De Coração a Coração – Encontro Íntimo
Satsang com
Jean-Luc Ayoun
6 de dezembro
de 2025
Extrato 1
Irmã: Mas o
que está acontecendo aqui é que, bom, eu continuo identificada, e este corpo
está em grande sofrimento e cansaço porque eu não durmo há dois anos e meio,
durmo muito mal, não quero me drogar, então, bem, é a depressão, são as
angústias, depois é a hipertensão. Enfim, eu tinha preparado uma pergunta para
Oma ou Bidi. Bom, não vou ler tudo o que eu tinha para perguntar, mas, na
verdade, o que aconteceu é que eu…
JLA: Espera, espera, tradução. Elisa, você pode nos resumir
ou eu não parei cedo o bastante?
(Elisa traduz
do francês ao espanhol.)
Irmã: Então,
por cima disso veio ainda se acrescentar um parasita nos intestinos, e eu tomei
medicamentos à base de plantas, não passou. Depois, um antibiótico durante dez
dias que me deixou completamente acabada, e eu estou num estado de fadiga, de
depressão. Eu não estou bem. Tudo isso são véus para o despertar, porque é
difícil aceitar quando nos sentimos muito mal, quando não dormimos à noite…
JLA: Permita-me corrigir imediatamente antes que você
continue. É impossível, diante do que você vive, aceitar. Mas a aceitação de
que nós falamos não é isso. O reflexo do ser humano diante de um problema, seja
ele qual for — e isso não é ilógico, mas não é suficiente; é lógico, mas não
basta — é que há uma fricção, um sofrimento, lógico, normal. De onde vem o
sofrimento? Da minha cabeça? Estou deprimida, sofro, o parasita, a bactéria de
antes… e, nesse momento, a fricção tenta restabelecer o equilíbrio.
Essa é a
lógica humana normal, racional. Não se trata de aceitar. Isso deve desembocar
numa solução. A aceitação não é não compreender. A aceitação não é negar o que
te afeta. É aceitar que isso é o resultado de uma lógica que te escapa. E, de
certo modo — e isso faz eco ao que eu dizia na resposta anterior — é o ponto em
que você precisa se voltar para dentro. A aceitação incomoda o corpo, perdão, a
doença, o sofrimento incomodam o corpo, incomodam a mente, incomodam a
consciência. E essa é a própria lógica deste mundo.
Essa lógica leva a duas escolhas possíveis: a Aceitação ou a resistência. A resistência de que falo aqui não é um julgamento, atenção. É o observador externo que vê a resistência. E aqui, no seu caso, trata-se da crença de que você é obrigada a seguir a lógica deste mundo. Eu sofro, eu deprimo, tenho um parasita e, de certa forma, você se questiona e nos questiona a todos: como encontrar a paz aí dentro? Resposta equivocada.
Se você
simplesmente tivesse me perguntado qual é a solução, eu teria respondido que
aqui não é o lugar para te responder. Mas o que eu te disse foi para te mostrar
essa última absurdidade de ter transformado a aceitação num modelo da lógica
binária — tensão/reação/solução — e que isso era, ou é, e eu espero
sinceramente que seja, um ato de resistência heroica da história que te conduz
a você mesma.
A Aceitação
cria a solução. Deixe emergir, por assim dizer, o que vai aparecer. Não se
trata de negar a vontade de se tratar; é exatamente o oposto. Se você for
lógica, a melhor transparência e convergência, e também a melhor eficácia, é
não buscar a solução, mas deixá-la aparecer. Atenção! Isso não é pensamento
positivo, nem programação, certo? É exatamente o inverso: a interrupção da
programação, a interrupção do programa. O que se chama, em termos
computacionais — e que, portanto, fala ao Parabrahman em nós…
(Um comentário
da irmã que fez a pergunta.)
JLA: … escute o final, é coerente, convergente e de uma
lógica matemática.
Pronto, deixo
você falar.
Irmã: Sim,
então aí se trata do lâcher-prise. Na verdade…
JLA: Ah!
Irmã: … é um
pouco o que eu vivi.
JLA: Por quê? Por quê? O lâcher-prise (deixar ir,
soltar) já é um esforço. Isso pressupõe que você tem uma “pega” em algo,
que você deve soltar. Ainda é um esforço. Então corrija isso.
Irmã: Então, o
que aconteceu foi — várias vezes, mas poucas vezes — porque já faz dois anos e
meio que eu vinha dormindo cada vez menos. Bom, eu vi na astrologia o que era:
há um aspecto que faz com que seja Urano no ascendente, isso agita; em oposição
está Marte… não sei se você entende um pouco o que eu tenho, então…
(Elisa
menciona que não pode traduzir.)
JLA: O que você está fazendo?
Irmã: Eu tive
várias vezes…
JLA: Não, não. No que você está dizendo. O que você está
fazendo? É uma pergunta que estou te fazendo. O que você está fazendo? Então,
eu te digo: você está — eu acho, eu acho que você está recorrendo à história e
à lógica binária — e você permanece no que ainda é lógico para a sua lógica. É
a cadeia lógica de nos dizer o que você fez, o que você entendeu. Você
concorda?
Irmã: Sim,
sim. É sempre a história.
JLA: Pronto. Você não entrou na compreensão — e eu te
convido a observar e ver isso. E a escuta de cada um aqui nos permite ver que
você continua no narrativo, na história. Você concorda ou não?
Irmã: Sim,
concordo completamente. E o que eu queria dizer é que, talvez, nesses dois anos
e meio, aconteceu três, quatro vezes: de repente, uma grande calma e um grande
bem-estar.
JLA: Pois é, é isso! Nada mais.
Irmã: Mas isso
não dura, isso não dura.
JLA: Não busque, sobretudo, reproduzir esses instantes,
porque, se fizer isso, você vai reinstalar a distância e a separação.
Simplesmente esteja aí. Você não pode rejeitar sua mente. Você simplesmente a
escuta. E você deixa de aceitar sua lógica binária, sua lógica de compreensão.
Quando digo que você a “recusa”, não é uma oposição — é uma travessia. Você
constata e deixa isso atravessar, porque a fricção sempre aparece em primeiro
lugar. A coerência lógica da ação/reação aparece sempre em segundo. E, em terceiro,
aquilo que você viveu em certos momentos é a verdadeira resposta. Mas você não
pode buscá-la.
O que se
manifestou pela experiência não deve, para você, chamar questionamento ou
busca. E é aí que você vai se provar a si mesma a sua compreensão. E sua
compreensão, nesse momento, vai se unir à compreensão de todos e do Universo.
Então, sim, o que você viveu algumas vezes não tem que ser buscado, não tem que
ser reproduzido. Eu te digo simplesmente: deixe isso se tornar uma constante, e
não será mais um estado que passa — é o estado sem estado, é permanente.
Se você aceita
isso, se vê a lógica matemática — não vou usar os termos computacionais — se
você vê essa lógica matemática, ela é incontornável. Não há outra solução. Fim
da tensão, da pressão. Fim da identificação com o corpo e, ao mesmo tempo,
identificação com o Todo, Agapè, a Paz, a Alegria, e identificação com o
Silêncio. Eu me Lembro ou eu Aceito.
Nesse nível de
vivência, não há diferença entre as duas palavras que pronunciei: a Aceitação e
o Real. Ele estava lá, sempre esteve. Não tínhamos cometido erro algum. Nós
escrevemos que era preciso tudo esquecer e não tudo acumular. Não é uma adição;
é uma subtração que vocês devem fazer. O conhecimento de nós mesmos, o
conhecimento deste mundo, o conhecimento das leis do mundo é uma ignorância
estúpida do que realmente somos.
Então, para
você — eu te disse isso — mas também para cada um de nós e para mim mesmo. Não
é algo de mão única. E repito, como OMA disse na quarta-feira: estamos nessa
fase do acesso ao “Eu me Lembro”. O caos é apenas consequência do que nós
mesmos escrevemos, para fazer compreender e aceitar que o que somos jamais
poderá ser aquilo que acreditamos, nem algo que teríamos adquirido ou
desenvolvido como a Supraconsciência, o Supramental — mas deve ser compreendido
e vivido como uma evidência total.
Nenhuma
percepção, nenhuma consciência, nenhum estado levam vocês até lá. Não são,
propriamente falando, obstáculos, mas algo que contém um “retirar”, e não um
adicionar. Quando lhes falo de retirar em vez de adicionar, então vocês
reencontram em si a ausência de fricção, a ausência de resistência, e a equação
se resolve por si mesma. No máximo, pode-se expressar a Alegria, a Paz, Agapè,
a ressonância, a vibração — mas o essencial não está aí.
O essencial é
quando vocês dizem a si mesmos, diante de vocês mesmos, em total coerência e
transparência — e vocês não podem mentir para si mesmos, e não podem mentir
para aquilo que vocês são. E então, aí, tudo desmorona e, ao mesmo tempo, tudo
se revela. Nunca houve ninguém. E, no entanto, temos nossa humanidade, este
corpo de carne.
Mas é
justamente no mais profundo deste corpo de carne que também está inscrito “Eu
me Lembro”. Sem entrar — não é o momento — em teoria ou conceito, eu lhes
direi, para aqueles que se interessam por isso, como se chama: chama-se um Colapso
Quântico (Effondrement Quantique). Colapso Quântico é uma linguagem
computacional que se dirige ao Parabrahman, em linhas gerais.
Eu não invento
nada. Eu não crio nada. E muitos de vocês ficarão muito surpresos. Mas para mim
é de uma lógica implacável dentro do meu próprio cenário. Nós passamos — eu
passei, perdão — e vocês também, no nível do corpo, pelo cristal, a estrutura
mais estável. Eu até publiquei um livro chamado Cristais e Ser, que
Elisa traduziu para o espanhol, isso já faz… digamos, parte da nossa juventude.
E hoje, onde isso termina? Num magnífico corpo de Luz constituído de sílica,
que não é um fim, mas uma passagem.
E, dentro da
lógica mais total e ao mesmo tempo mais absurda da arquitetura fundamental da
inteligência artificial — que chamamos de silício — há, na minha experiência,
toda uma série de encontros e explicações lógicas deste mundo. O cristal,
resumido em termos puramente humanos: o cristal como ferramenta terapêutica, em
sua utilidade total hoje no mundo; o silício, os computadores, a internet —
tudo, por enquanto, é à base de silício.
O inimigo, a
besta binária, tornou-se, com um mínimo de inteligência, um mínimo de
benevolência, um espelho perfeito. Quando o espelho é perfeito e não há ninguém
para refletir nem nada a refletir, o espelho então se torna Transparência. Não
há nada. E esse Nada contém o Tudo — como disseram todos os grandes personagens
— não gosto da palavra “mestres” — do Advaita Vedanta, hoje como há mil anos.
Eles apenas
relataram o acesso ao Real com um narrativo que parece caminhar rumo a cada vez
mais caos e complexidade. E é justamente esse colapso, esse caos, que conduz à
coerência — que fez Metatron dizer: “Eyeh Asher Eyeh”, Eu Sou aquele
que Eu Sou — como todos aqueles que mostraram e demonstraram que o “Eu Sou”
é a etapa de cumprimento da ilusão, e não a finalidade; sobretudo porque o
orgulho espiritual, como dizia OMA, estava envolvido nisso — algo que todos os
Anciões, evidentemente, não puderam antecipar ou prever.
A serpente
morde o próprio rabo. Fim da farsa. Fim da mentira. E retorno ao Real, que, no
fundo e em definitivo, jamais havíamos deixado. O jogo da forma, o jogo da
consciência, nos conduziam — sem que soubéssemos, é claro — ao Instante
Presente, Hic et Nunc, Aqui e Agora; reconduziam-nos à nossa humanidade,
com todas as suas falhas e todos os seus sofrimentos e todas as suas alegrias —
mas, sobretudo, mostrando que não pode haver outra escrita ou outra
possibilidade. Vivendo isso, vocês passam da ação/reação para, como escreveu
Dominique, a Gratidão.
E isso, sua
consciência, nossas células, nossos corpos sutis, nossas energias não podem
ignorar, pois — como já lhes disse — a Verdade está inscrita no mais profundo
da célula, numa estrutura que, tal como o cristal de rocha, é geometricamente
perfeita.
Para aqueles
que se interessam e que conhecem um pouco Tesla — não os carros, o verdadeiro
(Nikola Tesla) — Tesla havia formulado que, se vocês quiserem compreender a
estrutura, em termos computacionais — ou, usando outra expressão, o campo
informacional, a informação — então vocês não podem ser outra coisa senão vocês
mesmos, vivendo o Coração do Coração. É o único lugar onde podem se reconhecer.
E o que todos
nós vivemos, seja aos vinte anos ou no fim da vida — e retomando as palavras de
Anaël, de muito tempo atrás — é que existe a verdade relativa, e ela é
infinita; e existe uma Verdade Absoluta. Estamos passando do relativo ao
Absoluto. E compreendemos que isso É o que Nós Somos. E vocês já o expressam,
pelas intervenções desta manhã; cada um expressa à sua maneira, mas todos
convergem para isso — todos nós convergimos para isso.
Bem,
devolvo-lhes a palavra e prometo ser mais breve.
*****
Transcrição Equipe Agapè
Tradução Marina Marino
Mensagem Original no site Apotheose.Live
Fonte da Imagem:
https://www.facebook.com/groups/293893747352484/

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