BIDI - Q/R - Parte 1 - Abril 2017
Mensagem de 04 de
abril de 2017 (publicada em 22 de abril)
Origem francesa – recebida do site Les Transformations
Origem francesa – recebida do site Les Transformations
Áudio da Leitura da Mensagem em Português - por Noemia
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Eh bem Bidi está com vocês e
nós vamos de início, se vocês quiserem, instalarmo-nos no silêncio, por alguns
minutos.
… Silêncio…
Ainda estou com vocês hoje, em
sua densidade, a fim de trocar. Eu especifico como de hábito que eu sempre me
dirijo à Verdade que está atrás da pessoa. Nós vamos agora começar a trocar. Eu
escuto a primeira questão.
Questão : eu tomei
consciência de estar no controle de mim mesmo e das pessoas de meu entorno. Eu
amaria abandonar esses velhos esquemas de funcionamento. O que você me
aconselha ?
Esqueça-se de si mesmo. Como eu
o digo frequentemente, isso concerne à pessoa.
A melhor das soluções não é e não será jamais melhorar o que quer que
seja em meio à pessoa porque isso concernirá sempre à pessoa, e portanto ao
efêmero. Coloque-se no Coração do
Coração e não se ocupe de nada mais. Cuide de suas ocupações, ocupe-se de seu
corpo, alimente-o, mas não alimente nada mais. Coloque-se no observador,
desaparecer desses esquemas, como você o diz, você não tem nenhum meio por você
mesmo de aí chegar. Ali onde você coloca sua consciência, ou seja sobre uma
resistência, você se crê uma consciência de resistência, e mais você tem a
consciência do problema, e como você o disse, mais você constata que ele está
aí, e mais você o olha, mais ele está presente.
Não se ocupe disso. Olhe em você, ali onde não há mais pessoa, e então
não haverá nenhuma razão em tentar controlar o que quer que seja. Você busca ainda viver a sua vida seus
prazeres e seus desprazeres, mas você não deixa o lugar para a espontaneidade.
Colocar-se na espontaneidade
não deixa aparecer nenhuma resistência, isso foi dito. Eu o repito a você da
maneira como isso foi dito por outros intervenientes, é necessário compreender,
e viver o seguinte fato: enquanto você acredita viver sua vida, você não
está disponível para a Vida. Exercer um
controle é indispensável em meio à matéria, para fazer funcionar a matéria, aí
sim, mas tudo o que concerne aos comportamentos, sua esfera psíquica, não tem
nenhum interesse a ser controlado. Desvie sua consciência do que você tem
consciência, e tenha antes consciência de que você não é sua pessoa, é a única
solução possível e sobretudo, que permanecerá perene. Todo o resto não são senão pensamentos porque
trata-se, como você o disse, de automatismos que nada, em seu consciente
ordinário como em outra parte, pode controlar.
Todo esforço feito para superar
isso não fará senão reforçá-lo. É necessário observar a coisa, aí também, como
algo que não pertence ao que você é e que é algo que não faz senão passar. O excesso de controle, como você o disse, é
uma dificuldade inerente para se colocar em meio ao instante presente que não
depende de nenhum passado nem de nenhuma referência ao passado. Aceitando, uma vez que você mesmo o disse,
esse princípio de excesso de controle, perceba
que não é sua pessoa que pode se desembaraçar, mas justamente o desaparecimento
da pessoa, e portanto da história. Faça
isso por etapas, quaisquer que sejam os meios que você utiliza, mas desde o
instante em que você tiver se desviado de seu próprio personagem, esse
personagem não terá mais nenhuma razão para atrair sua consciência nessa armadilha.
Tendo visto as coisas, não é
necessário nem mesmo desejável ir explorar seu passado. Quando isso ocorre,
diga-se que naquele momento você não está mais no instante presente, porque seu
presente está condicionado pela experiência passada. Se você aceita isso, você
compreenderá que você não tem nenhuma razão de se agarrar ao que não faz senão
passar, mesmo se isso passa muito frequentemente. Você se agarra a cada vez,
esperando poder controlar seu próprio controle.
Dê-se conta da estupidez de tal conduta.
Querer colocar fim ao controle, é já querer controlar alguma coisa para
fazer desaparecer, supostamente, o
controle. Isso não pode, como você o
vive, senão girar em círculo e não propor portanto nenhum espaço de resolução
ou de solução. Aceite esse princípio e
verifique por você mesmo, deixando passar isso, o que se produz agora. Eu diria então de outra maneira : deixe
cair a necessidade de controlar o controle. Quem quer controlar o quê ?
Quem controla quem ? É sua pessoa quem controla o que você é, ou é o que
você é quem aplaina sem controlar, o que é visto ?
É portanto um erro,
fundamentalmente, de posicionamento. Acreditar que por você mesmo você vai
poder, em meio à pessoa, certamente isso é possível, mas acreditar que você vai
poder, com a espiritualidade, com a energia, se desembaraçar disso, é
impossível, sobretudo quando é visto. O
que não é porque é visto, nesse caso, que isso vai desaparecer, porque você
esquece que uma vez que é visto, isso deve ser atravessado. Isso não quer dizer parar o que é visto, mas
deixá-lo aparecer, nada empreender, e deixá-lo desaparecer. É esse esquema, como você o disse, que
envolve sua consciência, de início na atenção, e que lhe sugere encontrar uma
solução em meio à pessoa enquanto que é a pessoa, ela mesma, que o criou, mesmo
se é inconsciente de partida. Você vê a inépcia disso ? Não trabalhe sobre
o controle, mas trabalhe sobre o abandono. Todo controle, qualquer que ele
seja, é uma falta de abandono à inteligência da Vida e à inteligência da Luz.
Tudo o que o preocupa nesse caso concerne à pessoa, mas não a você.
A melhor das soluções, o melhor
dos conselhos, nesse caso, é justamente não colocar sua atenção nisso. Volte-se
para você, deixe passar o que emerge, mesmo se isso passa muitas vezes, não se
agarre a isso, não pare aí e não se prenda. É assim que você verá essa
problemática se distanciar, haverá como um desatar permitindo-lhe ver cada vez
mais lucidamente, mas não o agarrando como você tomaria um objeto para
analisar, mas olhar esse objeto que não concerne senão ao que apenas passa e
que, se você não se interessa, vai desaparecer porque ele é visto, mas é
necessário atravessá-lo. Atravessar não quer dizer se interessar, isso quer
dizer ver e deixar ser a Vida. Faça
isso.
Outra questão.
Questão : desde alguns
anos, eu deixei algumas coisas, mas eu não sei nem quando nem como. O que fazer
para estar consciente de saber como deixar ?
Repita a questão porque há uma
contradição aí.
Questão : desde alguns
anos, eu deixei algumas coisas, mas eu não sei nem quando nem como...
Qual a importância, é passado.
Prossiga.
Questão : o que fazer para
estar consciente de saber como deixar ?
Mas não há estar consciente de
saber como deixar porque isso concerne à pessoa. O que você me pede é
proveniente da pessoa. Aí também, pare
de querer com a pessoa, pare de querer saber. Tudo aquilo a que você se prende,
prende você, tudo o que você tem, tem você. Aí onde você coloca sua atenção,
sua consciência efêmera segue. O querer
não pode nada nessa história, porque isso mantém a pessoa. Enquanto vocês
querem se opor a qualquer manifestação da pessoa, quer ela seja feliz ou
infeliz, vocês são apanhados, vocês se identificam à pessoa que crê poder agir,
mas vocês apenas agirão pela pessoa, não pelo que vocês são.
O tempo lhes mostra, neste
momento, que vocês nada podem controlar, vocês nada podem decidir, é o que a
pessoa quer fazê-los crer. O fim da Kali
Yuga está inscrito, como a certeza de vossa morte no fim de vossa vida. Não se ocupem do efêmero, conduzam vossas
vidas efêmeras naquilo que concerne ao efêmero, mas assim que isso toca a
consciência, é necessário mudar de postura, mudar de raciocínio, é necessário
mudar de atitude, e é muito fácil. Parem
de querer apreender as coisas que passam, vocês não são o que passa, vocês
jamais o serão. É uma identificação
ilusória à Ilusão, não há nenhuma verdade aí.
Esse gênero de questão mostra simplesmente que a pessoa quer se
apreender dela mesma e que ela não viu que não há nada ligado ao Espírito
dentro disso, que é sempre o jogo da personalidade que busca se melhorar, se
beneficiar, não sofrer, mas o fim definitivo do sofrimento, nunca está na
pessoa, está justamente quando não há mais pessoa. Vocês apreenderão isso de uma vez por
todas : vocês...não...são...esse...corpo.
Eu lhes disse na última vez,
vocês não são o que passa, vocês são o que é eterno. Parem de se identificar. É necessário colocar
isso como postulado, como certeza, mesmo em crença se vocês querem, é a única
maneira de colocar fim às crenças, de acreditar que vocês vão poder regular o
que quer que seja. Vosso corpo não tem
necessidade de vocês, ele tem necessidade de que lhe deem a boa alimentação e é
tudo. Vossa pessoa não mais, vocês não
têm de se ocupar dela, vocês têm simplesmente de verificar, a partir da posição
de testemunha, que tudo se desenrola normalmente para ela, mas vocês não podem
mudar um equilíbrio tal como esse. A partir do instante em que vocês
interferem, vossa consciência efêmera é presa, ela é envolvida nas divagações
da pessoa, na causalidade, na dualidade, na ação-reação. Enquanto vocês aderem
a isso, vocês não podem ser livres.
Compreendam isso, e vivam
sobretudo. É sempre sedutor, para a
pessoa, compreender, mas nenhuma compreensão, exceto para um cirurgião que tem
necessidade de conhecer as referências, mas no que concerne ao jogo da própria
consciência, onde vocês se situam ?
Fiquem tranquilos. Quando isso se
produz em vocês, a necessidade de controlar, a necessidade de dirigir o que
quer que seja, no que concerne ao Espírito ou à pessoa, abandonem toda
veleidade de ação. Posicionem-se, olhem, deixem atravessar, são palavras
simples. O mental não pode intervir
quando vocês se conduzem assim. Eu vejo,
eu não compreendo ou eu compreendo (não muda nada), e eu deixo o que apareceu e
que foi visto distanciar-se por ele mesmo, mas assim que eu coloco a
consciência efêmera junto, acabou, isso não pode partir.
Isso de que eu falo enquanto
ponto de vista ou localização da consciência não tem nada a ver com « dar
seu ponto de vista », é « mudar de perspectiva ». Aceitem já que vocês não são esse corpo, como
eu disse da última vez, e vocês verão. O
ego é malandro, ele os faz acreditar que vocês podem tudo melhorar, tudo
solucionar, qualquer que seja a técnica, e de um golpe vocês esquecem o que
vocês são, e vocês reclamam que não estão em paz. Mas não há nenhum meio de
encontrar a paz assim. É uma paz sem valor, uma satisfação do ego, mas isso
nunca dura. Se vocês querem estar em paz em permanência, olhem o que vocês são
e não as anomalias da pessoa ou da consciência ordinária. Durmam. Vocês não têm necessidade de se
prenderem ao que é visto – sobretudo quando é visto -, é para atravessar.
Certamente, se está inscrito na
estrutura, vocês podem utilizar o que vocês quiserem, as pedras, as preces, as
adorações, as devoções, mas ainda são os jogos da pessoa. A única Paz eterna encontra-se em vocês e ela
não depende de vocês, ela é o que vocês são. É o personagem que os envolve nos
momentos em que não há mais paz, nos momentos em que vocês têm necessidade de
compreender. Compreender é se prender.
Como vocês querem deixar o que quer que seja se vocês têm a pretensão, mesmo
sutil, de querer apreender alguma coisa ? Vocês reforçam a identificação à
pessoa e à história. É no entanto simples.
Aliás, tudo o que vocês dizem
lhes pertencer, é o que vocês são ? O fato de dizer : isso me pertence,
meu corpo, meu carro, minha casa, minha mulher, prova que não são vocês, é
muito simples. Não há necessidade de ir
buscar palavras em hindu ou nas línguas exóticas, a simples linguagem corrente
na língua em que vocês estão é suficiente para mostrar isso. Qual é a anomalia
que acontece quando vocês dizem : « meu corpo », « minha
mulher », « meu cachorro ». Vocês não são nem vosso corpo nem
vosso cachorro. O simples fato de dizer « meu » prova que vocês
colocam uma distância com a Verdade.
Continuemos.
Questão : desde o início
desta vida, eu não sei ao que eu aspiro e eu agarro todas as muletas. Por outro
lado, eu sei que tudo o que deve chegar chegará, o que quer que se faça ou não
se faça. Eu estou dividida entre os dois. O que fazer ?
A pessoa que colocou essa
questão compreende ela mesma o que isso quer dizer ? Ela me pergunta como fazer alguma coisa que
ela sabe pertinentemente, que não é possível fazer. Isto é, que de um lado há
uma proposição : eu compreendi que eu não sou isso, mas mesmo assim, como
eu posso fazer para ser isso. Vocês veem um pouco ? Não é espiritual, é bom senso. Desde que vocês viram, não vossa estupidez,
mas a estupidez do que foi colocado, vocês estão livres. É necessário chegar a
esse choque de ver o disparate, vocês reconhecem que não podem mudar nada e no
entanto vocês me perguntam como fazer para mudar. Mas de qual mudança é a
questão ? Não há necessidade de mudar, vocês têm necessidade de estar aí.
Vocês não têm necessidade de mover o que quer que seja, de deslocar o que quer
que seja, de compreender o que quer que seja.
A solução, ela está aí,
imediatamente, no instante. É a pessoa que faz a fachada, é a história que lhes
impede de ser o que vocês são. Não há nada a fazer se não é na vida
ordinária ; sobre o que vocês são, há somente ser. Não há
« eu », não há palavras, não há seu, há pessoa, há a Eternidade, a
Alegria eterna. A pessoa faz obstáculo à
Alegria, faz obstáculo à Paz, é ela que os tortura, mas vocês não são essa
pessoa. Cessem de se identificarem a
esse corpo, a essa pessoa, a essa história, a essa vida. Vocês são a Vida.
Tudo o que pertence ao mundo
das formas, onde quer que elas estejam, não é verdadeiro, é alguma coisa que
passa, são jogos. Coloquem-se, aí onde vocês estão, o que quer que chegue sobre
a tela de vossa consciência, quer sejam problemáticas, não se coloquem a questão
do que fazer, mas como ser. Ultrapassem a causalidade, ultrapassem a
ação-reação deste mundo. Vocês não são este mundo. Há quantos santos que lhes
disseram isso ? Qual é o mestre ? Vossa história, vossa pessoa, vosso
karma ou a Liberdade que vocês são ?
Vocês não têm de buscar a
Liberdade em alguma parte fazendo o que quer que seja. Já está aí. Mas como
vocês querem vê-la, vivê-la, apreciá-la, se vocês estão cogitando sobre vossas
feridas, sobre vossas dores, sobre vossa consciência, sobre a Liberação ou
sobre o que quer que seja ? É uma burrice. Descobrir o que vocês são, isso
não é se apreender do que quer que seja, nem de ideias, nem de conceitos, nem
de adesão ao que quer que seja. Vocês
não são nem um homem, nem uma mulher, nem um hindu, nem um oriental, nem um
ocidental, porque desde que vocês se definem através de uma forma, uma cultura
ou outro, vocês são alguém muito violento, quer dizer que vocês excluem todo o
resto e vocês se confinam em vossa pessoa.
Assim que vocês depositam uma
denominação sobre vocês, vocês podem fazê-lo, certamente, se vocês são médicos,
vocês são médicos, se vocês são arquitetos, vocês são arquitetos, e fazem o que
vocês têm a fazer, mas isso não concerne à Eternidade. Se a questão se coloca em relação à
Eternidade, ao Parabrahman, então aparem todo o resto, esqueçam todo o resto,
isso não tem nenhuma espécie de importância. É claro, vocês são obrigados a
jogar o jogo, vocês chegaram um dia e vocês partem um outro dia e enquanto
isso, o agenciamento dos elementos, dos alimentos, lhes dão a ver e a lhes
manifestar segundo certas condições, mas tudo isso não lhes concerne. Façam
porque vocês estão aí e é tudo. Não há
nenhuma solução em tudo isso. Isso não quer dizer que não é necessário fazê-lo,
mas vocês nunca podem ser nesse fazer.
Guardem bem que a pessoa sempre
tenta se agarrar, como isso foi dito, às muletas, às histórias, às certezas, às
projeções, às ideias, aos conceitos, às emoções. Tudo isso é móvel, como o nascimento termina
pela morte, não há nada de eterno nisso.
Em outros espaço-tempo, ou além de qualquer espaço e de qualquer tempo,
isso não tem nenhuma importância. Mas vocês, lembrem-se, nós estamos aqui, nós
chegamos, nós perdemos a memória do que nós somos antes de nascer. Ninguém se lembra, e esse
« lembrar » não é do passado, é uma interrogação que eu qualificaria
de metafísica e que é a única questão válida : « Quem sou
eu ? ».
Eu não sou nada do que passa,
nem meu corpo, nem minha forma, nem minhas ideias, nem minha vida, nem meu
karma, nem o fim do mundo, nem o fim do que quer que seja. Vocês não têm nem começo, nem fim. Vejam
isso, vivam isso em seu corpo, mesmo. É
vosso corpo, mas não é vocês. O carro,
vocês colocam combustível, vocês o conservam, façam a mesma coisa com vosso
corpo e isso basta. Não se agarrem ao
que passa. Isso os afeta, certamente, mas por qual razão isso os
afeta ? É porque vocês estão
identificados, nada mais e nada menos.
Não há nem culpa, nem remorso,
nem prazer a obter. Vocês o veem bem, a
Paz não pode se instalar enquanto vocês estão transtornados por vossa
história. O Jnani não é liberado pela
história, ele assume a história, mas ele se mantém tranquilo, o que quer que
ele faça, porque ele não está no fazer, mesmo se isso se faz, ele está no ser
eterno e no não-ser ao mesmo tempo. Isso
não quer dizer que não há mais sofrimentos, que não há mais problemas, mas isso
deve resolver-se no nível em que vocês estão, não misturem o Espírito a isso.
Há um erro fundamental de
identidade e de identificação em todo o mundo, enquanto isso existe, vocês não
podem estar tranquilos. Não há nenhuma fonte de tranquilidade nisso, há
satisfações efêmeras, e vocês alternam e vocês oscilam permanentemente entre a
alegria e a dor. Portanto o que não é
uma alegria que dura, é falso, é cartolina. Isso não tem nenhuma substância,
não retorna nada além do que a causalidade, e a causalidade, vocês o veem bem,
é sem fim, enquanto que o processo, de uma maneira ou de outra, não para. Vocês
estão apanhados uns nos outros, nos sonhos de uns e dos outros, ou nos
pesadelos de uns e dos outros, e vocês encontram aí uma satisfação, porque
vocês comparam a história de um e a história do outro.
Vocês têm simpatias, atrações,
e toda vossa vida se passa nesse jogo de cena de teatro, sem nunca se verem
enquanto observadores. Como vocês querem
ver que o teatro não existe ? Vocês
estão apanhados, e vocês reivindicam a Liberdade e a Paz jogando o jogo da
prisão. Cessem toda pretensão. Como foi
dito, o que deve chegar chegará, o que quer que você faça, então por que se
cansar ? Cansem para ganhar vossa
vida, se cansem para responder aos imperativos deste mundo, e é tudo. No que
lhes concerne, não há nada a fazer nem nada a encontrar. A solução está em vocês, ela sempre esteve
aí. Somente vosso olhar os conduz a outros lugares, é essa a armadilha.
Vocês têm oportunidades, neste
período como nunca, de ver a realidade por trás das aparências, que isso seja
com as outras dimensões, que isso seja pelas vibrações, e vocês continuam a
reconduzir tudo a vocês. Vocês veem o erro ou não ? E no entanto, mesmo se vocês o sabem, esse
reflexo está tão ancorado que ele se reproduz a cada minuto de vossa vida. Ocupem-se do que lhes pertence, certamente,
não seria senão de vosso corpo, e que não é vocês. É um veículo, em todos os
sentidos do termo, que é constituído de elementos, e vossa consciência também,
enquanto vocês falam em meio à pessoa. O
dia em que os elementos se separam, é a morte, mas vocês, vocês
morrem ? Não é porque vosso veículo
morre, que vocês morrem.
Vocês têm uma tal identificação
à vossa história e à vossa pessoa que hoje, nesta idade sombria, mais ninguém
pode considerar, pensar, conceitualizar outra coisa. Então certamente o ocidental está tranquilo
com o karma, mas o karma, concerne à pessoa, não concerne ao que vocês são.
Parem de pensar em vocês como uma sucessão de fatos casuais, de ações-reações
e de lógica. Vocês não são isso, vocês não o serão jamais. Portanto, é bem um erro de identidade, vocês
não têm identidade, vocês estão além de toda forma, além de qualquer
consciência. É isso que é necessário viver, é isso que vocês são. Quer vocês queiram ou não, quer vocês o vejam
ou não, isso não muda nada.
Se com frequência eu tomo o
exemplo, e todos os Satgurus tomam esse exemplo, é a analogia entre o
Parabrahman e o sono. Quando vocês dormem, vocês têm um corpo, não é senão o
hábito ao despertar que os faz dizer que vocês têm um corpo ? Mas vocês estão seguros de
despertar ? Vocês não se colocam a
questão, à noite. O Parabrahman, é isso. Não há mundo, não há forma, não há
« eu », e mesmo não há Si. Não
há conceitos, não há nem distância, nem tempo, nem espaço, nada é
referenciável. Viver isso, reconhecer
isso, dá a paz do corpo, a paz da consciência efêmera e a paz da vida, e isso
não é uma paz que passa, é uma paz eterna.
Vocês então encontraram o fim ao enigma, não há outro meio ou outra
técnica para colocar fim ao enigma.
Quaisquer que sejam as
histórias, mesmo a mais autêntica, o princípio de confinamento, quaisquer que
sejam os fatos cósmicos que tenham passado, eu não os nego, mas a problemática
é sempre a mesma. Eu digo simplesmente
que isso concerne à pessoa, mas não ao que vocês são. É um problema de identidade
e de identificação, tudo vem daí, o sofrimento não pode vir senão daí. Que seja
o sofrimento do corpo, que seja o sofrimento do mental, que seja o sofrimento
psicológico ou qualquer sofrimento que seja, é um problema de identificação. Eu
não digo para negar o sofrimento quando ele está aí, mas se vocês acompanham o
sofrimento, vocês não estão livres, vocês não são vocês mesmos, vocês jogam o
jogo da pessoa.
Então certamente que é
necessário cuidar do veículo, mas isso não é cuidar do que vocês são, aliás
vocês não estão mais, assim que vocês estão envolvidos, vocês não estão mais no
Coração do Coração, vocês não são mais vocês mesmos. Quando vocês são vocês mesmos, a vida passa,
os conceitos podem aparecer, mas eles não ficam, semelhante para as ideias.
Todas as memórias são portanto supérfluas, exceto os hábitos necessários para
conduzir um carro ou esse corpo, onde aí são necessárias as regras. É como se,
conduzindo vosso carro, vocês estivessem com os dois pés no freio, e se
queixando de que o carro não avança, ou então vocês aceleram, mas vocês não
passam à velocidade. Vocês veem o que é, vocês veem como vocês se comportam e
nós nos comportamos todos, enquanto não somos livres.
Então certamente, eu sei que há
uma história particular, que isso termina e tudo o que vocês querem, mas é
necessário resolver isso agora. É claro que vocês terão ajuda, mas são sempre
vocês que decidem, quaisquer que sejam as ajudas, não vocês em meio ao
personagem histórico, não vocês em meio a esse corpo, mas vocês em verdade. Vocês veem a diferença ?
Continuemos.
Questão : você pode nos
falar do último abandono da pessoa ?
O último abandono da pessoa é
um momento reconhecível entre todos, porque ali vocês identificarão que há
antes e depois. Certamente, não há passagem, isso sempre esteve aí, mas nos
primeiros tempos, vocês dizem : « Há antes e depois », e depois
vocês se conscientizam de que isso sempre esteve aí, eram vocês que não estavam.
Vocês sempre estiveram ali, mas vocês estavam distraídos pela história, pelo
jogo, a tal ponto esse jogo é viciado que vocês acreditam que jogando o jogo
vocês vão encontrar o nirvana, mas vocês podem jogar muito tempo. Vocês veem o que eu quero dizer, então o que
dizer ? O último abandono, é o que
alguns têm chamado o sacrifício. Vocês não têm de se flagelar, vocês não têm de
se crucificar, é uma crucificação interior, é uma chicotada interior. Deixem seu corpo tranquilo, deixem seus
pensamentos aparecerem e desaparecerem, não se agarrem a nenhum conceito,
nenhuma ideia. Esvaziem tudo.
Como o Cristo lhes disse para
manter seu templo limpo, isso quer dizer o que ? Se o templo não está
limpo, o Cristo não pode entrar ?
Não. E vocês seguram suas malas, seguram seus karmas, seguram suas posses.
Eu não disse que era necessário possuir nada, mas ver as posses pelo que elas
são, objetos, como vosso corpo, um saco de carne, nada mais, e vocês se
identificam permanentemente ao que apenas passa : o nascimento, a morte,
vocês festejam aniversários, vocês festejam, se pode dizer, os falecimentos, os
nascimentos, os casamentos, os divórcios, mas deem-se conta da estupidez dessas
convenções, afetivas, morais, sociais.
Vocês se iludem uns aos outros, é um pesadelo coletivo.
A Vida, não é isso, vocês o
sabem através de seus contatos, vocês o provam.
Quando vocês estão diante do Amor, vocês sabem que é verdadeiro, vocês
não têm necessidade de conceito sobre o que é o Amor, vocês não têm necessidade
da ideia sobre o que é o Amor, sem isso não é o Amor. Há que quando vocês o
vivem vocês reconhecem esse Amor sem condição, sem pessoa, onde vocês têm a impressão
de mergulhar no outro, no universo, nos olhos de um dragão, no coração de um
irmão ou de uma irmã. Nesse momento
vocês se esquecem, porque nesse momento, se o Amor nasce, é que não há desejo de
possuir, há um reconhecimento, uma reconexão à Eternidade, é tudo. E qualquer
experiência apenas passa também, mas algumas experiências são suscetíveis de
abalar essas certezas falseadas, essas ideias e esses conceitos aos quais vocês
aderem, o conceito e a ideia de ser uma pessoa, de ser o resultado de um
karma. Isso concerne à pessoa, o
veículo, que ele, desaparecerá também.
Voltem-se para dentro, é o
único movimento possível. Então certamente, há inumeráveis palavras, em todas
as línguas, em todas as tradições, mas é sempre a mesma coisa. Olhem os sufis,
eles se voltam sobre eles mesmos para se esquecerem, para ver por eles mesmos
que eles não são o corpo ; eles se servem do corpo para isso, mas eles
estão perfeitamente lúcidos, a um dado momento, de não ser mais esse corpo,
eles são a luz autêntica, a Morada da Paz Suprema. Nesse momento vocês veem a verdadeira Vida e
vocês estão realmente na vida. Senão, o
resto do tempo, vocês vivem na Ilusão. Como vocês querem ser o que vocês são
nesse caso ? O Amor não se acomoda de nenhuma condição, de nenhuma
circunstância, de nenhuma suposição, e sobretudo de nenhuma projeção. O Amor autêntico está somente no instante
presente eterno que é independente de vossa forma, de vossa idade, de vossa
função, de vossos desejos ou do que quer que seja além.
O mais importante, quando os
conceitos chegam assim, as ideias, os conflitos, façam silêncio, não busquem
nada, não se oponham. Se isso se manifesta, é que isso apenas passa e se é
vossa vida que passa, qual a importância ?
Vocês acreditam perder alguma coisa quando vocês perdem um amor, quando
vocês perdem alguma coisa, mas de fato são vocês que estão perdidos porque
vocês se apegam ao valor do que não é eterno, isso não pode senão desembocar na
satisfação imediata e jamais na instalação da Paz eterna. Vocês o veem bem contudo, quaisquer que sejam
os prazeres, quaisquer que sejam as satisfações, quaisquer que sejam as honras,
qualquer que seja o dinheiro. Não há nenhuma solução nisso, são apenas
estratégias de defesa e de medo, de adesão aos sonhos dos outros.
… Silêncio…
Outra questão.
Questão : quando se
diz : « Pai, eu entrego meu Espírito em suas mãos », trata-se de
uma maneira de evocar o Absoluto enquanto Pai ?
Mas assim que há um
qualificativo, que vocês digam « Pai », que vocês digam
«Krishna », vocês já estão na forma e em uma história. Vocês não podem se
apoiar sobre nada do que é conhecido como conceito, como história, como emoção,
como sentimento, para encontrar a Verdade. É ainda um raciocínio analógico em
que vocês buscam correspondências, afinidades, mas isso não pode ser a
Verdade. Vocês buscam se tranquilizar identificando o Absoluto ao Cristo, a
Krishna, ao Pai, mas isso, é ainda uma manifestação. Vão além de toda
manifestação. Quem são vocês antes da
manifestação ? Onde vocês estavam antes de nascer ? Busquem em vocês
quando apareceu o primeiro momento, em vossa infância, quando vocês tiveram o
sentimento de ser uma pessoa.
De início vossa mãe lhes deu um
nome, vocês se habituaram a esse nome e vocês estão persuadidos de que vocês
são esse nome. Aliás quando se pergunta
como vocês chamam, vocês dão vosso nome e sobrenome e vocês estão identificados
a isso. Mas assim que vocês são nomeados, vocês estão na manifestação, isso
concerne a vocês, como ao Pai, como à Fonte, como ao Absoluto. O Absoluto não pode ser definido, ele, é o
único conceito em que vocês não podem prender nada em cima. Assim que vocês buscam fazer uma correspondência,
uma correlação, uma sobreposição, vocês estão no erro.
Vocês ainda buscam conceitos.
Essa questão traduz uma busca de conceitos, a necessidade de se tranquilizar
através dos conceitos, portanto de segurar alguma coisa. Vejam claramente. O
Absoluto não é o Pai, nem a Mãe. O
Absoluto não compreende os elementos, nem de forma e ainda menos de ideias e
conceitos, nem mesmo de Luz, e é no entanto a base do Amor, a base da
manifestação, mas vocês estão acima da manifestação qualquer que ela seja, a
vossa como aquela do Pai, como aquela do Cristo, como aquela de Krishna. Tudo isso, são histórias. Tudo o que está
submetido ao tempo, não é verdade, tudo o que está submetido ao espaço, não é
verdade. É uma realidade parcial, relativa, o que não é a Verdade. Portanto
pare de querer conceitualizar, comparar, identificar o Absoluto. Veja-o, seja o que você é, sem nenhuma
referência a algum personagem glorioso, a algum livro que seja ou a algum
sentir que seja.
Eu venho abalá-los em vossas
pseudo-certezas, talvez mais do que nunca. Portanto o Absoluto não é o Pai, o
Absoluto não é a Mãe, o Absoluto não pode ser nomeado nem definido por uma
forma, por uma história, ou por qualquer ideia ou conceito, e é no entanto o
que vocês são. Então parem a identificação a todo o resto, que isso seja o
corpo, que sejam os conceitos, que seja o Cristo, que seja Krishna. Eu não
disse que isso não existia, eu disse que isso não é a Verdade – isso não quer
dizer não mais que é falso. Vocês são livres quando todos os conceitos
desaparecerem. Vocês são livres quando
vocês observam esse personagem e vocês não são ludibriados. Vocês são livres
quando vocês aceitam o que a vida lhes dá, ou lhes toma, sem mudar no que vocês
são.
Evidentemente, se lhes é
tomado, vocês se contraem, se lhes é dado, vocês se abrem. Eu não falo do amor,
mas falo de uma maneira geral, é a natureza humana. E se vocês querem ser plenamente humanos, não
sejam nada disso porque a consciência tem necessidade de se provar ela
mesma. O Amor tem necessidade de se
provar de se manifestar, mas vocês não são nenhuma manifestação, vocês são
anteriores à manifestação, anteriores à toda matéria, à toda dimensão. É que quando, em definitivo, vocês aceitam nada ser, não por uma falsa
humildade, mas quando vocês veem concretamente isso, então vocês fazem, eu
diria, o último passo, ou seja o último abandono.
Sem humildade, sem
simplicidade, sem sacrifício, não há liberdade, resta apenas o livre-arbítrio e
uma sucessão de karmas, de prazeres e de dores.
Assim é a natureza humana,
vocês o veem, vocês o vivem. Qual espaço de paz definitivo pode haver aí se não
é em vossos sonhos ilusórios de crer que vocês vão melhorar um karma para estar
melhor ? Vocês colocam já uma
distância entre a Verdade e vocês. Como
vocês querem encontrar a Verdade, ela já está aí. Enquanto existe a menor busca concernente ao
Espírito, vocês não podem ser a Verdade. Toda busca, qualquer que ela seja, ela
provém do ego, do medo da morte e de nada mais, quaisquer que sejam seus álibis
energéticos, vibratórios ou outros. Não é necessário ser tolo.
Coloquem-se. Colocar-se não quer dizer
« fazer ». Abandonar não quer dizer querer abandonar, é simplesmente
deixar. Não se prendam a nada, sejam responsáveis, sejam autônomos, joguem os
jogos sociais que a vida lhes pede para jogar, mas não sejam tolos. Vocês devem
ser capazes de permanecer totalmente imóveis, o que quer que faça vosso corpo,
o que quer que façam vossos conceitos e o que quer que façam vossas ideias, e
também vossas relações.
Todos os Satgurus lhes disseram,
em sua linguagem, e eles os remetem sistematicamente à mesma coisa. Enquanto
vocês acreditam organizar, enquanto vocês acreditam regular, enquanto vocês
acreditam que vão encontrar um dia ou em algum lugar o Espírito, vocês estão
perto de vocês. A última consciência é justamente estar livre da atração de
todas as formas, de todas as ideias e de todos os conceitos. É vê-los pelo que eles são, alguma coisa que
tem um início e um fim, como vosso corpo. Mas vocês, vocês nunca tiveram um
início e jamais terão um fim, e para isso vocês não têm necessidade de uma
dimensão, de uma forma, de uma história ou de qualquer outra coisa. Devido ao
confinamento deste mundo, não pode haver posição entre os dois. Seja que vocês
são o ego, o que quer que vocês digam, o que quer que vocês vivam, seja que
vocês são a Verdade. E quando vocês são a Verdade, mais nada emerge, a Alegria
é indelével, o Amor é indelével, ele é
eterno, o que quer que se torne esse corpo, o que quer que se torne vosso
marido, o que quer que se torne este mundo.
Cessem de se agarrarem ao que é
falso. Isso não quer dizer ignorá-lo mas isso quer dizer ser lúcido. Então, lhes falaram do Fogo, dos Fogos. Sim, porque o Fogo queima tudo. O Fogo é o primeiro Elemento antes da Água, é
o Espírito, exatamente depois vem a Água. Nós temos a mesma coisa no Bhagavad
Gita assim como na Bíblia, vocês têm a mesma coisa no Alcorão, vocês têm a
mesma coisa nos escritos gnósticos, vocês têm a mesma coisa em toda parte, dito
diferentemente, com histórias diferentes, mas a história é o suporte da
Verdade, mas ela não é a Verdade.
Vocês sabem muito bem, o Cristo
disse também : « O que nasceu da carne procede da carne, o que
nasceu da Água e do Espírito procede do Espírito. ». Uma vez que vocês
compreenderam, uma vez que vocês atravessaram isso, o que resta de crenças, de
ilusões, de suposições, de projeções, de histórias ? Vocês são livres, mas
já o fato de pretender ser liberado os põe em distância da Liberdade que vocês
são de toda eternidade e assim, de novo, vocês são apanhados por vocês mesmos e
vocês não escapam da ação-reação, vocês não a veem. Vocês não podem encontrar o « Eu
sou », o Si, a Unidade, partindo e se apoiando sobre a dualidade.
Vocês são nem isso nem aquilo, neti-neti (N.T. expressão atribuída ao Advaita Vedanta que significa : não real ;
nada disso, nada daquilo). Naturalmente, após vocês descobrirem que vocês
são também isso, mas esse isso apenas passa, isso não lhes concerne. Não há
nada a ganhar, não há nada a melhorar, não há nada a perder, não há nada a
pretender. O coração do ser, o Coração do Coração como vocês dizem, é a
verdadeira Liberdade. Não há nenhuma liberdade no livre-arbítrio deste mundo,
há apenas escravidão, histórias que andam em círculos, uma esperança que jamais
será recompensada, uma vez que não há nenhuma Eternidade nisso. A única Verdade é o que vocês são, não há
mundo, não há « outro », não há Arcanjos, não há Bidi. É um jogo que,
em um nível de densidade, pode aparecer como verdadeiro, mas no nível do que
vocês são, isso não é nada, porque isso passa.
Tudo o que passa é falso, que isso seja vossa vida, que isso seja um
sistema solar, que isso seja não importa o que.
Portanto é claro, e isso foi
dito, há histórias que estão mais próximas da Verdade e histórias que os
arrastam para fora da Verdade. Mas em um
dado momento, é necessário ver bem que não há história, que mesmo a história
mais próxima da Verdade, não é a Verdade.
A Verdade não pode ser colocada em palavras, ela não pode ser
organizada, ela não pode ser decidida, ela é imutável, e é o que vocês
são. O princípio da refutação do qual eu
falei, é exatamente isso. Vocês devem
se convencer, se posso dizer, sem nada fazer, pela visão direta. Vocês devem estar
certos de que vocês não são esse corpo, vocês devem estar certos de que vocês
não são essa história, não por uma crença, mas pela descoberta real do que é, e
não do que passa ou do que vocês têm.
Assim que vocês põem
« eu », ou « mim », ou « meu », vocês já estão em
distância. Vosso corpo lhes pertence, como vosso carro lhes pertence, mas
jamais lhes viria a ideia de se identificar ao vosso carro. Porque vocês o fazem para o corpo ? Vocês criam sem parar, nós criamos sem parar
as condições de nosso apego, de nossa ligação, de nossa falta de Liberdade. É
necessário ver, isso.
Vão também além de minhas
palavras, qualquer que seja a potência, não se detenham somente no sentido das
palavras. Deixem-se abalar. O que vocês arriscam ? Ao que vocês ainda se prendem ? Vocês se prendem à vossa consciência como a
pulga se prende ao seu cachorro. Isso o
arranha, isso coça e vocês jamais são apaziguados. Essa, é a vida da pessoa, em toda vida, em
todo karma. Tudo o que passa é
sofrimento, tudo o que é eterno é Alegria e não há nada de eterno neste mundo,
exceto vocês.
Prosseguimos.
Questão :
você evocou seu encontro com pessoas que você conheceu em sua vida sobre a
terra e eles lhe agradecem.
Eu nada compreendi.
Questão :
você evocou seu encontro com pessoas que você conheceu em sua vida sobre a
terra e eles lhe agradecem.
Eu ainda não compreendi. De quais pessoas você fala ?
De agora, de antes ? Quando eu estava na carne ou o que ?
Questão :
são pessoas que o conheceram na carne.
Mas eu os vi onde, aqui ?
Questão :
não, quando você partiu. As pessoas que você lançou em sua vida e que lhe
agradeceram depois, quando elas fizeram sua transição.
Certo, eu compreendo, e então ?
Questão :
você poderia testemunhar sobre a experiência de desencarnação de sua
consciência e de seu processo, até o desaparecimento no Absoluto, mesmo se isso
permanece próprio de cada um ?
Não, é sempre a mesma experiência. Porque isso seria diferente uma vez que é
eterno ? Porque vocês querem que
haja um cenário diferente para cada um ? Vocês são livres ou vocês não são
livres. Vocês estão apanhados pela
identificação à história ou vocês não acreditam mais em nenhuma história. A maneira como vocês morrem condiciona
tudo. Portanto se vocês partem com a
ideia de ter um karma, vocês terão um karma.
Se vocês partem com a ideia de serem imperfeitos, vocês se tornarão
imperfeitos. Se vocês se prendem a alguma coisa, ela vai impedi-los de serem
livres. É sempre o mesmo processo. O Jnani não é afetado pela morte e pelo
desaparecimento da forma, uma vez que já desapareceu. É a mesma coisa para o
carro ; quando ele quebra, vocês o trocam. Ah nunca lhes viria a ideia de
ser esse carro.
Por que vocês querem que minha consciência viva alguma coisa
de extraordinário, no momento de minha partida em Mahasamadi ? Eu permaneci identificado a mim mesmo, foi
apenas um veículo que partiu. Isso não
altera em nada o que eu sou, além de todo ser, de toda forma. Por que vocês
querem ter elementos para se referenciar no momento dessa morte ? Eu lhes disse um pouco antes : ao que
vocês se prendem no momento de vossa morte os prenderá, e muito mais ainda
depois. Mas aí, naturalmente, as circunstâncias, elas são diferentes, mas eu
repito, mesmo hoje, as condições de vossa morte condicionam o que vocês são
depois. Vocês são livres ou não ?
Se vocês são afetados pela ideia de vossa morte, eu não falo mesmo do
medo da morte, como vocês querem ser livres ?
O medo da morte traduz apenas o apego à forma e vocês constroem
histórias, cenários a não ter mais fim para evitar fazer face ao nada, para
evitar fazer face à Verdade. São
histórias que vocês se contam a vocês mesmos, porque outros antes de vocês lhes
contaram histórias, então vocês acreditaram.
Vocês criaram conceitos, vocês aderiram aos conceitos, espirituais, como
materiais. Vocês se acreditam
concernidos pelo karma, vocês se acreditam concernidos por uma relação, mas o
que vocês são não é concernido por nada, e se vocês o descobrem na carne, o
desaparecimento da carne e a consciência de alimento não muda nada.
Quando vocês partem, vocês não levam nada, nem corpo, nem
conceitos, nem posses. O medo da morte,
a interrogação sobre a morte, é apenas ignorância, e vocês substituem isso por
guirlandas de conhecimento. Vocês leem
livros sobre como morrer, e aliás as tradições os escreveram. Mas vocês já são mortos vivos ? É isso, o Liberado Vivo, ele já está
morto. O corpo está aí, mas ele está lá.
A consciência ordinária está aqui, mas ela está lá, e então ? O que é que
isso muda no que eu sou? Todas as
noites, o mundo, desaparece. Todas as
noites, vossa pessoa desaparece. E por que vocês têm medo do desaparecimento da
morte e não do desaparecimento do sono ?
Porque vocês adormecem com a certeza de que isso vai recomeçar. E o que é que vocês acreditam no nível
espiritual ? Vocês suprimem o medo
da morte porque vocês se dizem que vocês vão retornar. E depois, vocês passam seu tempo a tentar se
liberar de vosso karma, e vocês não fazem senão reforçar porque vocês
acreditam.
É a mesma coisa para todas as religiões, quaisquer que elas
sejam. Onde vocês olham, todas as
pessoas que estão nas religiões, exceto alguns santos que são muito raros,
estão ali apenas pelo medo – da punição, do karma, da falta, do mal. O Jnani
viu tudo isso. Ele o vivenciou, mas ele não é mais afetado. Ele não busca liberar-se disso uma vez que
está aí, isso não é ele. Portanto eu não
posso descrever-lhes a morte de um Liberado uma vez que a morte não é nada, é
um não- acontecimento. Vocês jamais nasceram, vocês jamais morreram. A pessoa sim. Portanto enquanto vocês estão
identificados à pessoa vocês estão convencidos de terem nascido e de morrer um
outro dia. Qual é a verdade disso ? Qual satisfação ?
O Jnani está vivo, que ele esteja vivo neste mundo ou morto
para este mundo não muda nada. Ele não é
afetado pelo aparecimento da forma como pelo desaparecimento da forma, senão
ele não seria eterno, senão ele se contaria histórias. O Jnani não conhece
nenhuma história, qualquer que seja sua cultura. Ele aceita o jogo porque o corpo está ali e a
consciência do saco de comida está ali, mas é tudo. Não há nenhuma implicação, não há nenhuma dedução,
não há nenhuma projeção, não há nenhuma ideia, nenhum pensamento, nenhum
desejo, em relação a isso. Isso é. E
isso passa, mas vocês, vocês não passarão jamais. Vocês não carregam nenhuma bagagem, se não é
aquela dos pesos de vossas crenças e das culpas. Vocês amam bem isso, no Ocidente, o castigo
eterno, o pecado mortal, mas o maior pecado, é acreditar que vocês são esse
corpo, não há outro pecado. Tudo decorre
disso.
Então depois, as religiões criaram modelos. É necessário
seguir o Cristo, é necessário seguir o Buda, é necessário seguir tal guru ou
tal outro guru. Fujam de todas essas organizações. Assim que há organização, há
mentira. Vocês não podem organizar o
Espírito, vocês não podem organizar o que vocês são. Organizar a vida, sim, mas não se ocupem do
Espírito. Assim que vocês buscam uma relação, uma correspondência, vocês são
apanhados, no jogo, vocês não veem mais o jogo.
Vocês são o ator que acredita que desempenha a verdade. Vocês nem mesmo pensam mais que há uma cena
de teatro. Vocês estão totalmente absorvidos em vosso personagem, com suas
alegrias e suas dores, e vocês se dão a boa consciência, se posso dizer,
dizendo « Eu busco a Eternidade e eu busco o Amor ». Mas vocês não
têm nada a buscar, vocês já o são. É o ego que os faz crer nisso.
Então no início, vocês meditam, para encontrar a paz. Em
seguida vocês fazem exercícios, em seguida vocês acreditam ou lhes contam
histórias. E depois em um dado momento,
tudo isso, deve ser deixado também, porque de qualquer maneira isso
desaparecerá. No momento da morte, como
no momento do sono, vocês não são mais concernidos por qualquer mundo que seja,
vocês não são mais concernidos por vossa pessoa, exceto na consciência de
sonho. Mas a vida é um sonho, que passa,
como qualquer sonho.
Outra questão.
Questão :
não há mais questões escritas. Podemos dar lugar às questões orais.
Então escutamos.
... Silêncio...
Questão :
há um testemunho.
Eu escuto.
Questão :
uma irmã deseja especificar, em relação à experiência que ela viveu com você no
mês passado, que o que lhe parece importante, para aqueles que estão prontos, é
se deixar levar e atravessar por suas palavras, de maneira que o mental
abdique.
Como eu disse, eu não me dirijo à pessoa, mesmo se é a
pessoa quem me ouve ; ela de fato tem razão. Deixem-se atravessar por
minhas palavras, não se agarrem, vocês terão a oportunidade de lê-las ou de
voltar a ouvi-las. Estejam plenamente presentes, qualquer que seja vossa
questão.
Respondendo à vossa questão, não é vossa questão, não é
vossa pessoa que eu toco, eu fraturo vosso mental, eu fraturo vossas certezas
ilusórias. Eu lhe agradeço.
Questão :
por que o mental não se prende.
Exatamente.
... Silêncio...
Aproveitem aliás o silêncio, entre suas questões, entre
minhas respostas, não tanto para cogitar, mas justamente para se deixarem, aí
também, atravessar por esse silêncio.
... Silêncio...
De fato, hoje, como quando eu estava encarnado, eu venho
quebrar vossas certezas mentais.
... Silêncio...
Eu lhes disse, a maneira como vocês morrem condiciona tudo,
não a maneira como vocês nascem.
É também essa, a liberdade dessa consciência dita confinada,
efêmera. Não se deixem apanhar. Não há nenhuma espécie de resolução concernente
ao que vocês são na pessoa. É
simples. Eu não lhes peço para
acreditar, eu lhes peço para aceitar uma ideia ou um conceito e verificar por
vocês mesmos. Não há senão vocês que
podem verificá-lo. A verdade é simples,
muito simples, como vocês querem que o ego a aceite ? Como vocês querem que uma história
capitule ? Cessem as
identificações, cessem de se acreditarem isso ou aquilo, cessem de se
acreditarem um buscador que vai um dia encontrar alguma coisa. Não há senão
quando o motor da busca para que vocês estão livres, não antes. E o ego lhes sussurra que mais há questões e
mais vocês apreendem as coisas, mais ele está tranquilo, mas assim vocês
constroem uma prisão a cada minuto.
No máximo vocês têm a definir quais são vossas
prioridades. O que é importante ?
Se é vossa pessoa, então ocupem-se de vossa pessoa, se é vosso karma, então
resolvam o karma, mas vocês permanecerão sempre uma pessoa, sempre acorrentados
nas ilusões. Não há nenhuma espécie de
resolução nisso, não há senão satisfações do ego. O ego se deleita na lógica, no simbolismo, na
busca, na satisfação dele mesmo, na repetição das experiências. Essa avidez é sem fim porque ela é a
peculiaridade da pessoa e do ego. O
Jnani não pode ter nenhuma avidez, o que não quer dizer que não há prazer,
qualquer que ele seja, mas ele não está submetido. Seu corpo está submetido às leis deste mundo,
mas ele não o está, uma vez que ele não é esse corpo, nem essa história, nem
essa vida.
Questão :
nos foi dito para dizer : « Pai eu entrego meu Espírito em suas
mãos. ». Como fazer se não há Pai ?
Mas você se prende muito ao sentido literal, você. O que é esta maneira de transformar as
coisas ? Eu disse que são níveis de
realidade relativas, que apenas passarão, eu não disse que não há Pai. O Pai está em um nível de realidade uma vez
que você é seu filho ou sua filha, como o disse o Cristo. É uma atribuição, uma função. Tudo depende do ponto de vista. Quando você é liberado, não há Pai, não há
Mãe. Enquanto você não é liberado, você pode conceber e aderir ao fato de que
há um Pai, um salvador, um Cristo, Maria e o que você quiser. Eles existiram, não ? Eu disse que isso não é Verdadeiro. Eu disse
que isso não era, que isso não existiu ?
Você vê a técnica de projeção de seu próprio mental que se
encarrega das palavras e dos conceitos para transformá-lo ao seu gosto. Não é porque eu disse que tudo isso é falso
que isso não existe. Existir, é estar
fora da Verdade. Vocês estão além da existência.
E a expressão « Pai, eu entrego meu Espírito em suas mãos »,
quando é vivido e não conceitualizado, você é livre, porque você demonstrou
nesse momento que você foi crucificada. Não há necessidade de ter os pregos nas
mãos. É essa a renúncia, é isso o sacrifício. Eu jamais disse que o Pai era uma
ilusão. Este mundo é uma ilusão, as histórias são uma ilusão, mas a Fonte, ela
existe. E no entanto, vocês são
anteriores à Fonte. Vocês são o Todo, mas aqui vocês não são nada.
A frase « Pai, eu entrego meu Espírito em suas
mãos » é evidentemente pronunciada pela pessoa, e essa frase desbloqueia,
se posso dizer, o abandono, o sacrifício.
Enquanto você acredita dirigir sua vida, ela a conduz pela ponta do
nariz e vocês alternam alegrias e sofrimentos.
E quando vocês estão alegres, vocês esquecem o sofrimento, e quando
vocês estão sofrendo, vocês buscam a alegria. É sem fim. Olhem nossas vidas,
quando estamos aprisionados, é uma sucessão de sofrimentos e de alegrias. O que
é durável nisso ?
Quando eu digo que esse corpo é uma ilusão efêmera, é que eu
digo que não há corpo ? É claro que
o corpo está aí, quando vocês estão encarnados, vocês estão dentro, vocês não
podem ignorá-lo. Ocorreria a você a
ideia de dizer que você é seu carro ? Você sabe, nesse caso, perfeitamente fazer a
diferença entre seu carro e você. Seu
corpo lhe pertence, mas ele não é você.
O Pai está presente em todas as histórias, em qualquer mundo
que seja, portanto ele existe. Você vê
como é fácil transformar o que foi dito assim que você se prende ao mental. Seu
mental deteve minha proposição e fez disso uma compreensão, uma interrogação.
Portanto você não foi penetrada, como o disse nossa irmã há pouco, você não
atravessou, você deteve os conceitos, você deteve minhas palavras. Deixe-se atravessar. Eu lhe mostro por aí
mesmo que é seu mental que quer apreender. Você analisa, seu ego analisa o
sentido das palavras, em referência ao que foi dito, comparando-as,
ponderando-as, dizendo « Eu compreendo » ou « Eu não compreendo ».
Você vê a ilusão disso ?
Questão :
sim.
... Silêncio...
Eu esclareço que quando há silêncio, o vosso ou o meu, a
Infinita Presença e o Fogo do Espírito estão aí.
... Silêncio...
Vocês já vivenciaram, com outra coisa do que as formas e as
histórias. Chamaram isso o Impessoal, o Espírito do Sol, o Coro dos Anjos,
justamente para fazê-los sair da identidade à uma forma, à uma história. Mas
vocês, olhem bem, o mental, o ego busca sempre comparar, para conduzir ao que é
conhecido, ao que foi vivido por você ou por outros. Mas assim que vocês estão ocupados com isso,
onde está a Liberdade ? Onde está a
Verdade ? A Verdade não pode estar
inscrita no que quer que seja que apenas passa.
Um sistema solar nunca é eterno. Certamente que não é, aparentemente, a
mesma escala de tempo, mas toda criação tem um fim. E no entanto a criação é infinita, ela é
livre. O que quer dizer, é claro, que
você está acima de toda criação, acima do Pai. Eu emprego acima, não busque um
lugar, é uma expressão. Você é anterior a todo conceito, a toda ideia, a todo
mundo, a toda criação e a toda dimensão.
Olhe a frase do Cristo : « Pai eu entrego meu
Espírito em suas mãos ». « Eu e meu Pai somos Um. » Você vê a
contradição nisso ? E no entanto deus sabe se essas frases são
importantes. Olhe as duas frases, sirva-se de sua ferramenta mental, aí :
« Eu e meu Pai somos Um. », « Pai, eu entrego meu Espírito em
suas mãos. » Mas se nós somos Um, o que eu posso te entregar ? Quem
fala ? É a história que falava, não o que ele era, não o que ele é. Se isso lhes parece coerente, no plano da
lógica, dizer : « Eu e meu Pai somos Um. » e « Pai eu
entrego meu Espírito em suas mãos », bem eu estou desolado, para mim isso
não tem lógica. Isso não quer dizer que
essas frases não foram pronunciadas, isso não quer dizer que elas são falsas.
Elas refletem, como eu lhes disse da última vez : « Eu não sou esse
corpo ». Vocês criam uma fratura em vosso mental. O Cristo rasgou o céu e a terra. Aliás houve um grande silêncio, um grande
tremor de terra, quando da crucificação.
É a verdade da história.
Coloquem as duas frases diante de vocês : « Eu e
meu Pai somos Um. », « Pai eu entrego meu Espírito em suas
mãos. » . Mas se nós somos Um, nós
temos as mesmas mãos, o mesmo Espírito, e contudo há alguma coisa de essencial
nisso, mas não se prenda às palavras. Que seja em francês, que seja em
espanhol, que seja em latim, que seja em grego, que seja em aramaico, não se
prendam às palavras, ou seja à explicação, à compreensão, porque essas duas
frases estão bem além de qualquer interpretação, de qualquer exegese.
Você compreendeu ?
Questão :
há uma diferença fundamental entre o fato de ser liberado agora ou após o Apelo
de Maria e os três dias de estase ?
Vocês vão vivê-lo, portanto vocês verão bem. Sim, há uma diferença. Aquele que é liberado
identificou todos os apegos, eles são dissolvidos. Aquele que vive o Si nunca pode estar certo
de que não existem ainda apegos, de algum modo, laços, e no entanto a
finalidade é exatamente a mesma. Mas o
que se poderia chamar essa passagem, de certo modo, é mais ou menos
evidente. Mas sim, você tem razão, no
fim, o resultado é exatamente o mesmo. Em um caso, na Liberdade, haverá
instantaneidade, que haja retorno no corpo ou não, e para aquele que não está
liberado anteriormente a esse acontecimento, terá de passar.
Ninguém pode penetrar o Reino dos Céus, lhes foi dito, se
não se torna como uma criança. A criança se preocupa com o amanhã ? Sua pessoa lhe dá a ver uma criança que é
espontânea, natural, ou um adulto que cogita ? O Jnani é como uma criança. Ele sabe que todos os conhecimentos, mesmo se
era um erudito de início, não são senão jogos. Nada o pode prender.
A finalidade é a mesma, a passagem é exatamente a mesma, mas
se faz de diferentes maneiras. Somente o Liberado Vivo viu todas as facetas do
ego, da pessoa. O Si viveu na pessoa,
mesmo se é uma transcendência da pessoa, mas a pessoa está sempre lá. Aliás, isso foi explicado, e eu o disse
quando eu estava em meu corpo de carne : mantenha firmemente o Si, o
« Eu Sou », e depois, é necessário desfazer-se de tudo isso. Vocês não são mesmo o Si. Mas eu jamais disse que o Si não existia, uma
vez que eu disse mesmo que é necessário afirmar o Si. Tudo é questão de tempo,
de ritmo. É a única maneira de sair da história e do ritmo, e permanecer
imutável. Não há outra, vocês o sabem.
Enquanto vocês não são nada, aqui, enquanto vocês não são o mais pequeno, vocês
não podem ser livres. Eu os remeto ao
que disse alguns Anciãos, e em particular, há muito tempo, o mestre Philippe.
Ser nada não quer dizer ser tímido e se tornar um ermitão,
isso quer dizer ter reconhecido a Ilusão e que isso apenas passa, qualquer que
seja sua intensidade.
... Silêncio...
Questão :
como nós jamais nascemos se nós somos todos os filhos de Maria ?
Mas é muito simples, vocês não estão ligados ao tempo e ao
espaço. Esse corpo biológico vem de
Maria, é a verdade, ela sempre lhes disse. Onde você ainda vê um
problema ? Por que você busca
permanentemente confrontar as coisas ?
Você não deixa as palavras lhe atravessarem, você as retém. É isso que você deve ver. Seu mental não quer ser quebrado, ele está na
frente da cena. Qualquer que seja seu
coração, seu mental faz obstáculo, seu mental a limita. Pare de acreditar em todas essas tolices,
você é livre. Como você pode imaginar
ser livre ? Em um dado momento, é
necessário deixar seus pais e viver sua vida. Em um dado momento, é necessário
deixar seus modelos, é necessário matar pai e mãe, simbolicamente, é necessário
matar todos os mestres. Você não vê que
você se apoia sem parar sobre isso ? Você tem necessidade
disso ? Por qual razão ? Você o vê ? Olhe por que.
Qual é essa adesão ? Você
está apegada à história. Eu não disse que o Cristo não era o Cristo, eu não
disse que o Pai não existe.
Questão :
sim, eu estou apegada à história.
Então fique aí, mas não venha se queixar. Você nunca viverá
a Liberdade assim. Você acredita estar
livre de seus sofrimentos e afetos ?
O que é que você busca ?
Coloque claramente as coisas.
Enquanto você ama a história, você viverá a história, é sua liberdade,
mas não venha me dizer que você é livre aí dentro. Você está condicionada.
Enquanto você não viu que não havia história, nem mundo, nem dimensões, e não
mais que você, como você quer ser livre uma vez que você mesma diz que você ama
a história ?
Questão :
eu conheço apenas isso portanto eu me refiro a isso.
Mas pare de se referir ao que você conhece, esqueça todas as
histórias. Você tem necessidade de se agarrar e você diz que você ama a
história, mas ao mesmo tempo você reivindica alguma coisa ou nada. A história é sem fim. A Liberdade jamais se
encontrará em uma história, nem em uma forma, nem em um conceito. A Liberdade não conhece nada de tudo isso. O
Liberado não conhece nada de tudo isso, ele as viu, ele as vê. Ele conhece os pesos de seu corpo, os pesos
de sua vida, mas ele não é isso. Um impede o outro ? Quando eu estava
encarnado, eu não falei da tradição de onde eu surgi ? Eu não fiz senão
isso. Isso não é oposto, paradoxal ou exclusivo, é inclusivo. Mas enquanto você
não viu isso, você está atada, acorrentada à história
Você ainda tem necessidade de amar em manifestação, que seja
o Cristo, que seja não importa quem, mas você ama a você mesma ? Você não pode estar ocupada em amar as formas
e as histórias e amar a você mesma, isso não é possível. Desde que você ame a você mesma, desde que
você ame o que você é, mesmo se você não o vê claramente, você perceberá que
não há necessidade de histórias de amor, da carne ou do Espírito. Isso não quer dizer que é necessário jogá-las
longe, isso que dizer que não é necessário ser tolo. Todo conhecimento não é senão ignorância,
enquanto você não tiver compreendido que o verdadeiro conhecimento é
ignorância, você não viverá a Liberdade.
Eu não te pedi para renunciar ao Cristo ou renunciar ao que
quer que seja, mas para ver o que isso é.
Há o medo e portanto, em consequência, a falta de amor por
si. É um amor condicionado. O Liberado Vivo vive o Amor. Ele não tem
necessidade de se contar histórias, mesmo se ele conhece todas as histórias.
Ele não tem necessidade de justificar, de explicar ; isso é bom para o
mental, para a pessoa. Eu bem disse que eu me dirigia ao que está atrás da
pessoa, ou dentro, chame isso como você quiser, se há necessidade de uma
representação.
… Silêncio…
Todos os irmãos e irmãs que amam um mestre, um guru, um
deus, não podem ser livres. Eles aí
encontram uma consolação, de esperança, um futuro, um modelo, sei lá, mas
enquanto você está ocupada com isso, você não saberá jamais quem você é. E quando eu digo saber, não é um ato
intelectual, é exatamente o inverso. Você é anterior a toda história.
… Silêncio...
Questão :
você teve êxito em convencer muitos mestres desencarnados do que você expôs
hoje ?
Uma vez transitado ?
Questão :
sim.
Mas qual interesse ?
Eu respeito a Liberdade de cada um. Se alguém quer jogar o papel de um
Melchisedeque, eh bem ele será bem-vindo ali, vocês o sabem. Eu não tenho
ninguém a convencer, eu não posso senão quebrar vosso mental e ir além de
vossas certezas, que são apenas defesas, mas que não são a vivência. Vocês colocam frequentemente a questão :
« Eu sou Liberado ? ». Mas se vocês são liberados, não pode mais
haver esse gênero de questões, nem sobre vocês, nem sobre a história, nem sobre
o karma, nem sobre o que quer que seja.
Eu disse, quando estava encarnado, que é necessário
respeitar as crenças de cada um, portanto eu não venho convencer, eu não venho
impor, mas eu venho mostrar a Verdade.
Eu disse : « Minhas palavras não podem falhar », e as
pessoas, os irmãos, as irmãs que vinham me ver, a maioria não compreendiam
nada. Qual importância ? Eu não
estava ali para que eles me compreendessem ou para que eles se compreendessem,
mas para que eles deixassem cair essa história de compreensão, de conhecimento.
Vocês não podem convencer ninguém, vocês devem respeitar a Liberdade. O que eu
faço é esclarecer. Quando eu digo que é
necessário renunciar às histórias, eu não disse que é necessário se desviar do
Cristo ou de Buda ou de Maomé, eu disse que é necessário ir muito mais profundamente. Mas tudo depende do que vocês buscam, tudo
depende do que vocês acreditam buscar.
Se vocês buscam as histórias, elas são inumeráveis e elas são infinitas,
mas elas não são eternas. Vocês têm todo
vosso tempo.
Eu não quero convencê-los, porque convencer é o que ? É
mental. Enquanto isso não é vivido, quaisquer que sejam as convicções que você
tem, são erros.
… Silêncio...
Questão :
há a vida efêmera onde há o fazer, qual é o acesso à vida eterna do ser ?
Qual é o acesso ? Isso quer dizer o que ?
Questão :
como acessar, fazer o switch ?
Cessando a identificação ao corpo, à história, ao
personagem. Parece que eu me expressei por dezenas de horas, e milhares de
horas quando estava encarnado, sempre sobre a mesma coisa. Não há solução em
meio ao efêmero. Para onde quer que você se volte, não há senão becos sem
saída. Aceite isso já, e você
compreenderá, que não serve para nada « como fazer ». Exatamente, isso
não é possível. É necessário deixar a pretensão de crer que a partir da pessoa
vocês vão encontrar o que vocês são, o Impessoal, o Sem-forma, o Parabrahman, o
Absoluto. Não há nada a buscar, não há nada a encontrar. Isso já está aí, é
somente ver, e não é um « como fazer ». Nada de vossa pessoa pode liberá-los. Somente
o Sem-forma que vocês são o pode, o Fogo, o Espírito, o Coro dos Anjos, o
Impessoal. Mas vocês, por vocês mesmos
em meio à pessoa, é como se você me perguntasse como seu carro pode voar ?
A Verdade não está nesse corpo, sim, mas a partir daí onde
você diz « meu corpo », você bem sabe que não é você. Qual é o princípio, ainda uma vez, de
apropriação do que não é verdadeiro ?
Você constata que o corpo está aí, que ele tem necessidades, que outros
corpos estão aí e que é necessário organizar isso. Isso, é perfeitamente justo. É por isso que
não há melhor analogia do que o sono. Se
você vê isso por analogia, como acabei de dizer, então é ganho. É sempre a
pessoa quem busca. Ela busca o
que ? A Verdade, mas ela jamais conhecerá a Verdade, no máximo ela pode
ser a testemunha de vocês mesmos que são a Verdade.
É por isso que a meditação, enquanto o Si não apareceu, é
primordial. Mas o que o Liberado tem
necessidade de meditar ? Ele tem
necessidade de se provar o que quer que seja ? Lembrem-se, quando eu estava encarnado, com
os conselhos de meu mestre eu pus três anos. Hoje, em todo caso em meu
continente de origem, vocês têm irmãos e irmãs que são liberados, sem nada
conhecer do karma, da espiritualidade, tão rapidamente quanto eu. Ainda uma vez, o problema fundamental é a
identificação ao corpo, não há outro. A identificação ao corpo é a
identificação a uma história, aos afetos, às posses, às relações, sejam elas o
Cristo. Mas como eu disse estando encarnado, mesmo se vocês vivem com o Cristo,
em um dado momento, é necessário ver a Verdade.
E as mulheres são mais dotadas para isso, porque enquanto esposas do
Cristo, é muito mais fácil fusionar e desaparecer.
Aliás, se diz, eu disse quando estava encarnado, isso lhes
foi dito em inumeráveis ocasiões : que não é a pessoa que é liberada, são
vocês que são liberados da pessoa. Coloquem essas duas frases diante de
vocês. Olhem, tudo está aí. Vocês não têm necessidade de nada mais, nem
do Cristo, nem do Buda, nem de Maria. Eu
não disse que eles não existiam ou que eles não serviam para nada, mas em um
dado momento, é necessário simbolicamente matar o pai e a mãe. Como vocês
querem ser autônomos ? Como vocês querem se ver ?
... Silêncio...
O tempo atribuído esgotou-se.
Mas você falou ?
O tempo atribuído esgotou-se.
Então Bidi vai deixá-los repousar os ouvidos, e eu lhes digo
até logo.
***
Tradução do Francês: Ligia Borges
A melhor das soluções não é e não será jamais melhorar o que quer que seja em meio à pessoa porque isso concernirá sempre à pessoa, e portanto ao efêmero.
ResponderExcluir.........
Enquanto você acredita viver sua vida, você não está disponível para a Vida.
.........
Parem de querer apreender as coisas que passam, vocês não são o que passa, vocês jamais o serão. É uma identificação ilusória à Ilusão, não há nenhuma verdade aí.
.........
O ego é malandro, ele os faz acreditar que vocês podem tudo melhorar, tudo solucionar, qualquer que seja a técnica, e de um golpe vocês esquecem o que vocês são, e vocês reclamam que não estão em paz.
.........
A única Paz eterna encontra-se em vocês e ela não depende de vocês, ela é o que vocês são.
.........
A pessoa faz obstáculo à Alegria, faz obstáculo à Paz, é ela que os tortura, mas vocês não são essa pessoa. Cessem de se identificarem a esse corpo, a essa pessoa, a essa história, a essa vida. Vocês são a Vida.
.........
Ultrapassem a causalidade, ultrapassem a ação-reação deste mundo. Vocês não são este mundo.
.........
Não é porque vosso veículo morre, que vocês morrem.
.........
Sem humildade, sem simplicidade, sem sacrifício, não há liberdade, resta apenas o livre-arbítrio e uma sucessão de karmas, de prazeres e de dores.
.........
Vocês devem ser capazes de permanecer totalmente imóveis, o que quer que faça vosso corpo, o que quer que façam vossos conceitos e o que quer que façam vossas ideias, e também vossas relações.
.........
Tudo o que passa é falso, que isso seja vossa vida, que isso seja um sistema solar, que isso seja não importa o que.
.........
Mas vocês já são mortos vivos ? É isso, o Liberado Vivo, ele já está morto.
.........
Eu esclareço que quando há silêncio, o vosso ou o meu, a Infinita Presença e o Fogo do Espírito estão aí.
.........
Somente o Liberado Vivo viu todas as facetas do ego, da pessoa.
.........
Enquanto vocês não são nada, aqui, enquanto vocês não são o mais pequeno, vocês não podem ser livres.
.........
Seu mental não quer ser quebrado, ele está na frente da cena.
.........
Para onde quer que você se volte, não há senão becos sem saída.
.........
É necessário deixar a pretensão de crer que a partir da pessoa vocês vão encontrar o que vocês são, o Impessoal, o Sem-forma, o Parabrahman, o Absoluto.
.........
Não é a pessoa que é liberada, são vocês que são liberados da pessoa.
Mas o que afinal das contas, estão escondendo de todos nós ? Será que se os Humanos conseguirem "não estar mais na pessoa", vamos evitar qualquer ação catastrófica, ou simplesmente, por quase todas estas mensagens, ainda continuaremos a "correr atrás do rabo ou da cenoura ? Quais são os exemplos que podemos fazer, que não os que alguns "mensageiros", enquanto encarnados fizeram, como fumar vários cigarros, e/ou outros comportamentos bem pessoais ?
ResponderExcluirO que ainda esta faltando ?
Daniel Branco
Daniel Branco, estas mensagens nunca foram tão claras, aprofundadas e sinceras, sendo esta do Bidi um exemplo primoroso disso. É claro que o Bidi não falou para ninguém, a nível pessoal, como ele próprio enfatiza, já no início. Quanto a esconder alguma coisa, isto seria impossível nestas manifestações impessoais. Quanto a hipótese de deixar de ser pessoa, se aí poderíamos evitar catástrofe, isso não se aplicaria, e nada teria a ver, pois só no contexto da pessoa é que se lida e se concebe tais ações catastróficas. Quanto a andar atrás do rabo ou da cenoura, isso só termina quando a pessoa termina, mesmo que se tenha lido todas mensagens ou escrituras mais sagradas. Então, para a pessoa sempre fica mesmo complicado, mesmo essas magníficas mensagens; mas nada que o juramento e a promessa não resolva dentro dos 9 dias preliminares, seguidos dos famosos 132 dias, tendo início esse período na visibilidade do Astro Celeste e fim no Planeta Grelha. Bem, sequer existe outra alternativa. Ou o Amor ou o medo; ou a eternidade ou a ilusão do efêmero.
Excluirola querido Manuel, irmão trabalhador foste bem claro em seu auxilio . Paz, Alegria e Amor. Vivenciando do a Ação da Graça
ExcluirCaro Daniel Branco, nada pode ser escondido, a Luz mostra tudo, na política, na economia, de modo individual, de modo global, tudo está vindo à tona. Complementando o Manuel Egídio, a pessoa não pode ver a verdade, a pessoa não pode ser a Luz, ela pode se banhar na Luz, alcançar o Si, ou uma pseudo-iluminação, é muito simples, quando o "eu" desaparece, o que você é em verdade, está por trás, estava ali quando você era uma criança virgem de todo o conhecimento, está em cada ser vivo. Se você consegui se apagar nesse momento, a consciência perde o foco, perde toda a referência, não há visão alguma, não há "eu", não há sujeito ou objeto, não há história, não há nem mesmo o vazio, pois mesmo o "vazio" não é identificado nesse momento, então houve o sacrifício, o Absoluto emerge por si só, você ri disso, pois sempre esteve ali. Você vivencia o que Cristo disse: o que nasce da carne é carne, o que nasce do Espírito é espírito. Você vê sua pessoa estando fora dela, você vê os arquétipos da mente, você vê o processo todo, pois você está além da Consciencia, além do Ser. Não pode haver dúvida, depois disso, você compreende as coisas, sem esforço, sem passar pelo mental. Todas as palavras se tornam obsoletas, você vive coisas que são impensáveis agora, mas isso não quer dizer que a sua vida vai ser um mar de rosas, mas os problemas financeiros, de saúde, de relacionamento não te afetam mais. Cada um é a Verdade e a Vida. Parece difícil para a mente compreender, mas isso é extremamente simples. O liberado vivo não se importa se morrer 1000 a esquerda e 10.000 a direita, ele não é o que acontece na tela, ele não é o corpo, mas ele vive a verdade. Pare tudo, apenas observe, viva a vida, faça da Eternidade a sua amante, a sua noiva, dilua a si mesmo nela. Repito, isso é simples, não há magia, não há fogo saindo pela boca, ou outra coisa assim, pois isso é só um click. Algo que estava apenas camuflado pelo o ego que não quer lagar o osso.
ResponderExcluirGraças, Luiz Antonio...
ExcluirGratidão pelos enfoques da mensagem Manoel Egídio! E ao Luiz Antônio também, por suas sábias palavras que nos elevam e nos ajudam a enfocar a Eternidade que Somos.
ResponderExcluirAproveitando essa ainda maior clareza do Bidi sobre o ABSOLUTO, e também entrando um pouco mais nessa "Onda Absoluta" que gerou a fala do Daniel Branco, minha correspondente resposta, o próprio lúcido posicionamento do Luiz Antonio, e também levando em conta o que de mais interessante tem me ocorrido nestes últimos dias, principalmente noites... Sinto-me levado a dizer o que segue:
ResponderExcluir"Imaginemos que tudo é fruto de uma grande emanação, incessante, que gera tudo, desde o menor dos sussurros até ao mais astronômico dos ruídos, desde ao mais incolor ao mais colorido, desde o sem cheiro ao mais cheiroso, desde o indolor ao mais dolorido, desde a calma à maior das fúrias, desde o mais ausente até o mais presente, desde o impassível ao tempestuoso, desde o mais harmônico dos gestos ao mais estapafúrdio; enfim, que consigamos imaginar ser impossível que algo se manifeste, de qualquer forma que seja, em qualquer lugar que seja, pelo tempo que for, sem que seja proveniente dessa emanação única que jamais sequer pode cessar, sob pena do fim da própria existência.
Então, imaginado isso, onde tudo, e tudo mesmo (incluindo o próprio nada), emerge sempre da mesma origem, sem qualquer exceção e não podendo ser de outro modo... Então, diante disso, até já daria para compreender que existe algo atrás de tudo; algo certamente imenso, algo que sequer poderia ser mensurável; algo que manifesta tudo, mas que não é nenhuma destas manifestações, até porque toda manifestação é limitada, por mais grandiosa que seja, e até porque, é impossível o manifestante ser o manifestado (e vice-versa).
Assim, diante do já exposto, fica até fácil imaginar que tais manifestações são na verdade o que existe de mais original, e é o que vive acontecendo o tempo todo, desde sempre, perfazendo mesmo o que se pode chamar de cada instante. Aliás, para aqueles que percebem estas manifestações, mas sem lhes fazer qualquer acréscimos, ou lhes apresentar qualquer ação/reação, sendo mesmo apenas atravessados por elas, tais manifestações se mostram capazes de desdobramentos dos mais saudáveis. Claro que existe também o outro lado, daqueles que chegam até a se interporem a estas manifestações, o que as tornam aparentemente até desagradáveis ou conflituosas, esquecendo-se que eles próprios adulteraram a manifestação original, não permitindo que ela se desdobrasse, segundo sua própria natureza e realidade, e até por respeito a tudo que é".
Disso tudo fica por fim a seguinte lição: aquele que não interferir no que acontece, deixando que o que acontece tenha seu próprio desdobramento, este estaria sendo um e o mesmo com o Absoluto, cuja característica fundamental é justamente a não interferência, dado que sua emanação é perfeita. Em outras palavras: todo aquele que interfere, no que quer que seja, deixa de viver o Absoluto que necessariamente ele é.
Bem, tenho que concordar, que realmente estas são "Lindas Palavras", mas não respondem ao questionamento original. Estas são palavras do tipo que encontramos nos textos Zen, ou seja fala-se muito mas não se diz nada, parece discurso de Filósofo. Porque coloquei este questionamento! Porque estamos , alguns, lendo estas mensagens a mais de uma década e o Escopo dos textos é o mesmo, sair da Pessoa, não deixar o Ego tomar conta de nossa vida ! Mas se não estivermos mais na pessoa, quando da chegada do "Segundo Sol" / Elenin, vai fazer alguma diferença ?
ExcluirObrigado aos que responderam.
Danel B.
Bem, Daniel Branco, longe de criar discussão, é óbvio, mas pelo menos em relação a algumas coisas que você disse, sinto precisarem de esclarecimentos, tais como: nenhum ser liberado, onde a pessoa sai de cena, sequer pode fazer ideia do que seja ser filósofo ou Zen; onde palavras assim podem até ser mencionadas, para fins de comunicação, mas o ser liberado, mesmo, desconhece o que seja isso (a não que ele recorra à mente, mas aí, ele deixa de ser liberado, de pronto, pelo menos naquele instante). Quanto a estar na pessoa ou ser liberado, de modo algum é a mesma coisa perante a chegada do 2º Sol/Elenin, exceto que ambos passarão pelo processo; contudo, o liberado, que além de se encontrar liberado antes, viverá diferentemente o processo. No caso da pessoa, não será de se admirar que ela fique muito confusa e assustada perante tais eventos, enquanto que o liberado viverá ainda em maior deleite. Os próprios destinos serão bem diferentes. Aqui não há juízo de valores, de menos ou mais, mas entrar nisso agora já seria se estender para além daquilo que este comentário se propôs.
ExcluirDe qualquer modo, gostaria de cumprimentá-lo por ter se exposto nas suas dúvidas, e até por ter lido tanto. Também, o fato da pessoa ainda continuar em cena, antes dos eventos, não significa que não terão grandes variações dentro do processo e se limitem a dificuldades generalizadas, pois foi dito que algumas morrerão de susto já nas trombetas, por exemplo, outras se impactarão muito favoravelmente, sendo que outras ficarão até o fim da estase, e mesmo ficarão para os 132 dias. Repito, sob o ponto de vista do Espírito isso tudo não faz diferença, embora faça para a pessoa.
Bem, obrigado BIDI por seus golpes de bambu e marteladas no mental, me fez ter um outro olhar sobre todas as coisas ao meu redor, muito véu tem sido desconstruído com muita evidência, todos os dias.
ResponderExcluirLindo ler isso que você disse, caro Ectoplasma. Fiquei realmente feliz por essa sua mudança de olhar e pelos véus descontruídos.
Excluir"aquele que não interferir no que acontece, deixando que o que acontece tenha seu próprio desdobramento" é bem isso, Manuel Egídio, isso é ser o menor de todos, como dizia Cristo. Isso é ser humilde, isso é não aderir à ação-reação. Isso é por a Luz a frente, que seja diante de uma situação alegre, que seja diante de uma situação desagradável. Essa é a posição do observador, de neutralidade, imobilidade. A pessoa vai aos poucos se tornando cada vez mais transparente, o Espírito vai tomando todo o lugar, até que haja a famosa capitulação tão falado por BIDI, uma sublimação, um gozo adorável no Amor. Nascer de novo, Ressurreição. De todo modo, tudo fica bem no Final, pois esta é a garantia do Absoluto.
ResponderExcluirPerfeito, Luiz Antonio; mesmo que o final para muitos ainda não seja agora, o que também não faz diferença para o Absoluto (embora sempre faça para a pessoa). É claro que mesmo os recrutáveis pelos Arcontes, no dizer do Aïva, por exemplo; e mesmo os próprios Arcontes, ainda assim, estarão sempre de bem com o Absoluto, mesmo antes do Final deles.
ExcluirOra, se lermos com atenção, desde o início das mensagens e passando pelas respostas dos que aqui estavam presentes, veremos que é um "jogo de palavras" e não tentar "impedir" o que quer que aconteça ! E quando me refiro a esconderem algo, é porque vivemos uma "grande mentira" nesta "grelha planetária" . E a maior delas seja da nossa "criação/creação" , tanto da "origem, que pode ser Genética , quanto do nome que damos a maior da "entidade Divina" ,que falamos diariamente, tudo esta "invertido" nesta "Dimensão" e portanto qualquer informação que chega até nós Humanos, cativos; prisioneiros em todos os sentidos, tem que ser abordada com cautela, até o desprender da "Pessoa", que pode ser "fruto" da Personalidade, pois está é de natureza Racional e Inteligente, tem que ter cutela. Quem manda e controla esta Humanidade, não vai "soltar" o osso facilmente, "seremos acompanhados até o final pela sombra" (Omram).
ResponderExcluirObrigado. E se ainda estamos aqui na frente de uma tela de computador é porque ainda estamos aqui, "na Grelha"!
Daniel B.
Daniel B., é verdade sim que vivemos uma grande mentira dede o começo desse mundo, e que essa coisa vai até o último minuto dessa humanidade (grelha planetária só depois dos 132, tá). Quanto à criação, a verdade é que houve uma falsificação a posteriori, o que acabou gerando esse falso mundo, todo invertido, onde nenhuma informação é confiável, como você disse. Quanto à cautela que se deva ter, conforme você disse, em principio não seria uma boa cautela, pois isso reforçaria muito as características pessoais e aumentaria o barulho do mundo; até porque, o que nos resta mesmo de Verdade, é nos acautelarmos no abandono à Luz. Quanto ao fato de estarmos em frente a uma tela de computador, isso necessariamente não significa mais confusão e nem tão pouco que tenha a ver com a Grelha (depois dos 132), pois pode perfeitamente ser destinado a brindar, por exemplo, à aproximação de Nibiru, como também, por exemplo, recepcionar essas mensagens luminosas "AD". Agora, se ainda estamos aqui é porque a Vida quer assim, principalmente para que vivamos nestes tempos vindouros tão excepcionais, até por se tratar do próprio final do filme (ou teatro).
ExcluirBidi, falar o quê, mas tudo está ai, é desaparecer
ResponderExcluirRendo graças
Desta vez me senti assistindo um filme em 3d e as palavras saiam da tela e cruzavam meu corpo. Espero ter assimilado mais e compreendido com suficiência.
ResponderExcluirDaniel B, vc tem razão, quantas décadas estamos envolvidos com os mesmos dizeres, a grande diferença, é que agora não ouvimos só pelos ouvidos e sim por todo o corpo. A Inteligencia da Luz, independente se vc está sentido ou não, assumiu o comando e nos prepara para dissolvimento em definitivo da ilusão. Então, queridos companheiros, defiquemos na Paz.
OHGLORIA, esse seu comentário é o meu 2º contato de hoje com o computador (levantei-me tarde - rs). Mas foram tão boas as suas palavras que me "despertei" de vez, e não pude deixar de dizer alguma coisa (rs). Graças, pois recebi essa sua bela vivência como um autêntico presente... Fiquei muito feliz por você...
ExcluirAmei cada palavra! Seja de Bidi, seja dos comentários! Em relação aos cigarros de Bidi, concerniu à pessoa que ele foi em vestes de carne, e não ao que sempre foi, é e será, assim como todos nós: o Absoluto. Independente dos hábitos, somos simplesmente isso. Enquanto houver questões, o ego continua no comando.Eu me questionava também, se tudo era real (as mensagens Hercólubus,etc), até o início das Radiâncias Arcangélicas iniciarem. Durante, senti o Fogo do coração, um processo muito doloroso, que me atravessou de trás pra frente vibração de mãos e pés, e desde então a indiferença e a estabilidade emocional, se instalaram, e percebi que realmente "existe o antes e depois". A Alegria e o Amor tem tomado conta da minha vida independente dos revezes cotidianos. Parece que nada mais do efêmero me afeta. Ainda tem as idas e vindas, mas parece que meu ego depôs as armas, consigo maior consciência de quando é ele agindo, e quando ele simplesmente desaparece. E desaparece quando estou totalmente no presente. No coração do coração.
ResponderExcluirMaravilha esse seu pronunciar-se, Anônimo; inclusive confirmando possibilidades grandiosas mesmo antes dos eventos, em particular nas Radiâncias Arcangélicas. Adorei também suas ótimas alusões à msg e aos próprios comentários.
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