoje e que se vão amplificar, claro, não
deixam qualquer dúvida. Vês isso muito bem. O que é impossível fazer não deve
ser feito. É também aí que mostras à Luz, ao Amor que és, se aceitaste ou não
reencontrar-te. Mas não podes levar contigo nada de efémero : nem corpo,
nem história, nem karma, nem ski...nada. Apenas a Alegria pura que vale todas
as satisfações deste mundo, que as ultrapassa sem qualquer dificuldade.
Mas enquanto não
tiveres vivido isto, lucidamente, como podes saber ?
O que fazes mais uma
vez é voltar a colar hábitos passados ao instante presente. Mas isso já não
funciona, a to-dos-os-ní-veis. És obrigado a adaptar-te à Luz e à Eternidade, a
adaptar-te às injunções da Luz.
... Silêncio...
Trata-se de bem mais
do que um encontro, agora. É mais o face a face e o de si para si, caso alguns
não tenham ainda começado a vivê-lo. Mas para aqueles que estiverem mais à
frente na linha temporal mais Livre, as coisas são evidentes. Já não se pode
mentir. Já não se pode fazer batota. Já não se pode encontrar um álibi, senão
isso vai fazer doer, nomeadamente para aqueles que viveram as vibrações, as
energias. Isso resume-se a uma frase : a consciência e a energia seguem o
pensamento.
De que se ocupam os
teus pensamentos durante um dia ? Podes muito bem pegar numa folha de papel
e passar o teu dia em revista e ver, em concreto, quanto tempo passaste na
Eternidade. Definitivamente, qual é o balanço do tempo passado no efémero
e na Eternidade, durante um dia ?
Com Ma Ananda eram
24 horas sobre 24 durante anos. Agora, basta-vos de meia hora a uma hora por
dia para integrar o que sois, deixá-lo emergir e permitir que o efémero se
afaste sozinho, a fim de revestir em totalidade o corpo de Eternidade e, em
totalidade também, a consciência da Eternidade, quer dizer, tanto a infinita
Presença quanto o testemunho magnificado, o Absoluto, o Amor. E ficará bem
claro, ao fazer este balanço, se se está a mentir a si próprio.
Aí não está em causa
uma espiritualidade do bem-estar ou uma espiritualidade de melhoramentos ou
duma moda. É melhor esquecer; isso não é
possível.
...atingimos
o tempo disponível...
Já !?
(risos).
Bom, Bidi vai saudar-vos e há-de voltar logo
à noite. Para alguns será uma Fusão na
Eternidade e para outros terão início os mecanismos ligados à Consciência Nua e
à Fusão na Consciência Nua.
Por isso vos
digo : Até já!
***
Tradução do Francês: Maria Teresa Santos
Mas, por detrás desta aparência, só há um, da mesma forma que há uma única consciência. Uma consciência individual própria não existe, como se poderia acreditar. É uma concepção que está ligada a uma vivência no seio do aprisionamento.
ResponderExcluir.........
Aqui neste mundo poder-se-ia falar dum pesadelo de individualidade mas nos outros mundos a noção de indivíduos isolados, desconectados e separados não pode existir.
.........
É claro que há numerosos movimentos espirituais ou mesmo religiões, movimentos que vos vão falar sem parar de Unidade, de Amor... mas que, nas palavras, nos comportamentos, nos gestos, traduzem exactamente o inverso. São pessoas que vivem na cabeça, não no coração, mesmo que reivindiquem o Coração.
.........
Existindo atracção por este mundo, existindo a crença numa evolução através da encarnação, nunca seríeis livres sem a ocorrência do Evento colectivo; e sem a Inseminação da Terra, há mais duma geração, por intermédio da radiação de Sirius e da Fonte do Sol...
.........
Como é que se pode alcançar, viver a Verdade, quando se acredita em qualquer coisa deste mundo? Acredite-se no amor da esposa, do marido, acredite-se em tudo o que diz respeito a este mundo mas não se misture o Espírito ou a alma com esta ilusão.
.........
Se se perceber e viver, realmente, o que significa entrar no Coração, levando o pensamento ou o punho - tanto faz - ao peito, a consciência vai atrás e aí aparece o equilíbrio.
.........
A vossa Autonomia e a vossa Liberdade serão, claro, profundamente diferentes de acordo, se assim posso dizer, com o posicionamento da consciência em que a Luz vos encontrará no momento do Evento.
.........
No espaço de meia hora, se não se adormecer, qualquer pessoa, de qualquer idade, é capaz, mesmo sem querer, pela imobilidade e pelo silêncio, de fazer desaparecer a consciência corporal.
.........
Se sois a Vida, já não podeis ser a vossa vida; cada vez menos.
.........
Mas não podes levar contigo nada de efémero : nem corpo, nem história, nem karma, nem ski...nada. Apenas a Alegria pura que vale todas as satisfações deste mundo, que as ultrapassa sem qualquer dificuldade.
A Verdadeira Liberdade é, antes de mais, a Liberdade de consciência.
ResponderExcluirÉ tempo agora, como eu disse, de deixar que a Eternidade preencha todo o espaço.
Mas durante quanto tempo num dia é o vosso pensamento consagrado à Eternidade?
A natureza participa da aproximação da vossa Eternidade.
No espaço de meia hora, se não se adormecer, qualquer pessoa, de qualquer idade, é capaz, mesmo sem querer, pela imobilidade e pelo silêncio, de fazer desaparecer a consciência corporal.
Definitivamente, qual é o balanço do tempo passado no efémero e na Eternidade, durante um dia ?
Bem só existe, ETERNIDADE! ETER-NIDADE! E-TER-NI-DA-DE!
SE SOIS A VIDA, JÁ NÃO PODEIS SER A VOSSA VIDA; CADA VEZ MENOS.
ResponderExcluirNada mais a dizer.
GRATA MARIA TEREZA, EGÍDIO E AMIGOS COLABORADORES, Sara.
Refiro-me aos pensamentos, seja o que for que esteja a ser feito. Já se sabe há muito tempo que os pensamentos não podem ser parados, apenas se pode deixá-los passar. Mas durante quanto tempo num dia é o vosso pensamento consagrado à Eternidade?
ResponderExcluirSe sois a Vida, já não podeis ser a vossa vida; cada vez menos.
Grato Maria Tereza
Rendo Graças